Os prefeitos do Seridó vão a Brasília - A hora do retorno - Blog A CRÍTICA

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quinta-feira, 9 de maio de 2013

Os prefeitos do Seridó vão a Brasília - A hora do retorno

Vendo uma notícia dando conta da recepção por parte do Presidente da Câmara Federal,  o Oligarca Henrique Alves, de três prefeitos da região do Seridó no Interior do Rio Grande do Norte, essas visitas são sempre tratadas como certeza de benefícios e virtuosas atitudes dos prefeitos pelos interiores do Brasil, na verdade um ato de submissão.

Elege-se prefeito quem entra no jogo de alguma oligarquia, os chamados apoios, em seguida ao pleito fala-se logo em ir buscar o apoio da bancada, seja estadual ou federal, de forma que os municípios brasileiros são sempre tratados com desprezo por serem a camada mais baixa de um grande jogo de troca de favores.

Quando inventa-se a regime republicano o voto logo transforma-se em instrumento de domínio e manipulação, uma economia agrária, com concentração absoluta da terra que imediatamente passa a ser o instrumento de detenção do poder político, isso foi e ainda é muito claro no Rio Grande do Norte, como a terra era concentrada e a atividade agrícola concentrava muitas mãos, que por não terem terra trabalhavam para os latifundiários, e por ser desde os tempos da invasão portuguesa "um monumento à injustiça social", como disse Hobsbawn, o Brasil nunca pôde ser nem Republicano e nem democrático.

E como a fragilidade política era e ainda é sem precedentes negativos o povo tinha a velha mentalidade da relação casa-grande senzala e capela, mandonismo e gratidão com esmolas.

"A falta de espírito público, tantas vezes irrogada ao chefe político local, é desmentida, com freqüência, por seu desvelo pelo progresso do distrito ou município. É ao seu interesse e à sua instância que se devem os principais melhoramentos do lugar. A escola, a estrada, o correio, o telégrafo, a ferrovia, a igreja, o posto de saúde, o hospital, o clube, o campo de football, a linha de tiro, a luz elétrica, a rede de esgotos, a água encanada -, tudo exige o seu esforço, às vezes um penoso esforço, esforço que chega ao heroísmo. E com essas realizações de utilidade pública, algumas das quais dependem só de seu empenho e prestígio político, enquanto outras podem requerer contribuições pessoais suas e de seus amigos, é com elas que, em grande parte, o chefe municipal constrói ou conserva sua posição de liderança (Victor Nunes Leal - 1914-1918).

O município torna-se base de sustentação para interesses maiores, Henrique está na Presidência da Câmara exatamente por que conta com o apoio de "chefes" estaduais, que por sua vez contam com o apoio de "chefes" municipais (esses são os mais inúteis), os últimos pedem esmolas em Brasília e quando chega uma emenda parlamentar a inauguração é certa, discursos passam o recado direto de que se não fosse o desvelo daquela verdadeira liga a obra não existiria, como sabemos não houve esforço algum, "dependem só de seu empenho e prestígio político".

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