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segunda-feira, 4 de junho de 2012

CPMI fecha cerco contra governador de Goiás


Com o depoimento de Marconi Perillo (PSDB) marcado para o dia 12, parlamentares buscam mais subsídios para interrogá-lo. Nesta terça, serão inquiridos os envolvidos na venda da casa do governador. Requerimento pede também a convocação de radialista que trabalhou para Perillo na campanha de 2010 e foi pago via empresa laranja de Cachoeira. Em situação mais cômoda, governador do DF depõe na quarta (13).

Brasília - Com os depoimentos dos governadores de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e do Distrito Federal, Agnello Queiroz (PT), já agendados para os dias 12 e 13/6, respectivamente, os parlamentares que integram a CPMI do Cachoeira vão aproveitar esta semana para buscar mais elementos que possam respaldá-los em seus questionamentos. E como a maioria está convicta de que os indícios da ligação entre Perillo e o crime organizado são bem mais contundentes do que as acusações que pesam contra Queiroz, esta terça (5) será dedicada às oitivas de quatro supostas testemunhas das relações entre o governador de Goiás e a quadrilha do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. 

Dentre os convocados está o empresário Walter Paulo de Oliveira Santiago, apontado como o proprietário da casa de luxo no condomínio Alphavile Ipês, em Goiânia, onde Cachoeira foi preso, em fevereiro, pela Polícia Federal (PF), durante a Operação Monte Carlo. A casa, até o ano passado, pertencia ao governador de Goiás, que afirma tê-la vendido ao empresário, proprietário da Faculdade Padrão, uma das beneficiárias do programa Bolsa Universitária, que concede bolsas para estudantes de baixa renda do estado. 

Entretanto, na semana passada, em depoimento à CPMI, o ex-presidente da Câmara Municipal de Goiânia, Wladimir Garcez, também preso pela PF, afirmou que foi ele quem comprou o imóvel de Perillo, valendo-se de dinheiro emprestado de Cachoeira e do ex-diretor da Delta Centro-Oeste, Cláudio Abreu. Segundo o vereador, como ele não teria conseguido pagar a dívida, de R$ 1,4 milhão, a casa foi repassada a Walter Paulo. Na declaração de bens e rendimentos de Perillo, consta que a casa foi vendida por R$ 417 mil. 

Também foi convocada a diretora da Faculdade Padrão, Sejana Martins, que foi sócia da empresa Mestra Administração e Participações. A empresa consta no Cartório de Registro de Imóveis como a real proprietária da casa no Alphaville. Walter Paulo nunca foi sócio da empresa e Sejana deixou a sociedade dois dias após a aquisição da casa. Outro convocado é Écio Antônio Ribeiro, o único sócio remanescente da Mestra. 

A quarta e última depoente é a ex-chefe de gabinete do governador, Eliane Gonçalves Pinheiro. Gravações da PF feitas com autorização judicial indicam que ela mantinha contato com Carlinhos Cachoeira, repassando informações aos aliados do contraventor sobre as operações da polícia para cercar a quadrilha. As gravações mostram, por exemplo, que foi Eliane quem avisou o prefeito de Águas Lindas de Goiás, Geraldo Messias, de que a PF faria uma busca na residência dele. O prefeito, aliado de Perillo, não foi encontrado no local.

O deputado Dr. Rosinha (PT-PR), autor da maioria dos requerimentos que embasam as convocações desta terça, reforça que as oitivas são essenciais para que os parlamentares possam estar bem preparados para enfrentar o governador de Goiás, na próxima semana. “Já há bastantes subsídios para que o relator possa fazer questionamentos a estas pessoas”, afirma. 

Entretanto, ele acredita que, ainda assim, a convocação de Perillo foi precipitada, já que as gravações da PF apontam para o envolvimento de outros setores do governo de Goiás com a quadrilha de Cachoeira. 

Para o deputado, a pressão da mídia convencional para que a CPMI mantenha um ritmo acelerado de trabalhos é prejudicial às investigações. “O ideal seria que nós analisássemos, primeiro, todos os documentos. Há indícios de que não apenas a chefia de gabinete do Perillo esteja envolvida, mas também o Detran, a Secretaria de Obras e a Secretaria de Fazenda”, acrescenta. 

Dr. Rosinha avalia que a convocação ainda mais prematura do governador do DF também é fruto desta pressão, que obedece a critérios políticos. “Há fortes indícios de que o chefe de gabinete, Claudio Monteiro, usava a máquina pública para favorecer o esquema de Cachoeira. Mas não há, pelo menos por enquanto, o comprometimento do governador Agnello”, esclarece. 

Dívidas de campanha
O senador Pedro Taques (PDT-MT) contribui com o cerco contra Perillo ao apresentar, nesta segunda (4), requerimento pedindo a convocação do jornalista Luiz Carlos Bordoni, que trabalhou na campanha do governador.

Segundo informou o jornalista à imprensa de Goiás, parte do seu pagamento foi feito no dia 14/4/2011, por meio de transferência bancária de uma das empresas fantasmas da quadrilha de Cachoeira, a Alberto & Pantoja Construções, para a conta de sua filha, Bruna Bordoni, que havia sido nomeada para trabalhar no gabinete do senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO). 

Questionado por Taques durante seu depoimento na Comissão de Ética do Senado, Demóstenes confirmou que Bruna fora nomeada para seu gabinete, mas disse que a funcionária acabou sendo exonerada, por ter ser considerada inapta nos exames médicos. Demóstenes também negou que tenha recebido dinheiro da quadrilha de Cachoeira por meio de depósito em contas de seus funcionários. 




Fotos: Agência Senado 

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