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terça-feira, 11 de junho de 2013

Emissões de energia atingem recorde de 31,6 gigatoneladas em 2012

Relatório da Agência Internacional de Energia mostra que a liberação de gases do efeito estufa cresceu 1,4% no último ano e aponta medidas para frear a tendência de aumento nas emissões do setor até 2020

Autor: Jéssica Lipinski   -   Fonte: Instituto CarbonoBrasil
Novos dados apresentados pela Agência Internacional de Energia (AIE) nesta segunda-feira (10) sugerem que as emissões de gases do efeito estufa (GEEs) bateram um novo recorde no último ano, chegando a 31,6 bilhões de toneladas.

Mas apesar da marca atingida, o documento indica que ainda há razões para comemorar: o aumento, de 1,4% em relação ao último ano, é o menor desde 2003, e as emissões de alguns dos maiores poluidores apresentaram quedas substanciais.

Nos Estados Unidos, por exemplo, a substituição do carvão pelo gás natural como fonte de combustível baixou as emissões do país em 200 milhões de toneladas (Mt), ou 3,8%, reduzindo-as aos níveis da metade dos anos 1990.

Na Europa, mesmo com alguns países aumentando o uso do carvão, as emissões foram reduzidas em 50 Mt, ou 1,4%, devido à recessão econômica, crescimento das renováveis e melhora na eficiência energética.
Fatih Birol, economista chefe da AIE e principal autor do relatório, colocou que o uso de gás de xisto também pode ajudar a reduzir ainda mais as emissões europeias, mas que não pode ser a única alternativa a ser adotada.

“Após 2020, se houver aumentos no uso do xisto em países da UE como Grã-Bretanha, Polônia e Alemanha e ele substituir o carvão como nos EUA, haveria uma redução maior nas emissões. [Mas] o gás de xisto não é uma panaceia. Só pode ser útil se observarmos outras tecnologias de baixo carbono também [entrando em uso generalizado]”, declarou Birol.

Na China, as emissões continuam a crescer, tendo aumentado 300 Mt, ou 3,8%, no último ano, embora essa tenha sido a menor elevação nas emissões do país na última década. A diminuição no crescimento das emissões reflete os esforços do país para adotar fontes renováveis e melhorar a eficiência energética.

“O governo chinês tem feito esforços enormes em eficiência energética, e um grande esforço em energia renovável, como a hidroeletricidade e a eólica”, observou o economista chefe da AIE.

Já no Japão, as emissões aumentaram em 70 Mt, ou, 5,8%, principalmente em função de os esforços para melhorar a eficiência energética não terem compensado o aumento no uso de combustíveis fósseis depois do abandono da energia atômica, após o acidente nuclear em Fukushima em 2011.

Esses dados vêm do relatório Redrawing the Energy Climate Map (Redesenhando o Mapa de Energia e Clima), que também recomenda a adoção de quatro medidas para conter o crescimento nas emissões do setor energético, responsável por dois terços das emissões globais de GEEs, até 2020, e conseguir manter o aquecimento em dois graus Celsius. As ações foram chamadas de ‘4-for-2ºC’.

As iniciativas são: implementar políticas específicas de eficiência energética (49% de redução nas emissões), 
limitar o uso de usinas de carvão ineficientes (21% de redução), reduzir a liberação de metano na produção de petróleo e gás natural (18% de diminuição) e acelerar a eliminação gradativa de subsídios para os combustíveis fósseis (12% de corte).

Segundo o documento, essas iniciativas não prejudicariam o crescimento econômico, e embora sua adoção deva girar em torno de US$ 1,5 trilhão, a não implementação dessas medidas custará muito mais caro: aproximadamente US$ 5 trilhões teriam que ser desembolsados para reparar os efeitos da inação climática.
“Identificamos um conjunto de medidas que poderia parar o crescimento nas emissões globais relacionadas à energia até o final dessa década sem nenhum custo econômico líquido. A adoção rápida e disseminada agiria como uma ponte para mais ação, conseguindo um tempo precioso enquanto as negociações climáticas continuam. A chance de manter a 2ºC ainda está aí, mas não é muito grande, e está se tornando extremamente desafiadora”, sustentou Birol.

O relatório também aconselha que a indústria carbonífera, em particular, adote a tecnologia de captura e armazenamento de carbono (CCS) para garantir que essa produção energética se torne mais limpa.
“Realisticamente precisamos ver o CCS penetrar dentro dos próximos dez anos – certamente o mais tardar em 2025 – ou a indústria de combustíveis fósseis será pega desprevenida”, explicou o economista chefe da AIE.

Maria van der Hoeven, diretora executiva da AIE, se mostrou menos otimista com relação às atuais negociações climáticas, mas concordou que a adoção dos quatro passos pode ajudar a retardar o avanço das emissões enquanto mais medidas não são tomadas.

“As mudanças climáticas francamente caíram para segundo plano de prioridades políticas. Mas o problema não está indo embora – muito pelo contrário”, comentou ela no lançamento do relatório.

“Esse relatório mostra que o caminho no qual estamos atualmente tem mais chances de resultar em um aumento de temperatura entre 3,6ºC e 5,3ºC, mas também indica que muito mais pode ser feito para combater as emissões do setor energético sem comprometer o crescimento econômico, uma preocupação importante para muitos governos”, acrescentou Hoeven.


Imagem: Emissões de CO2 relacionadas com o setor de energia por país / AIE

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