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domingo, 2 de dezembro de 2012

o agronegócio é a opção econômica que o governo adotou para o campo



A seca no Nordeste deste ano apenas confirma a opção das elites dirigentes do Brasil pelo agronegócio em contraste com o abandono do pequeno produtor rural. A área do polígono das secas está com sua agricultura familiar falida, primeiro sofreu com o analfabetismo proporcionado por aqueles que queriam manipulá-los e agora é a expulsão para as cidades.

                            
Atlas do IBGE revela situação da agricultura camponesa
O processo que está a acontecer é o de afastar o pequeno produtor do campo  e entregar as áreas produtivas ao agronegócio. A grande produção monocultora mecanizada voltada para a exportação é a meninas dos olhos da agroburguesia nacional.

Este ano o IBGE lançou  o Atlas do Espaço Rural Brasileiro. A publicação integra dados do Censo Agropecuário 2006 e das pesquisas populacionais, sociais, econômicas e ambientais do Instituto, com o objetivo de retratar a complexa realidade territorial do campo brasileiro.

O estudo mostra que dos proprietários rurais que administravam diretamente 3,9 milhões de estabelecimentos agropecuários, 39% eram analfabetos ou sabiam ler e escrever sem terem frequentado a escola e 43% não tinham completado o ensino fundamental. As mulheres, que respondiam por cerca de 13% dos estabelecimentos agropecuários, tinham a maior taxa de analfabetismo (45,7%), contra 38,1% dos homens.

Veja que o pequeno produtor rural não tem a instrução adequada é uma população esquecida pelo governo.

Em entrevista ao site do MST José Juliano De Carvalho Filho, professor da Faculdade de Economia e Administração (FEA) da USP e membro da Associação Brasileira da Reforma Agrária (ABRA) disse o seguinte.

"Essa população não existe para o estado, e quando existe, as políticas para ela são de baixa qualidade. É só ver a distância que as crianças assentadas precisam percorrer para chegar à escola. Além disso, os professores recebem salários baixos, e dão aulas a muitos alunos. Para os pobres do campo, a política é pouco efetiva".

“Tudo isso ocorre porque o agronegócio é a opção econômica que o governo adotou para o campo”. 


veja a entrevista completa


as monoculturas, aliadas com a modernização do campo, acabam com boa parte do emprego rural, que costuma ser degradante para o trabalhador. Agora emprega-se apenas pessoas capacitadas para atividades industriais, como operação de máquinas, ao passo que os mais pobres perdem seu emprego braçal. Em áreas onde a soja entra, como no norte do país, há uma expulsão das populações tradicionais, e quando se expulsa uma população, obviamente não se gera emprego para ela.    

A publicação também destaca que a agropecuária é uma das atividades humanas que causam maior impacto sobre o ambiente natural. Dos seis biomas encontrados no território nacional, o que mais sofre pressão dessa atividade é o pampa, com 71% da sua área ocupada com estabelecimentos agropecuários, seguido pelos biomas pantanal (69%), mata atlântica (66%) e cerrado (59%). Ainda sobre o meio ambiente, mapas mostram as bacias hidrográficas do país – que concentra 53% da água doce do continente – e sua relação com os estabelecimentos rurais. Embora o país conte com mais de 29 mil km de rios navegáveis, o transporte de cargas ainda depende primariamente de rodovias (70%).


A única saída para o pequeno produtor rural é deixar o campo. De fato o campo do polígono das secas está com os dias contados, a população remanescente está na faixa etária que supera os 50 anos a nova geração já migrou para as cidades e não há como retornar já que não há como desenvolver projetos de produção devido a falta de políticas públicas para o campo. Não existe preocupação nas elites dirigentes em saber que a cada seca o homem do campo perde sua safra seu rebanho é até bom por que há o abandono.

O agronegócio é uma nova forma de concentrar a terra, só que diversamente do latifúndio que exclui o pequeno produtor exatamente pela sua alta produtividade.


Segundo FERNANDES, “o agronegócio é o novo nome do modelo de desenvolvimento econômico da agropecuária capitalista. É uma construção ideológica para tentar mudar a imagem latifundista da agricultura capitalista. É uma tentativa de ocultar o caráter concentrador, predador, expropriatório e excludente para dar relevância somente ao caráter produtivista, destacando o aumento da produção, da riqueza e das novas tecnologias.” O agronegócio mudou o enfoque dos problemas gerados pelo latifúndio. Enquanto “o latifúndio efetua a exclusão pela improdutividade, o agronegócio promove a exclusão pela intensa produtividade. Ampliou o controle sobre o território e as relações sociais, agudizando as injustiças sociais... Outra construção ideológica do agronegócio é convencer a todos de que é responsável pela totalidade da produção agropecuária. Toda vez que a mídia informa os resultados das safras, credita toda a produção na conta do agronegócio. É a arte da supremacia. Estrategicamente, o agronegócio se apropria de todos os resultados da produção agrícola e da pecuária com se fosse o único produtor do país”. (FERNANDES, Bernardo Mançano. A Formação do MST no Brasil. Petrópolis, Editora Vozes, 2000.).

Dois exemplos da concentração da produção rural pelo agronegócio dentro do polígono das secas é o Vale do Açu no Rio Grande do Norte e a fruticultura irrigada em Petrolina no estado de Pernambuco. 

Confira artigos sobre o tema:

Agronegócio: a modernização conservadora que gera exclusão pela produtividade

Vale do Açu


COM MOVIMENTO CAMPONÊS POPULAR

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