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segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Especialistas analisam crise internacional e recomendam estratégias para o Brasil

[CRE]
O Brasil precisa ficar "antenado" ao andamento da crise econômica internacional, recomendou nesta segunda-feira (15) o embaixador Marcílio Marques Moreira, ex-ministro da Economia, durante audiência pública da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE). E deve ainda, na opinião do professor Renato Flores, da Fundação Getúlio Vargas, posicionar a sua economia de forma inovadora e inteligente, para reagir a uma crise que promete ser duradoura.
As recomendações foram apresentadas durante o painel "Espaços econômicos internacionais - Nafta, União Europeia e áreas de influência da China e do Japão", promovido pela comissão como parte do ciclo de debates sobre os Rumos da Política Externa Brasileira (2011-2012).
Os desequilíbrios mundiais, como observou o ex-ministro, aprofundaram-se a partir do momento em que a China tornou-se a "fábrica do mundo" e os Estados Unidos adotaram a postura de um "supermercado global". Ele recordou que apenas a rede de supermercados Walmart comprava da China, há cinco anos, US$ 15 bilhões anuais. As dívidas dos cartões de crédito dos americanos, alertou, passaram a ser "a metáfora do consumo sem limites", que levou ao endividamento e à crise de 2008.
Em sua opinião, o Brasil precisa estar atendo ao "jogo que estamos jogando e como devemos jogá-lo". E alertou que "luzes amarelas" a respeito do Brasil já começam a ser vistas em várias partes do mundo, especialmente sobre a prioridade brasileira ao consumo, em detrimento do investimento.
- Poupamos e investimos pouco. Estamos nos condenando a ter um déficit de conta corrente. Consumir é se preocupar com o presente, investir é pensar no futuro. Estamos perdendo a visão do futuro - alertou Marcílio Marques Moreira.
No final dos anos 80, recordou Flores, havia um sentimento de euforia em relação aos movimentos de integração na economia mundial, inspirados no modelo europeu. Depois disso, ocorreram a ascensão da China e fortes turbulências econômicas. No começo da atual década, observou o professor, o modelo europeu "está ruindo" e deve haver mais flexibilidade na integração econômica, no momento em que crescem as incertezas globais.
- Estamos vivendo uma crise de todo o sistema. E a crise vai continuar. Os Estados Unidos vão lentamente afundar, enquanto a China sabe que ganha a guerra quem se posiciona melhor. Estamos entrando em uma era de caos hobbesiano. E o que temos que fazer no Brasil? Temos de nos preparar para navegar nessa situação, ter uma estratégia industrial e muito jogo de cintura - recomendou Flores.
A crescente importância da China também foi ressaltada pelo professor Edmilson de Jesus Costa Filho, da União Educacional de Brasília. Ele observou que, nesse momento de crise econômica, as atenções estão cada vez mais voltadas às decisões tomadas em Beijing.
- Ao que parece, a China é que vai salvar o mundo - disse ele.
Ao ressaltar igualmente a crescente importância da Ásia, a professora Marta dos Reis Castilho, do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, lembrou o alto grau de integração produtiva entre os países da região, em relação ao resto do mundo. A atual crise, disse ela, traz "oportunidades e ameaças" para o Brasil. O país pode, a seu ver, "ser ator de cadeias produtivas globais", mas precisa definir de que etapa vai participar. A professora defendeu o incentivo a setores com mais tecnologia e considerou "fundamental" a integração com os países vizinhos.
O presidente da comissão, senador Fernando Collor (PTB-AL), concordou com a necessidade de estímulo à inovação e citou como exemplo de sucesso, nesse caso, a Coreia do Sul, que "saiu destroçada de uma guerra e hoje detém o maior número de doutores per capita do mundo".
Segundo o senador Cristovam Buarque (PDT-DF), todos passaram a "dormir mais tranquilos" após o acordo entre os partidos políticos, no Congresso dos Estados Unidos para evitar o calote da dívida americana. Mesmo assim, ele alertou para o que chamou de "exaustão do sistema inteiro criado ainda no século 18, com a revolução industrial". Por sua vez, a senadora Ana Amélia (PP-RS) manifestou preocupação com a concentração pelo Brasil de 80% de sua importação de trigo de um só país - a Argentina. A seu ver, tamanha concentração poderia vir a trazer insegurança para o Brasil.
Agência Senado

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