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segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Estudo do IPEA aponta causas da desindustrialização da economia brasileira

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) divulgou no último dia 13/09 um estudo que avalia a Desindustrialização da Economia Brasileira.

O Estudo inicia fazendo uma reflexão acerca do que estaria levando o Brasil a entrar nesse processo. "Entre
as diversas causas, destacam-se a taxa de câmbio excessivamente valorizada e a desregulamentação financeira e comercial, culminando na chamada desindustrialização prematura", avalia. Em seguida mostra que para alguns críticos do Tema a desindustrialização "é algo em larga medida inexorável, inerente ao desenvolvimento econômico e condizente com as características estruturais da economia brasileira. Neste sentido, identificam-se dados que contradizem esta hipótese, como a resiliência do emprego industrial, e argumenta-se que o processo de terceirização da mão de obra, mudanças nos preços relativos e mudanças metodológicas nas contas nacionais brasileiras, entre outros, justificam a desindustrialização“natural”".

Fazendo uma comparação com a desindustrialização verificada historicamente em países desenvolvidos este estudo avalia que "os dois indicadores mais disseminados de desindustrialização são o emprego e o valor adicionado da indústria de transformação em face do restante da economia".

Em consonância com a abordagem kaldoriana, a literatura aponta diversas causas para que o fenômeno da
desindustrialização ocorra. Estas justificativas podem ser sumarizadas em oito grandes grupos.

1) Processo de desenvolvimento econômico: mudança na composição setorial do valor adicionado e
do emprego.

2) Diferencial de produtividade: como a produtividade tende a ser maior na indústria que nos demais setores da economia, há uma rápida mudança (queda) nos preços relativos dos produtos manufaturados, fazendo com que a indústria tenha, a longo prazo, uma participação inferior no PIB àquela percebida pelos setores de mais baixa produtividade. Esta alteração nos preços relativos estimula a substituição de bens manufaturados por serviços, contribuindo ainda mais para a redução da participação da indústria (Rowthorn e Ramaswamy, 1999; Rowthorn e Coutts, 2004; Palma, 2005; Bonelli, 2005; Feijó et al., 2005; Bonelli e Pessoa, 2010).

3) Elasticidade-renda das manufaturas: a elasticidade-renda de produtos manufaturados é elevada em países
pobres e reduzida em países ricos, o que explica porque a participação da indústria no emprego e no produto aumenta nos primeiros e cai nos últimos (Rowthorn e Ramaswamy, 1999; Palma, 2005).

4) Especialização/terceirização: diversas atividades do processo fabril não são mais realizadas dentro das indústrias, mas desenvolvidas por empresas prestadoras de serviço. Portanto, parte da queda da relevância da indústria é um artefato estatístico decorrente da terceirização de atividades outrora realizadas dentro das fábricas (Rowthorn e Coutts, 2004; Palma, 2005; Bonelli, 2005).

5) Nova divisão internacional do trabalho: elevada terceirização de mão de obra para os países em desenvolvimento que, em geral, dispõem de taxas de câmbio desvalorizadas e mão de obra de baixo custo. Estes fatores, que permitem um aumento da exportação de produtos produzidos nos países em desenvolvimento para os países industrializados, são nocivos ao emprego industrial nestes últimos (Palma, 2005; Bonelli, 2005).

6) Investimento: o investimento em máquinas e instalações é típico do setor industrial. Assim, altas (reduzidas) taxas de investimento aumentarão (reduzirão) a participação de produtos manufaturados na demanda total e, portanto, aumentarão (reduzirão) a participação da indústria no emprego e produto totais.

7) Mudança na orientação da política econômica: as políticas de liberalização comercial e de desregulamentação financeira, preconizadas pelo chamado Consenso de Washington, fizeram com que o setor manufatureiro de alguns países se reduzisse prematuramente. Argumenta-se que muitas dessas indústrias estavam em seu estágio inicial de desenvolvimento – indústria infante – e poderiam ter se desenvolvido à luz das vantagens comparativas dinâmicas caso tais políticas não tivessem sido adotadas. Ademais, alguns setores ineficientes poderiam se tornar paulatinamente eficientes se o processo de abertura comercial tivesse sido adotado de maneira seletiva e gradual1 (Dasgupta e Singh, 2006; Shafaeddin, 2005). Vale destacar ainda que Palma (2005) denomina a doença holandesa latino-americana como um processo de desindustrialização descendente, pois foram induzidas pela política macroeconômica. Bresser-Pereira (2008) entende que a raiz deste problema é a estratégia de crescimento com poupança externa que contempla, entre outros, aspectos do referido consenso.

8) Doença holandesa (dutch disease): forte aumento das exportações de produtos primários ou serviços.

confira o estudo na íntegra aqui

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