"Merkel vai-te embora", proclama-se em Atenas - Blog A CRÍTICA

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terça-feira, 9 de outubro de 2012

"Merkel vai-te embora", proclama-se em Atenas


"Merkel raus", "Merkel vai-te embora", lê-se e ouve-se nas ruas de Atenas a poucas horas da chegada da chanceler alemã e apesar das interdições levantadas pela polícia grega contra concentrações no centro da cidade. Segundo a polícia, trata-se de "preservar a paz".
"Merkel raus", proclama-se em Atenas
Foto: (Orestis Panegiotou/EFE). Atenas, noite de segunda-feira
"Merkel raus", "Merkel vai-te embora", lê-se e ouve-se nas ruas de Atenas a poucas horas da chegada da chanceler alemã e apesar das interdições levantadas pela polícia grega contra concentrações no centro da cidade. Segundo a polícia, trata-se de "preservar a paz".
Milhares de gregos estão já nas ruas da capital com o intuito de fazer ouvir à chefe do governo alemão o que pensam da austeridade e da crueldade por ela dirigida contra o povo grego com a cumplicidade das instituições europeias e o colaboracionismo do "bloco central" governamental, dos socialistas à direita.
A polícia grega divulgou ao fim da tarde de segunda-feira uma lista com dezenas de ruas e eixos viários com elas relacionadas nos quais serão proibidos "ajuntamentos ao ar livre" entre as nove da manhã e as dez da noite. As restrições abrangem via circulares nos limites da cidade, incluindo parte da via rápida de ligação ao aeroporto. As estações de metro centrais de Syntagma (que serve o Parlamento), Panepistimio, Katechaki, Ampelokipoi e Megaro estarão encerradas durante o dia.
Merkel chegará às 13 e 30, será recebida no aeroporto pelo primeiro ministro Antonio Samaras e acolhida com uma cerimónia de homenagem. O programa inclui reuniões com os sectores conservadores de direita, públicos e privados, incluindo primeiro ministro, presidente da República e Câmara de Comércio Greco-Alemã.
Governo grego decreta lock-out no centro de Atenas para esconder Merkel do povo
Texto com a colaboração de Marisa Matias, em Atenas
Desde sábado, as ruas da cidade estão repletas de polícia. Será a primeira visita da chefe do governo de Berlim a Atenas. Um dos seus porta-vozes disse que Merkel irá testemunhar pessoalmente o seu apoio ao governo de bloco central chefiado pelo direitista Samaras "Queremos ajudar a Grécia a estabilizar-se dentro da Zona Euro", acrescentou.
Sabendo que a relação entre o povo grego e a senhora Merkel traduz os sentimentos do oprimido perante o opressor, o governo de "bloco central" chefiado pelo direitista Samaras e dirigido pela troika ordenou que o centro de Atenas seja completamente encerrado na terça-feira para tentar impedir os protestos e atentar assim contra o direito de manifestação. O conteúdo provocatório da própria visita é agora reforçado com o encerramento de parte da capital grega para que aquela que funciona como chefe do regime de protetorado imposto ao país possa avistar-se com os que cumprem as suas ordens. O dispositivo policial é impressionante na capital grega mas, apesar da intimidação os gregos continuam dispostos a descer mais uma vez às ruas e dizer o que pensam sobre a chanceler alemã
Outra "novidade" de que muito se fala atualmente na capital grega é a famosa lista de cerca de duas mil pessoas que fugiram aos impostos, colocando o seu dinheiro em paraísos fiscais, sobretudo na Suíça. Lagarde, a presidente do FMI, passou a lista a Venizelos, presidente do Pasok, quando este era ministro das finanças já em 2012. Venizelos nada fez e levou consigo a lista quando deixou o governo. Agora que foi revelada a sua existência. Primeiro, o presidente dos socialistas disse que a tinha perdido, depois veio a versão de que esta lhe tinha sido entregue numa 'pen' e não sabia dela, afinal depois era em papel e ele não sabia dos papéis. Em suma, tentou escondê-la e nada fazer. Consta que na lista há pessoas que não podem vir a público. Lagarde voltou a afirmar que a lista foi entregue. E assim vai continuando a novela sem que a lista apareça. Desde o início deste novo episódio, na passada quarta-feira, já vários dirigentes do Pasok se demitiram. Há quem fale em machadada final no partido que chamou a troika.

Há ainda o vídeo a circular que mostra um deputado da Aurora Dourada (partido neonazi) a empurrar uma senhora de mais de 70 anos de idade que estava numa fila para pedir comida. A razão invocada para agredir a referida senhora foi que ela não era "totalmente grega". Disse-lhe ainda para ir pedir comida ao "comunista Tsipras" que ele talvez lhe desse lagosta...

Entretanto a Grécia viverá em 2013 o seu sexto ano consecutivo de recessão e as próximas medidas de austeridade somarão 13500 milhões de euros e não os 11500 anteriormente previstos, de acordo com o projeto de orçamento apresentado segunda-feira no Parlamento.

Num país onde, a exemplo dos restantes sob tutela da troika, as previsões orçamentais nunca se confirmaram na prática, o orçamento preparado pelo governo e pela troika antes de apresentado ao Parlamento prevê uma contração do PIB de quatro por cento em 2013 precisamente o ano que, segundo as estimativas e promessas anteriores de governo e prestamistas, deveria ser o primeiro de uma nova era de crescimento económico. A Grécia, governada agora pelo bloco central, está submetida a uma recessão superior a seis por cento este ano.

O orçamento prevê que os próximos cortes de despesas deverão atingir 13500 milhões de euros e não 11500 como anteriormente previsto, valor este que suscitou uma onda de manifestações e um dia de greve geral. A aprovação destes cortes é uma premissa para que a Grécia receba um próxima tranche de 31500 euros do empréstimo de 130 mil milhões acordado na Primavera deste ano.

A apresentação do orçamento no Parlamento foi antecedida de uma reunião entre o governo e a troika e também de uma outra entre o primeiro ministro Samaras e a poderosa associação dos armadores, onde se congregam as maiores fortunas do país e cujos titulares são conhecidos pelas isenções e fugas aos impostos. Samaras terá pedido "ajuda" aos armadores.

Uma fonte do Ministério das Finanças citada pelas agências internacionais informou que sete mil milhões de euros, cerca de metade, dos próximos cortes incidirão sobre novamente sobre as reformas, sobre os salários de algumas categorias da administração pública – juízes, professores universitários, polícias e bombeiros - e obtidos através do despedimento de mais 15 mil trabalhadores da administração pública através do sistema de "reforma antecipada". As receitas fiscais, que têm ficado sempre muito abaixo das previsões, deverão ser de três mil milhões de euros em dois anos. O orçamento da educação foi drasticamente reduzido, outra vez, desta vez cortaram-se os transportes escolares e o aquecimento das escolas para o inverno.

"O pacote é muito doloroso, mas não há nada a fazer", limitou-se a declarar o ministro adjunto das Finanças, Christos Staikouras. Cidadãos ouvidos pelas agências internacionais em entrevistas de rua lembraram que em 2009 o governo prometeu "que sairíamos do túnel em 2013 e agora os nossos salários de 1300-1400 euros caíram para 900 e a recessão vai continuar".

Os sindicatos organizam já novas formas de luta para responder ao orçamento; o sindicato do grupo público de eletricidade DEI decretou segunda-feira uma greve de 48 horas no sector, que pode ser prorrogável.

Notícia publicada no site do grupo parlamentar europeu do Bloco de Esquerda

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