Por Khaled Yacoub Oweis | Reuters
AMÃ (Reuters) - Forças de segurança da Síria abriram fogo contra manifestantes e mataram pelo menos 30 pessoas nesta sexta-feira, em mais um episódio na onda de protestos que varre o país desafiando a repressão militar que já matou centenas de pessoas, segundo uma ativista de direitos humanos.
Outros ativistas relataram manifestações por toda a Síria, de Banias e Latakia na costa do Mediterrâneo até a zona produtora de petróleo Deir al-Zor, no leste curdo e em Hauran, no sul, um dia depois de os EUA terem pressionado o presidente Bashar Al-Assad a fazer reformas ou renunciar.
A Síria impediu o acesso da maioria da imprensa internacional desde que os protestos começaram há dois meses, o que torna impossível a verificação independente do que dizem os ativistas e autoridades do país.
"Sem diálogo com tanques", diziam cartazes carregados por manifestantes curdos que gritavam "azadi", palavra curda para liberdade, rejeitando as promessas das autoridades de um diálogo nacional, disse uma testemunha.
Protestos começaram nos subúrbios de Damasco e no distrito de Barzeh na capital, onde duas testemunhas disseram que as forças de segurança abriram fogo contra os manifestantes e os perseguiram pelas ruas.
O Observatório Sírio pelos Direitos Humanos, que tem sede na Grã-Bretanha, disse que pelo menos 831 civis foram mortos desde o começo do levante contra o regime autocrático, iniciado na cidade de Deraa, no sul do país, nove semanas atrás. A organização disse que 10 mil pessoas foram presas, incluindo centenas na nesta sexta-feira.
Alguns manifestantes pediam por liberdade, afirmam os ativistas, enquanto outros demandavam a "queda do regime", o slogan dos levantes que retiraram do poder os líderes do Egito e da Tunísia.
A ativista de direitos humanos Razan Zaitouna disse que 12 pessoas foram mortas na cidade de Maaret al-Numan, ao sul de Aleppo, a segunda maior cidade da Síria. Tanques invadiram a cidade no início do dia para dispersar os manifestantes.
Ela disse que outras 11 pessoas foram mortas na cidade de Homs. Outras sete, acrescentou ela, foram mortas em Deraa, Latakia, no subúrbio de Damasco e em Hama, cidade na qual o pai de Assad, o falecido presidente Hafez al-Assad, enviou tropas militares para esmagar um levante islâmico armado na década de 1980.
Vídeo amador publicado por ativistas, que dizem ter sido filmado em Homs, mostra vários manifestantes correndo quando começam os tiros. Um carro da polícia estava queimando em uma rua.
O Observatório Sírio pelos Direitos Humanos disse que tem os nomes de pelo menos 21 manifestantes mortos nesta sexta-feira.
Os Estados Unidos, que condenaram a repressão como bárbara, impuseram sanções dirigidas contra Assad nesta semana, e o presidente Barack Obama disse na quinta-feira que a Síria precisa se distanciar do caminho "dos assassinatos e prisões em massa".
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