O Brasil fez por merecer: ganhou hoje o Fóssil do Dia, prêmio "ao contrário" dado diariamente pelas ONGs ambientalistas aos países que atrapalham as negociações na Conferência do Clima (COP17), que acontece em Durban. Isso porque hoje o Ministério do Meio Ambiente (MMA), via reportagem no jornal "O Estado de S.Paulo", soltou um cálculo estapafúrdio: que a recuperação do passivo florestal previsto no novo Código Florestal seria suficiente para cumprir inúmeras vezes o compromisso assumido pelo país em corte de emissões de gases-estufa.
A fala não faz sentido nem dentro da discussão do Código Florestal nem nas negociações sobre mudanças climáticas. O Brasil tem o compromisso de cortar emissões futuras, ou seja, evitar que mais gases-estufa caiam na atmosfera. O que se planta para recuperar passivo não entra nesta conta.
Em outubro, o Greenpeace se reuniu com o secretário de Mudanças Climáticas do MMA, Eduardo Assad – quem assina a conta publicada no jornal. Na ocasião, ele demonstrou preocupação em relação ao projeto do novo Código Florestal, em vias de ser votado no Senado. Assad chegou a admitir que o texto em discussão poderia atrapalhar e mudar, para pior, os rumos da política ambiental brasileira. Agora causa estranheza a posição do secretário e do próprio ministério, uma vez que desde então nada significativo mudou no projeto.
"Manobras como essa não ajudam a resolver questões que deveriam ser primordiais para o governo, como a responsabilidade do país no controle das mudanças climáticas e a preservação de suas florestas", afirma Marcio Astrini, da campanha Amazônia do Greenpeace. "O Brasil, quando assumiu seu compromisso de redução de gases-estufa em 2009, deu um exemplo para o mundo. Esperamos o mesmo do atual governo."
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