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quinta-feira, 28 de junho de 2012

“Recebi dinheiro sujo”, diz radialista que trabalhou para Marconi



Em depoimento à CPI mista do Cachoeira, ontem, o radialista Luiz Carlos Bordoni chamou de mentiroso o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB). Ao explicar sua participação na campanha eleitoral do governador, em 2010, Bordoni disse ter recebido “dinheiro sujo por um trabalho limpo”.
O dinheiro, segundo ele, veio de duas empresas consideradas pela Polícia Federal como integrantes do esquema de Cachoeira: Alberto & Pantoja Construções e Adécio & Rafael Construtora.  Bordoni disse que tinha o governador como “ídolo, amigo de longa data e pessoa de confiança”, mas que agora ele virou “um algoz”.
— Quem tem amigo como Marconi não precisa de inimigo. Gostaria que ele estivesse aqui para uma acareação — afirmou o radialista, que ofereceu a quebra de seu sigilo bancário, fiscal e telefônico à comissão.
O discurso inicial de Bordoni durou pouco mais de uma hora. Ao explicar sua participação na campanha eleitoral de 2010, o radialista afirmou que fez um contrato verbal com Marconi para produzir programas de rádio por R$ 120 mil, mais R$ 50 mil a título de bônus em caso de vitória. Desse total, R$ 40 mil foram pagos em dinheiro vivo pelo próprio governador, em um envelope retirado de dentro de um frigobar, outros R$ 30 mil vieram do comitê eleitoral, e R$ 10 mil foram pagos por Jayme Eduardo Rincon, então tesoureiro da campanha.
— Faltaram R$ 90 mil, que foram pagos em duas vezes: R$ 45 mil pela Alberto & Pantoja Construções e outros R$ 45 mil pela Adécio & Rafael Construtora e Terraplenagem, com depósitos feitos na conta de minha filha, Bruna, que cuida de meus negócios — explicou.
Segundo o radialista, o número da conta bancária foi passado a Lúcio Fiúza Gouthier, assessor do governador. Bordoni disse ainda que Marconi “faltou com a verdade” para a CPI ao demonstrar uma nota fiscal no valor de R$ 33.300 em nome da Art Mídia como prova de pagamento pelo trabalho.
— Se os senhores me mostrarem onde está meu nome nesse papel, eu engulo a folha — desafiou.
Senadores do PSDB procuraram desqualificar a testemunha. Alvaro Dias (PR) alegou que o radialista não tem como provar que recebeu parte do pagamento das mãos do governador e advertiu que Bordoni confessou crime contra o sistema tributário nacional ao admitir que recebeu parte do pagamento sem declarar ao fisco. Mário Couto (PA) perguntou por que o radialista não devolveu o dinheiro admitido como sujo. O senador foi advertido pelo presidente em exercício da CPI, deputado Paulo Teixeira (PT-SP), para tratar “com urbanidade” a testemunha.
Outros dois depoimentos não aconteceram. O presidente da Agência Goiana de Transportes e Obras e ex-tesoureiro da campanha de Marconi, Jayme Eduardo Rincon, pediu novo adiamento, por problemas de saúde.
Já a ex-chefe de gabinete do governador de Goiás, Eliane Gonçalves Pinheiro, ficou calada graças a um habeas corpus. 
Ameaças
Os integrantes da CPI mostraram preocupação com as ameaças sofridas pela procuradora da República Léa Batista, que atuou na operação policial que resultou na prisão de Cachoeira. Para os parlamentares, está claro que a quadrilha continua operando, daí a necessidade de manutenção da prisão preventiva de participantes do bando.
A deputada Íris de Araújo (PMDB-GO) denunciou que foi ameaçada após se pronunciar sobre a Operação Monte Carlo. Teixeira informou que vai conversar com as Mesas do Senado e Câmara e com o Judiciário e o Ministério Público para encontrar formas de proteger os envolvidos nas apurações.
Jornal do Senado

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