Seridó, região do estado do Rio Grande
do Norte, até fins da década de 1980 grande centro produtor de algodão; algodão
que fez a riqueza de latifundiários em contraste com a miséria da população
camponesa, hoje o campo desta região encontra-se despovoado.
Númerosaqui:
Reforma agrária:
A fuga do homem do Campo seridoense
para as cidades inicia-se ainda na década de 1960, primeiro com as migrações
para a região Sudeste e mais tarde para as próprias cidades do interior do Rio
Grande do Norte. Para o Sudeste o êxodo era causa da seca, já o atual abandono
se deu em virtude do fim da atividade econômica principal na região, o algodão.
Observando a zona rural do Município de
Caicó-RN pode-se encontrar ainda alguns poucos resistentes que em sua maior
parte sobrevivem com a transformação da caatinga em carvão vegetal, além da
criação de gado, que com a seca de 2012 volta a ser dizimada, mas o fato é que
o campo desta região já não existe mais, sítios inteiros sem nenhum morador,
casas abandonadas em contraste com o crescimento das cidades.
Houve uma passagem, entre a segunda metade do século XX e início do XXI, daquela sociedade rural, da figura do sertanejo descrito por Euclides da Cunha em "Os Sertões", sertanejo que vivia sob o jugo dos coroneis e da Igreja Católica, trabalhador rural analfabeto, o que contribuiu para fomentar o preconceito por parte dos sulistas. Nessa sociedade o algodão era o principal motor que mantinha o homem no campo, só que essa permanência não era nenhum paraíso, como fora descrito acima era uma condição de ignorância para o trabalhador sertanejo, além da concentração da terra.
Com o fim do ciclo do algodão e com melhores condições de enfrentar a seca mas cidades há a transferência da população da zona rural para a zona urbana, o ciclo se completa em fins da década de 1990. Hoje essa figura do sertanejo está na mesma condição do Dom Quixote que pensava viver na já superada Idade Média, temos uma sociedade urbana, que modificou seus costumes tradicionais, engolida pela globalização difundida pelos meios de comunicação. Digo isso, não para dizer que a nova sociedade seja superior à tradição do sertanejo e do Nordeste Rural, mas para situar a análise dentro do contexto real, e o contexto real nosso é de uma sociedade que transformou seus costumes, se urbanizou e deixou seu campo abandonado
Houve uma passagem, entre a segunda metade do século XX e início do XXI, daquela sociedade rural, da figura do sertanejo descrito por Euclides da Cunha em "Os Sertões", sertanejo que vivia sob o jugo dos coroneis e da Igreja Católica, trabalhador rural analfabeto, o que contribuiu para fomentar o preconceito por parte dos sulistas. Nessa sociedade o algodão era o principal motor que mantinha o homem no campo, só que essa permanência não era nenhum paraíso, como fora descrito acima era uma condição de ignorância para o trabalhador sertanejo, além da concentração da terra.
Com o fim do ciclo do algodão e com melhores condições de enfrentar a seca mas cidades há a transferência da população da zona rural para a zona urbana, o ciclo se completa em fins da década de 1990. Hoje essa figura do sertanejo está na mesma condição do Dom Quixote que pensava viver na já superada Idade Média, temos uma sociedade urbana, que modificou seus costumes tradicionais, engolida pela globalização difundida pelos meios de comunicação. Digo isso, não para dizer que a nova sociedade seja superior à tradição do sertanejo e do Nordeste Rural, mas para situar a análise dentro do contexto real, e o contexto real nosso é de uma sociedade que transformou seus costumes, se urbanizou e deixou seu campo abandonado
De acordo com o IBGE em 1950 a
população rural do Rio Grande do Norte equivalia a 73,78% do total da
população do estado, hoje equivale a apenas 22,19%. Já a população urbana
na década de 1950 equivalia a 26,22% e hoje soma 77,81% do tal da
população do Rio Grande do Norte.
As cidades cresceram, mas não houve o
mesmo crescimento no campo social, educação precária, condições de saúde
pública difícil o que influenciou a escalada da violência e até mesmo levou a
uma depravação da cultura, como na música, surgiram as chamadas "bandas de
forró" que é o exemplo fiem da falta de condições educacionais.
De acordo com dados do Mapa da
violência 2012 o Rio Grande do Norte registra hoje uma taxa de homicídios
de 22,9% para cada 100 mil habitantes e ocupa a 19º posição entre os
estados mais violentos, em 200 o estado registrava apenas 9 homicídios para
cada 100 mil habitantes. O que vemos é uma explosão da urbanização e de
globalização sem a substituição da ética cristã que influenciava a população
campesina, claro e influenciava também sua miséria, pela ética social da
educação.
Com relação a Caicó, já na década de
1970 a cidade tinha a população urbana maior do que a rural, correspondia
a 66,88% contra 33,12% vivendo no Campo, hoje apenas 8,37% dos
caicoenses vivem no Campo o que deixa claras minhas observações feitas, o campo
do município está despovoado e entregue ao latifúndio improdutivo. Em
municípios menores da região, como Florânia, no ano de 1970, 77,61% da
população vivia no Campo, hoje apenas 23,46%.
Quando se considera a Região Nordeste,
em 1970 a População Rural correspondia a 58,18% do tal contra 41,82% vivendo no Campo; Hoje 73,135% dos
nordestinos vivem nas cidades. Em 2010 registrou 18.073 homicídios o dobro
do ano 2000.
Númerosaqui:
Reforma agrária:
Se no Brasil a reforma agrária está
agonizando, com um modelo falido de distribuição de lotes de terras, em todo o
Brasil em 2012 foram assentadas pouco mais de 21 mil famílias, o pior é
que os últimos dados do INCRA revelam que
revelam que, dos 7 milhões de assentamentos existentes no Brasil, 40% são
improdutivos aqui no Rio Grande do Norte a situação é muito pior,
com o caso do chamado projeto da morte, onde, cerca de quinhentas famílias de
agricultores que há décadas desenvolvem um revolucionário método de produção
agroecológica no sertão nordestino serão expulsas de suas terras para a
implantação de um sistema de agronegócio que beneficiará cinco grandes empresas
e contaminará toda a região conhecida como Chapada do Apodi/RN com agrotóxicos.
O Grande inimigo da socialização do campo é hoje o agronegócio, primeiro por
que ele precisa de grandes extensões para produzir e em segundo lugar por que
ele produz demais e acaba sendo uma concorrência desleal. Neste momento os
movimentos ligados à reforma agrária estão enfraquecidos, precisamos reanimar
essa luta e modificar o foco, não se pode distribuir lotes e apenas criar uma
nova classe de proprietários é preciso socializar o uso da terra nessa região
onde ela encontra-se abandonada.
Já que o campo está abandonado só falta ocorrerem as ocupações. Seriam elas
possíveis? É necessário que haja uma reorganização, na verdade uma fundação dos
movimentos sociais em defesa do bom uso da terra. O grande problema que
inviabiliza uma possível ocupação das terras abandonadas no Rio Grande do Norte
e nos demais estados nordestinos é a questão da ainda persistente escassez da
água, persistente por que é possível superá-la através das técnicas modernas,
que são inviabilizadas pelo abandono dos atuais gestores para com o campo, já
que eles estão do lado do agronegócio.
Não adiantaria fazer uma ocupação e socialização do campo, para quando houver
seca ocorrerem os mesmos problemas, só com mais barragens e com uma moderna
rede de abastecimento seria possível.
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