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segunda-feira, 26 de março de 2012

Entidades expressam seu posicionamento contra Belo Monte e contra a discussão de condicionantes/mitigações


NÃO ÀS MIGALHAS, MENTIRAS E ILUSÕES DA NORTE ENERGIA E DO GOVERNO FEDERAL
Primeiro capturaram, violentaram e escravizaram os índios da Amazônia. Após um século de heróica resistência, o destino da maioria foi trabalhar como escravo das elites portuguesas e de seus representantes. Felizmente, a força espiritual de guerreiros e guerreiras manteve viva a esperança por liberdade, e dignidade.
Logo começaram a explorar, quase exaurindo, nossas castanheiras, nossas seringueiras, nossas riquezas vegetais, nossa floresta enfim. Latifúndio, capim, gado, trabalho escravo, pistoleiro, fazendeiro, madeireiro, grileiro, agronegócio, assassinatos, são palavras que expressam essa triste situação.
Depois começaram a violar o solo. Imensos buracos foram feitos para extrair riquezas minerais. Miséria, pobreza, prostituição, destruição, violência contra os povos do campo e da cidade, contra a mãe-terra, transformou-se na dura realidade amazônica.
Os senhores do “desenvolvimento”, donos do mundo, agora exigem a força de nossos rios. Grandes paredões de concreto matam as águas que antes levavam vida. Tucuruí, Curuá-una, Balbina, Samuel, Estreito, Teles Pires, Madeira, Tapajós, Marabá, Santa Izabel, etc. Belo Monte é um símbolo.
Os movimentos articulados em torno da luta contra as barragens na Amazônia sempre entenderam que o Brasil não precisa do sacrifício deste povo, e desta região. Quem exige este sacrifico são as grandes indústrias, empresas eletro-intensivas, mineradoras, empreiteiras, algumas delas figurando como as campeãs quando se fala de desrespeito aos direitos humanos e ambientais no planeta. Empresas cujos donos figuram sorridentes nas listas dos maiores bilionários do mundo.
Somos organizações que nos últimos anos têm se empenhado arduamente a mostrar a sociedade o quão desastroso será para os povos da região a construção da barragem de Belo Monte, no rio Xingu. Os malefícios trazidos por essa obra hoje já se fazem sentir na cidade de Altamira.
Muito se tem feito nesses anos, atos e ocupações em Belém, seminários e ocupações em Altamira. Denúncias a juízes que, nos últimos tempos, tomam decisões políticas contra os interesses dos povos da Amazônia. Todas as instâncias legais possíveis já foram acionadas. Em todas temos saído vitoriosos, mas o governo prossegue com sua sanha voraz de servir às corporações e destruir o Xingu.
Em todos os momentos reafirmamos que esta obra é o fim deste rio, é a consolidação da espoliação de um povo. Expropriação tão grande quanto aquela realizada pelos colonizadores, cinco séculos atrás. A diferença é que agora tudo pode ser assistido pela TV, ou pela Internet.
Os recursos públicos destinados para essa obra deveriam ser aplicados em moradias populares, saúde e educação, e não para agredir a natureza e os povos originários e tradicionais da Amazônia.
É por tudo isso que bradamos enfaticamente, SOMOS CONTRA A CONSTRUÇÃO DA USINA HIDRELÉTRICA DE BELO MONTE. Coerentemente com essa posição afirmamos, NÃO NEGOCIAMOS CONDICIONANTES OU MITIGAÇÃO.
Chamamos, neste manifesto, as organizações sérias e combativas a não aceitarem as migalhas, mentiras e ilusões do Governo Federal e da Norte Energia. A não aceitarem discutir condicionantes ou mitigação, pois essa é a estratégia para enfiar Belo Monte “goela abaixo” dos povos do Xingu. Armadilha traiçoeira para cooptar organizações que, de fato, já estão derrotadas.
Organizar, resistir, lutar. Estas devem ser nossas palavras de ordem. A força e a sabedoria dos povos indígenas, ribeirinhos, pescadores, quilombolas, estudantes, trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade, devem ser o nosso alimento. Barrar Belo Monte deve ser a nossa obstinação.
Belém, 15 de março de 2012
Assinam este manifesto:
- Associação Indígena Tembé de Santa Maria do Pará (AITESAMPA)
- Comissão Pastora da Terra (CPT/PA)
- Comitê Dorothy
- Companhia Papo Show
- Juntos! Coletivo de Juventude
- Central Sindical e Popular CONLUTAS
- Diretório Central dos Estudantes da UFPA
- Associação Paraense de Apoio às Comunidades Carentes (APACC)
- Diretório Central dos Estudantes da UNAMA
- Instituto Universidade Popular (UNIPOP)
- Fórum de Mulheres da Amazônia Paraense (FMAP)
- Fundação Tocaia (FunTocaia)
- Conselho Indigenista Missionário Regional Norte II (CIMI)
- Fórum da Amazônia Oriental (FAOR)
- TÔ! Coletivo – Coletivo de Juventude
- Fórum Social Pan-amazônico (FSPA)
- Associação dos Empregados do Banco da Amazônia (AEBA)
- Instituto Amazônia Solidária e Sustentável (IAMAS)
- Movimento de Mulheres do Campo e da Cidade do Estado do Pará (MMCC-PA)
- Movimento Luta de Classes (MLC)
- Associação Sindical Unidos Pra Lutar
- Mana-Maní Círculo Aberto de Comunicação, Educação e Cultura
- Movimento Hip-Hop da Floresta (MHF/NRP)
- Partido Socialismo e Liberdade (PSOL)
- Instituto Amazônico de Planejamento, Gestão Urbana e Ambiental (IAGUA)
- Diretório Central dos Estudantes da UEPA
- Partido Comunista Revolucionário (PCR)
- Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SDDH)
- Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público Federal do Pará (SINTSEP/PA)
- Movimento Estudantil Vamos à Luta
- Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES-SN)
- Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados (PSTU)
- Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Gestão Ambiental do Estado do Pará (SINDIAMBIENTAL)
- Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários de Ananindeua e Marituba (SINTRAM)
- Vegetarianos em Movimento (VEM)
- Assembléia Nacional dos Estudantes Livre (ANEL)
- Associação dos Concursados do Pará (ASCONPA)
- Pastorais Sociais Ampliadas da Diocese de Marabá
- Associação Indígena Te Mempapytarkate Akrãtikatêjê da Montanha
- Movimento Xingu Vivo Para Sempre
- Movimento de Mulheres Trabalhadoras de Altamira Campo e Cidade
- Movimento Negro da Transamazônica e Xingu,
- Movimento de Mulheres Campo e Cidade Regional Transamazônica e Xingu
- Mutirão Pela Cidadania
- Sindicato dos Trabalhadores na Construção Civil de Belém e Ananindeua
- Partido Comunista Brasileiro (PCB)
- Fórum Nacional da Sociedade Civil nos Comitês de Bacias Hidrográficas (FONASC-CBH)

- Entidades do GT Combate ao Racismo Ambiental:
AATR – Associação de Advogados de Trabalhadores Rurais no Estado da Bahia – Salvador – BA
Amigos da Terra Brasil – Porto Alegre – RS
ANAÍ – Salvador – BA
Associação Aritaguá – Ilhéus – BA
Associação de Moradores de Porto das Caixas (vítimas do derramamento de óleo da Ferrovia Centro Atlântica) – Itaboraí – RJ
Associação Socioambiental Verdemar – Cachoeira – BA
CEDEFES (Centro de Documentação Eloy Ferreira da Silva) – Belo Horizonte – MG
Central Única das Favelas (CUFA-CEARÁ) – Fortaleza – CE
Centro de Estudos e Defesa do Negro do Pará (CEDENPA) – Belém – PA
Coordenação Nacional de Juventude Negra – Recife – PE
CEPEDES (Centro de Estudos e Pesquisas para o Desenvolvimento do Extremo Sul da Bahia) – Eunápolis – BA
CPP (Conselho Pastoral dos Pescadores) Nacional
CPP BA – Salvador – BA
CPP CE – Fortaleza – CE
CPP Nordeste – Recife (PE, AL, SE, PB, RN)
CPP Norte (Paz e Bem) – Belém – PA
CPP Juazeiro – BA
CRIOLA – Rio de Janeiro – RJ
EKOS – Instituto para a Justiça e a Equidade – São Luís – MA
Fase Amazônia – Belém – PA
Fase Nacional (Núcleo Brasil Sustentável) – Rio de Janeiro – RJ
FDA (Frente em Defesa da Amazônia) – Santarém – PA
FIOCRUZ – RJ
Fórum Carajás – São Luís – MA
Fórum de Defesa da Zona Costeira do Ceará – Fortaleza – CE
FUNAGUAS – Terezina – PI
GELEDÉS – Instituto da Mulher Negra – São Paulo – SP
GPEA (Grupo Pesquisador em Educação Ambiental da UFMT) – Cuiabá – MT
Grupo de Pesquisa Historicidade do Estado e do Direito: interações sociedade e meio ambiente, da UFBA – Salvador – BA
GT Observatório e GT Água e Meio Ambiente do Fórum da Amazônia Oriental (FAOR) – Belém – PA
IARA – Rio de Janeiro – RJ
Ibase – Rio de Janeiro – RJ
INESC – Brasília – DF
Instituto Búzios – Salvador – BA
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense – IF Fluminense – Macaé – RJ
Instituto Terramar – Fortaleza – CE
Justiça Global – Rio de Janeiro – RJ
Movimento Cultura de Rua (MCR) – Fortaleza – CE
Movimento Inter-Religioso (MIR/Iser) – Rio de Janeiro – RJ
Movimento Popular de Saúde de Santo Amaro da Purificação (MOPS) – Santo Amaro da Purificação – BA
Movimento Wangari Maathai – Salvador – BA
NINJA – Núcleo de Investigações em Justiça Ambiental (Universidade Federal de São João del-Rei) – São João del-Rei – MG
Núcleo TRAMAS (Trabalho Meio Ambiente e Saúde para Sustentabilidade/UFC) – Fortaleza – CE
Observatório Ambiental Alberto Ribeiro Lamego – Macaé – RJ
Omolaiyè (Sociedade de Estudos Étnicos, Políticos, Sociais e Culturais) – Aracajú – SE
ONG.GDASI – Grupo de Defesa Ambiental e Social de Itacuruçá – Mangaratiba – RJ
Opção Brasil – São Paulo – SP
Oriashé Sociedade Brasileira de Cultura e Arte Negra – São Paulo – SP
Projeto Recriar – Ouro Preto – MG
Rede Axé Dudu – Cuiabá – MT
Rede Matogrossense de Educação Ambiental – Cuiabá – MT
RENAP Ceará – Fortaleza – CE
Sociedade de Melhoramentos do São Manoel – São Manoel – SP
Terra de Direitos – Paulo Afonso – BA
TOXISPHERA – Associação de Saúde Ambiental – PR

* Manifesto enviado por Dion Monteiro para EcoDebate

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