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sábado, 24 de março de 2012

Mais de 30 indígenas são atacados por doença desconhecida em Feijó no Acre

“É uma situação de penúria e total abandono. A população indígena acreana está sendo dizimada por doenças oportunistas e pelo abandono."

Silvânia Pinheiro, da Agência ContilNet
Feijó - Depois das sucessivas mortes de crianças indígenas nas aldeias do município de Santa Rosa do Purus por rotavírus, a tribo Huni Kui, do rio Envira, em Feijó, está sendo afetada por uma grave enfermidade que já atingiu 34 índios, na comunidade Boca do Grota.

Oito índios deram entrada no Hospital Geral de Feijó na noite desta quarta-feira, 22, com sintomas de diarréia e febre alta, alguns em estado gravíssimo, com risco de ir à óbito.

A vítima do vírus desconhecido chegou a noite no hospital junto com o presidente da Federação do Povo Huni Kui do Acre (Fephac), Ninawá Huni Kui/Fotos: Wania Pinheiro
A vítima do vírus desconhecido chegou a noite no hospital junto com o presidente da Federação do Povo Huni Kui do Acre (Fephac), Ninawá Huni Kui/Fotos: Wania Pinheiro
O presidente da Federação do Povo Huni Kui do Acre (Fephac), Ninawá Huni Kui, esteve na aldeia com os doentes, e telefonou para Feijó apelando por ajuda para resgatar os indígenas em estado mais grave.

Uma equipe de sete médicos do Instituto Evandro Chagas também esteve nas aldeias, além de médicos da Secretaria Municipal de Feijó, que foram enviados pelo prefeito Dindim Pinheiro ao local para atender o pedido de resgate das vítimas.

As informações dos indígenas são de que no local não existe sequer soro fisiológico ou qualquer paliativo contra febre.

“É uma situação de penúria e total abandono. A população indígena acreana está sendo dizimada por doenças oportunistas e pelo abandono “, disse Ninawá.

O indígena em situação mais crítica está internado no Hospital Geral de Feijó
O indígena em situação mais crítica está internado no Hospital Geral de Feijó
O chefe do Distrito Especial de Saúde Indígena (DSEI), do Juruá, José Francisco Armando está ausente de Feijó, e o chefe do Pólo de Atendimento, Mário Kaxinawá está em Rio Branco.

A Secretaria de Saúde Indígena (Sesai) também não levou representantes às aldeias e foi necessário acionar a chefe de Assistência a Saúde Indígena em Brasília, Ivânia Marques, que disse não entender o porquê da falta de apoio do órgão aos indígenas.

Desesperados, líderes do Movimento Indígena Unificicado (MIU) telefonaram para secretária estadual de Saúde, Suely Melo, que solicitou uma ação enérgica para transportar os índios, o auxílio de médicos e técnicos do Instituto Evandro Chagas e atendimento imediato aos pacientes.

O representante da Fundação Nacional do Índio (Funai) no município, Carlos Brandão, disse que a situação da saúde indígena é grave na região e que muitas mortes ocorreram e podem continuar acontecendo caso não sejam tomadas providências imediatas sobre o caso.

Marcos Mota, médico do Instituto Evandro Chagas
Marcos Mota, médico do Instituto Evandro Chagas
“Situação é grave”, dizem médicos que atenderam indígenas
O médico do Instituto Evandro Chagas, Marcos Mota, disse a reportagem da Agência ContilNet que a situação dos indígenas afetados é grave, mas que somente será confirmada a doença após a realização de exames médicos, sendo necessário ainda realizar uma pesquisa na região para detectar a causa do problema.

O médico de plantão no hospital de Feijó na noite desta quarta-feira, Rosvaldo de Aguiar, o Dr. Baba, admitiu que a saúde indígena no município é crítica e enfatizou que as doenças que atingem os índios são muitas, incluindo pneumonias, desnutrição crônica, rotavírus, gripes virais, entre outras.

Baba questiona a falta de assistência a saúde e diz que a maioria dos responsáveis pelos povos indígenas não têm compromisso com seus povos e não há o mínimo de atendimento nas comunidades, que chegam a ficarem distantes dois dias de barco da cidade.

Informações do enfermeiro Cícero Frankalino, que trabalha há vários anos na saúde pública estadual, dão conta de que o mesmo problema ocorreu no ano de 2005 atingindo dezenas de índios da região.

Suely Melo presta apoio, mas Pólo e DSEI negligenciam vítimas
Negligenciados pelos chefes do DSEI, Sesai e pelo Pólo do Juruá, responsáveis pela saúde indígena no Estado, as lideranças da Fephac telefonaram para secretária estadual de Saúde, Suely Melo, pedindo ajuda para salvar a vida dos índios afetados por febre alta e diarréia nas aldeias.


Do aeroporto de Brasília, Suely solicitou o envio de um médico para atender os pacientes e mobilizou a equipe do hospital de Feijó para amenizar os sintomas das vítimas.


“Nós tivemos muitas perdas, mas as vidas que estamos conseguindo poupar tem o apoio da secretária de Saúde, Suely Melo. Acontece que a causa desse problema é muito mais complexa e grave do que a sociedade imagina”, disse Ninawá Huni Kui.

Oito índios foram levados para o hospital com sintomas de febre, diarréia e vômito
Oito índios foram levados para o hospital com sintomas de febre, diarréia e vômito


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