O Presidente egípcio, Mohamed Morsi, promulgou esta quarta-feira a nova Constituição, aprovada em referendo por 63,8 por cento dos egípcios, um sufrágio cuja taxa de participação foi apenas de 33 por cento.
Os Estados Unidos, que enviam anualmente para o exército egípcio cerca de 1,3 mil milhões de dólares (cerca de 930 milhões de euros), pediram a Morsi que tente aproximar posições com a oposição, maioritariamente laica.
A câmara alta do parlamento egípcio, dominada pelos islamitas, reuniu-se também esta quarta-feira para dar posse aos 90 nomes apontados por Morsi, esperando-se que aprove a lei que vai permitir realizar eleições para a câmara baixa.
A coligação opositora Frente de Salvação Nacional anunciou que vai candidatar-se à câmara baixa, que ao abrigo da nova Constituição tem poderes e competências para limitar a ação do Presidente. Khaled Dawoud, porta-voz da coligação, disse que as forças opositoras reunidas na Frente vão "trabalhar juntas para entrar na eleição" e vão contestar legalmente o referendo por considerarem que a votação foi fraudulenta.
Os apoiantes da Frente de Salvação Nacional têm-se manifestado, desde o final de novembro, contra a Constituição, tendo-se registado confrontos violentos com apoiantes do Presidente Morsi.
A comissão nacional eleitoral anunciou na terça-feira à noite que 64 por cento dos eleitores que participaram nas duas voltas do referendo - a 15 e 22 de dezembro - apoiaram a nova lei fundamental. Segundo a comissão, a taxa de participação foi de 33 por cento.
Cristãos e liberais boicotaram o processo constitucional em protesto por disposições que consideram que enfraquecem os direitos humanos, especialmente os das mulheres, e abrem caminho a uma aplicação fundamentalista da lei islâmica.
Os Estados Unidos, que enviam anualmente para o exército egípcio cerca de 1,3 mil milhões de dólares (cerca de 930 milhões de euros), pediram a Morsi que tente aproximar posições com a oposição, maioritariamente laica.
A economia egípcia encontra-se bastante enfraquecida, devido também à crise política que atravessa o país desde a revolução em 2010. O diário estatal Al-Ahram escreveu esta manhã que há "medo nas ruas egípcias" e a Standard & Poor's baixou a notação do Egito para "B-".
Um empréstimo do Fundo Monetário Internacional de 4,8 mil milhões de dólares (3,6 mil milhões de euros), previsto para ainda este mês ou janeiro, não deverá ser desbloqueado antes de o novo parlamento tomar posse, em março.
A instabilidade social no Egito também limita a margem do Presidente para aplicar medidas de austeridade exigidas pelo FMI, como o aumento dos impostos e o corte de subsídios.
Esquerda.net
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