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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

O sombrio panorama económico e social da Europa


A queda da atividade durante o quarto trimestre de 2012 demonstra que a Europa entrou numa nova recessão e que a retoma não tem data de chegada. Por Marco Antonio Moreno
“O panorama sombrio da Europa mostra como as projeções económicas têm estado longe dos resultados da economia real. O desemprego é o tema mais profundamente esquecido e sem uma diminuição do desemprego não há qualquer recuperação à vista.” - Foto de Paulete Matos, Rossio, Dezembro de 2012
relatório sobre a economia europeia, apresentado na sexta-feira 22 de fevereiro pelo Comissário de Economia e Finanças, Olli Rehn, demonstra o total falhanço das políticas que a Europa tem assumido nos últimos dois anos. Nada tem acontecido como foi previsto pelos peritos europeus, nem em matéria de crescimento nem em matéria de emprego, e inclusive nas questões do défice e da dívida. A economia cai ainda mais devido à aplicação de políticas que negam a realidade da crise.
Não é a primeira vez que as projeções pecam por serem demasiado otimistas. Mas o tempo avança e os problemas nevrálgicos da crise ainda não são assumidos com vigor. Só desde setembro, com a varinha mágica de Mario Draghi e o seu discurso de defender o euro a todo o custo, é que o prémio de risco e os mercados bolsistas aliviaram as tensões. Mas isto também tem criado confusão por serem políticas que só adiam o momento da verdade.
As imposições do FMI também têm gerado confusão. Primeiro com a sua ideia de implantar drásticos planos de austeridade e ajustamentos orçamentais para aliviar a dívida, e depois assinalando que alguns países perderam o controle e exageraram. Esta cambalhota é um exemplo claro de como estas instituições estavam mal preparadas para enfrentar o grande tsunami da crise.
Por isso, são surpreendentes as palavras daqueles que assinalam que a crise está a ser ultrapassada e que 2013 será o ano do crescimento e da melhoria no emprego. Os dados reais dizem outra coisa e a queda da atividade durante o quarto trimestre de 2012 demonstra que a Europa entrou numa nova recessão e que a retoma não tem data de chegada.
Para a Comissão Europeia, a queda no final de 2012 foi “inesperada”, algo estranho quando é do que temos falado e sublinhado neste blogue. E o que apontámos há vários meses, em Por qué la crisis irá a peor en diez gráficas, estende-se a outros países europeus. Ninguém teve em conta a perigosa descida do investimento público e privado. A zona euro sofre de esclerose múltipla devido ao afundamento do investimento que provocou o colapso financeiro. A banca corta os empréstimos e as empresas não se arriscam a investir neste cenário de incerteza. O mesmo acontece com o investimento público.
Os investimentos continuaram a diminuir, e continuarão a cair durante 2013.
Em resumo, a Europa está atolada na decadência económica e industrial, negando-se a olhar o futuro. E os líderes europeus só parece preocuparem-se com a melhoria da competitividade pela via da redução de salários. Esse é o germe que empurra a Europa para um novo desastre. A queda dos salários na Grécia, Espanha ou Portugal não se traduziu num aumento espetacular das exportações. Pelo contrário, diminuiu o consumo potenciando com isso a espiral recessiva. O consumo também continuará em queda durante 2013. Por isso, o relatório de inverno diz isto:
“O mercado de trabalho continua a ser uma preocupação. O desemprego continuará a aumentar nos próximos trimestres. A taxa de desemprego continuará a ser inaceitavelmente alta em toda a Europa e maior ainda nos Estados membros que enfrentam importantes ajustamentos. Esta situação tem graves consequências sociais”.
Este panorama sombrio mais não faz que dar conta de como as projeções económicas têm estado longe dos resultados da economia real. E neste ponto,o desemprego é o tema mais profundamente esquecido. Sem uma diminuição do desemprego não há qualquer recuperação à vista.
Artigo de Marco Antonio Moreno, publicado em 23 de fevereiro de 2013 em El blog Salmón
Tradução de Carlos Santos para esquerda.net

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