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segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

OPINIÃO: QUADRO PREOCUPANTE DA EDUCAÇÃO

''Dados colididos por pesquisadores do movimento Todos Pela Educação demonstram que há, sim, que continuar fazendo um esforço para colocar todas as crianças e adolescentes na escola'', diz artigo


Fonte: Estado de Minas (MG)

* Professor da UFMG e coordenador do projeto Pensar a Educação, pensar o Brasil 1822/2022


Notícias publicadas quarta-feira (Gerais, 8/2/2012) no Estado de Minas sobre a Educaçãono Brasil são desconcertantes e preocupantes para todos nós que militamos por uma Educação pública de qualidade no Brasil.
Por um lado, informam que há um contingente expressivo de crianças e adolescentes fora da Escola, e isso justamente quando os governos da União, estados e municípios teimam em afirmar o contrário e informar continuamente que “já há Escola para todos”.
De outra parte, em outro caderno, o jornal traz, também, matéria muito interessante sobre os gastos das famílias com Educação nos dois últimos anos. Eles reafirmam o que outras pesquisam já demonstraram: nossas camadas trabalhadoras e médias gastam muito com Educação, além, é claro, do que já pagam por meio de impostos pelos serviços públicos, entre eles a Educação.


Os dados colididos por pesquisadores do insuspeito Movimento Todos pela Educaçãodemonstram que há, sim, que continuar fazendo um esforço para colocar todas as nossas crianças e adolescentes na Escola. A publicação desses dados é importante para tornar patente uma realidade que é vivida no cotidiano por muitas famílias: a falta de vagas nas Escolas públicas.
Isso é importante, inclusive, para analisarmos os passos muitas vezes dados em falso pelos governos da federação e de muitos entes federados, que insistem em investir em factoides. Alguém aí sabe qual é a proposta pedagógica sob o manto do projeto de dar um tablet para cada professor? E quanto a propostas que contrariam os estudiosos da área, como a lei que torna obrigatória a Educação a partir dos quatro anos de idade?


Não bastasse a falta de Escola, as notícias trazidas pelo EM nos mostraram uma outra realidade não menos preocupante: o fato de que as famílias trabalhadoras, tão logo podem, retiram seus filhos da Escola pública e os colocam na Escola privada. Isso significa que, infelizmente, essas famílias, estão seguindo o caminho trilhado pelas classes médias nas últimas décadas. Ou seja, estão abrindo mão do direito à Educação pública, mesmo que isto lhes custe muito dinheiro. 


É evidente que, do ponto de vista de cada família isoladamente, nada mais justo e positivo que buscar uma Escola melhor para seus filhos. Aliás, esse fato demonstra, contra o que muito se diz, inclusive na mídia, o quanto as famílias se preocupam com a Educação de seus filhos.
No entanto, do ponto de vista coletivo ou político-cultural de um projeto de nação, o fato de as camadas médias e, agora, as camadas trabalhadoras com maiorEscolaridade e melhores salários estarem saindo da Escola pública é um desastre. 
Ao abrir mão do direito à Educação pública, ao abandonar a luta por uma Escola pública de qualidade, esses grupos não apenas estão gastando recursos financeiros que poderiam suportar o usufruto de outros bens culturais – como livros, teatros, cinemas, viagens etc. –, mas também estão relegando a um segundo plano uma das dimensões fundantes das democracias modernas: o direito de todos os cidadãos a uma mesma Educação pública de qualidade.
Contra esse fato, de nada valem as pirotecnias oficiais no campo da Educaçãoe, muito menos, a passividade do conjunto da sociedade brasileira.

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