Relatório interagencial defende que a malnutrição aumentou 8% em África entre 2007 e 2008; estima-se que 925 milhões de pessoas passavam fome no mundo no ano passado.
Medidas devem garantir segurança alimentar a longo prazo
Agências da ONU envolvidas no combate à fome consideram provável que os preços alimentares continuem a aumentar durante a próxima década.
O relatório anual “O Estado da Insegurança Alimentar no Mundo 2011″, lançado esta segunda-feira, em Roma, recomenda que sejam tomadas medidas para garantir a segurança alimentar a longo prazo.
África
De acordo com o documento, pequenos países produtores – dependentes da importação de alimentos, particularmente em África, – são especialmente vulneráveis à pobreza e à insegurança alimentar. A malnutrição no continente, afectado pela crise financeira, teve um aumento de 8% entre 2007 e 2008.
O relatório resulta da parceria entre a Organização da ONU para Agricultura e Alimentação, FAO, o Fundo Internacional para o Desenvolvimento da Agricultura, Fida, e o Programa Mundial da Alimentação, PMA.
Corno de África
As agências consideram que crises alimentares, como a actual no Corno de África, são desafios aos esforços para alcançar os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, ODMs. O conjunto de metas visa reduzir a proporção de famintos pela metade até 2015.
De acordo com o informe, mesmo que os ODMs sejam alcançados, até 2015, cerca de 600 milhões de pessoas nos países em desenvolvimento ainda estariam desnutridas.
Progressos
Entretanto, o documento fala de progressos na redução de malnutridos na América Latina, ao baixar em 32% desde 1990. O Brasil, ao reduzir a taxa de malnutridos em 45%, figura entre as nações à beira de alcançar o ODM relacionado à redução da fome.
Investimento
O relatório salienta que o investimento na agricultura continua essencial para a segurança alimentar sustentável a longo prazo e apela para que sejam direccionados recursos para uma irrigação rentável.
O documento recomenda ainda que haja esforços para a melhoria da utilização da terra e que as sementes sejam melhor desenvolvidas através de pesquisas agrícolas.
De acordo com a FAO, em 2010 estima-se que 925 milhões de pessoas passavam fome no mundo em comparação a 850 milhões no período entre 2006 e 2008.
Não há estimativas para 2011, devido à actual revisão da metodologia utilizada pela agência para calcular a prevalência da fome.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.
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