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sexta-feira, 22 de junho de 2012

Mudança climática coloca pessoas em situações de risco, diz Alto Comissário da ONU para Refugiados


Rio de Janeiro, 21 de junho de 2012 (ACNUR) - Novo relatório do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) feito com base em dezenas de depoimentos pessoais de refugiados na África Oriental indica que as mudanças climáticas podem tornar as pessoas ainda mais vulneráveis, forçando-as a se deslocar para áreas de conflito em busca de refúgio, até mesmo fora das fronteiras de seus países de origem.

O relatório Mudanças climáticas, vulnerabilidade e Mobilidade Humana (Climate Change, Vulnerability and Human Mobility: Perspectives of Refugees from the East and Horn of Africa, em inglês) foi apresentado
hoje pelo Alto Comissário da ONU para os Refugiados, António Guterres, durante a Conferência da ONU para o Desenvolvimento Sustentável (Rio+20). O trabalho foi publicado pelo ACNUR e pela Universidade das Nações Unidas, com o apoio da London School of Economics (Reino Unido) e da Universidade de Bonn (Alemanha).

"O estudo confirma o que temos ouvido dos refugiados há anos. Apesar de fazerem tudo para ficar em casa, eles não têm outra opção a não ser se deslocar quando as colheitas não vingam e o gado morre. E o deslocamento muitas vezes leva-os a situações ainda mais perigosas", disse Guterres.

O trabalho teve como base entrevistas feitas em 2011 com cerca de 150 refugiados e deslocados internos na Etiópia e Uganda. Foram propostas questões para se compreender em que medida as alterações climáticas contribuem para que estas pessoas deixem suas casas e, eventualmente, seus países. A maioria dos entrevistados era formada por pequenos agricultores e fazendeiros da Eritréia, Somália e leste do Sudão.

“O relatório ‘Mudanças Climáticas: Vulnerabilidade e Mobilidade Humana’ destaca a importância de se compreender, por meio de histórias pessoais, o impacto dos fatores ambientais na vulnerabilidade das
pessoas", disse Konrad Osterwalder, reitor da Universidade das Nações Unidas, instituição que elaborou a metodologia da pesquisa e implementou o trabalho de campo em parceria com a Universidade de Bonn, a London School of Economics e o ACNUR.

A maioria dos refugiados afirmou que deixar sua casa foi a última opção e que seu  primeiro deslocamento foi feito para uma área vizinha e em caráter temporário. Grande parte deixou seu país somente depois da deterioração das condições de segurança nas regiões de abrigo.

Os entrevistados relataram também a combinação de violência e seca como fator importante para deixar o país de origem. O movimento de pessoas entre fronteiras como resposta direta às mudanças climáticas foi
excepcional.

Muitos refugiados descreveram padrões inconstantes de chuva na última década, causando secas prolongadas e mais severas do que em anos anteriores. Nenhum dos entrevistados citou as mudanças no clima como causadores de conflitos, embora alguns tenham relatado que a escassez de alimentos após uma grave seca exacerbou conflitos pré-existentes, perseguição e repressões.

"Estou convencido de que as alterações climáticas irão agravar as crises de deslocamento pelo mundo. É importante que haja uma convergência de esforços em escala mundial para responder a estes desafios postos", disse Guterres.

Enquanto a maioria do deslocados por condições climáticas extremas permanecem dentro de seus próprios países, as pessoas que cruzam fronteiras internacionais não estão necessariamente sob a proteção da Convenção dos Refugiados da ONU de 1951.

A Iniciativa Nansen - que deverá ser formalmente lançada em outubro de 2012 na Noruega e na Suíça, com o apoio do ACNUR e do Conselho Norueguês para Refugiados - tem o objetivo de preencher esta lacuna legal de proteção às populações deslocadas entre fronteiras em consequência de mudanças ambientais e eventos climáticos extremos.

O relatório Climate Change, Vulnerability and Human Mobility: Perspectives of Refugees from the East and Horn of Africa está disponível em www.ehs.unu.edu/file/download/9951.pdf

UNIC Rio

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