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segunda-feira, 29 de agosto de 2011

EUA pediram ajuda ao Brasil para impedir entrada da Palestina na OMS


Um telegrama diplomático da embaixada brasileira em Washington para o Itamaraty relata uma pressão dos Estados Unidos para que o Brasil votasse contra a adesão da OLP (Organização para a Libertação Palestina) à OMS (Organização Mundial da Saúde) em 1990. 

O Ministério das relações Exteriores tornou público este e diversos outros telegramas diplomáticos que podem ser encontrados na internet no site Folha Transparência. Este telegrama é achado pelo número 77. 

O despacho, assinado pelo então embaixador Marcílio Marques Moreira, relata que o governo norte-americano  fez um apelo para que o Brasil contribuísse para que postulação da Palestina para ingressar na OMS fosse "adiada indefinidamente", por meio de resolução. O pedido foi passado a funcionários da embaixada em uma visita a Jane Becker, então integrante da secretaria de interesses de organismos internacionais dos EUA. 

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Segundo o embaixador, a funcionária disse aos colegas brasileiros de que os EUA eram contra  a adesão da OLP para qualquer organismo internacional. E também advertiu que os EUA se veriam obrigados a suspender contribuições financeiras de qualquer órgão internacional que aceitasse a Palestina na condição de estado não-membro ou mesmo soberano. O que ocorreria com a OMS em caso de uma eventual adesão palestina. 

O pedido seria votado em seis dias (10 de maio de 1990) e a funcionária dos EUA pediu um sinal claro de apoio do Brasil: votando contra a adesão palestina, e não simplesmente se abster. 

Becker afirmou que o fim do financiamento norte-americano à OMS não seria desejável, já que os norte-americanos participavam de vários projetos com a associação. Esse corte, lembrou Becker, afetaria inclusive sua contribuição à OPAS (Organização Pan-Americana de Saúde, organização integrada às Nações Unidas), em que um terço do orçamento era proveniente  da OMS. 

Becker teria dito que os EUA "não se opõe a assistência às populações palestinas", mas a questão não deveria se misturar ao reconhecimento da OLP. 

O adiamento indefinido da entrada palestina, segundo Becker, faria com que a OMS voltasse a se concentrar em questões mais urgentes, argumentou a funcionária. 

Os representantes da embaixada brasileira teriam se limitado a dizer que passariam o recado à embaixada. 

Ao fim do telegrama, Moreira lembra que, no mesmo dia em que enviava a mensagem ao Itamaraty (4 de maio de 1990), o então presidente norte-americano George Bush destinou sete milhões de dólares em ajuda aos refugiados palestinos. Para Marcílio, esse poderia ser um "gesto" do governo norte-americano para demonstrar "objetividade e imparcialidade" na questão palestina, e mostrar que o país não se opunha à assistência aos palestinos. 

A resolução da 43ª Assembleia da OMS não cancelou o pedido indefinidamente, como era vontade dos EUA, decidindo dar prosseguimento aos estudos do pedido. A Palestina não é membro pleno da OMS até hoje. Entretanto, em 2000, obteve o status de observador. 

Fonte: Opera Mundi

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