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quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Dinheiro para Educação é mais verba pro lixão.


Alunos trancados numa caixa explosiva não é decadente? Violência? 
Relato de uma professora paulista



Que bom que não tenho educação porque assim não sou programado a obedecer. 
Sufocado, coordenado, dirigido, aflito assim eu vivia como professor nas escolas estaduais . 

Durante muito temo eu tentei ser, criar idéias, filosofia e amor nas escolas da rede estadual paulista, porém a cada ano que passava mais em me machucava... As escolas tinham diretor, coordenador, puxa-sacos, e uma infinidade de gente querendo mandar... Quantos ditames tínhamos que seguir? 

Projetos do governo, maluquices dos diretores, idealismos baratos dos supervisores, sem falar nas reformas inócuas que todo ano o Estado propunha. 

Enlouquecida, bom como a maioria dos professores vive, eu passei a não acreditar em mais nada, tudo para mim era piada ? cadernetas, papeletas, avaliações, sala dos professores, e toda essa gama de gente que esperava Godot na escola. 
A HIPOCRISIA 

A falsidade, a ironia eram quase entidades que se manifestavam todos os dias nas escolas. 

Os diretores pareciam bruxas nazistas, sempre dispostas a chamar Deus e o mundo de incompetentes. Só elas ou eles, os diretores, é que eram os verdadeiros baluartes de certeza e moralidade (acredite se quiser). Os alunos pareciam frangos numa granja, aliás não seria a escola um criadouro de frangos? Obedientes? 

Eram em excesso os alunos, 35, 40 e até 50 por classe (infinito), os adolescentes, na maioria das vezes, estavam descontentes, mas não canalizavam suas revoltas, apenas aplicavam sua demência contra os professores e o patrimônio. Bom, para muitos alunos fechados, vigiados com câmeras, sem nenhuma liberdade de expressão, só restava aos mesmos estressar-se entre si e com a escola=gaiola. 
Eles tinham razão!! 

Todos os dias ouvíamos sobre o valor da educação e que devia-se investir mais e mais em educação, mesmo se ninguém suportava mais tudo isso. Discutir com os alunos as reformas do governo, jamais isso era proibido, o que podíamos é apenas acatar as reformas mirabolantes dos diversos partidos que passaram pelo governo Dava arrepio quando terminava o ano letivo e nós professores inscritos nas diretorias de ensino ou delegacias (delegacia é mais conveniente para o atual estágio em que se encontra as relações humanas na educação), tínhamos que ir lá pegar as aulas para o ano seguinte. Aquilo era uma verdadeira feira de mentiras e egos, uns choravam, outros protestavam, outros saiam de licença, era um momento sarcástico, deplorável que essas corujas de supervisores de ensino nos propunha. (nunca mudou!) 

E eu presa nesse esquema podre e depressivo que o estado referendava. Jesus, eu via o meu fim a cada dia, perseguições ideológicas, políticas, processos, acusações, ou seja, só se dava bem, nas escolas estaduais de Sampa quem delegava e obedecia ou calava-se. EXPRESSÃO ERA HERESIA! Não sabia se eu estava numa aprendizagem ou num campo de concentração nazista. Não queria estar mais lá, mas tinha que ganhar... continuei e assim achei um aliado, os chamados antidepressivos da casta psiquiátrica!! 
Dopava-me e ia atentar sobreviver, aliás é o que a maioria dos professores faziam para sobreviver, sempre tomando uma droguinha psiquiátrica. Só assim? 

Um dia, cansada de guerra, de não poder ser, se expressar, filosofar resolveu fazer uma revolução. Foi na escola, lá chamei os alunos para um protesto geral contra os desmandos desta corja chamada: diretores, professores, coordenadores e alunos puxa-sacos, Muitos alunos que não puxavam o saco para conseguir benefícios aderiram o protesto, aliás não era só eu que estava esgotado da educação, muitos de nós uns mil subimos num palco, que havia na escola e gritamos FORA NAZISTAS!!! FORA EDUCAÇÃO PARA O TRABALHO, para a obediência, para o heterocentrismo e para introjeção de regras gramaticais e matemáticas cretinizantes. É claro, o protesto foi uma manifestação de repúdio a atual podridão irremediável em que se encontra a educação. Pelo amor de Deus, não reivindiquem mais dinheiro para educação, isso só faz que se gaste mais dinheiro público para domesticar e transformar nossos jovens em robôs manipulados pelo sistema. 
Bom o desfecho de tudo isso foi a guilhotina para mim, ou melhor, tentaram me processar, alegando que eu teria ferido o estatuto da criança, no sentido de fazê-los violentos... 
Consegui ser mais violento e eficaz no processo de destruição da imaginação e criatividade dos alunos?? Será eu mais violento que diretores, pais, professores, coordenadores que matam a liberdade de ser de cada um dos alunos? 
Alunos trancados numa caixa explosiva não é decadente? Violência? 

Professores vendidos por cremes, e calcinhas vendidos na sala dos professores são mais libertários e educadores do que eu? 

Desencarnei da vida escolar e assim depois de bruxas, monstros e condenações, segui pelo mundo sem eira nem beira e sem dinheiro, porém mais feliz, mais carinhoso e longe da depressão... Agora posso filosofar, escrever e ser singularmente eu mesmo. Ser o poeta que sou, o filósofo que sou, e ser o mutante e explosivo de sempre!!! 

Ainda bem que sobrevivi!! E através da arte (expressão pura em si) vou vivendo meus dias. Deus, muito obrigado.

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