A beleza do consumismo: "Eu era feio agora tenho um carro" - Blog A CRÍTICA

"Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados." (Millôr Fernandes)

Últimas

Post Top Ad

terça-feira, 2 de julho de 2013

A beleza do consumismo: "Eu era feio agora tenho um carro"

"A beleza não conta com um emprego evidente; tampouco existe claramente qualquer necessidade cultural sua. Apesar disso, a civilização não pode dispensá-la" (Freud - Mal Estar na Civilização).

A década de 1990 fez uma virada no cenário musical brasileiro, deixando para trás os grandes ícones da música politizada dos anos da Ditadura Militar, coincidentemente ou não a mais bela produção da história do país, tomam o espaço uma forma completamente diversa da anterior, a música mercadoria líquida, sem arte, a música meramente vendável, saíam de cena os Chico Buarques e ingressava os Mamonas assassinas.

No Nordeste onde predominava o som inconfundível dos Trios de Forró, marcas do sertão rural, do luar, das noites de São João na Roça, sociedade que ficava para trás; entra em cena as "Bandas de Forró", é criada em 1990 em Fortaleza a Banda Mastruz com Leite que tenta manter alguma semelhança com o ritmo original, mas abre o espaço para a completa transmudação da velha música nordestina, como no resto do país liquefeita em lixo eletrônico de consumo instantâneo.

Mas essa mercadoria, não é música, nasce a partir de uma sociedade, não foi ela que desenhou o tipo de interações sociais que vemos, é um reflexo, os porões da sociedade nordestina urbana e dominada pela modernidade consumista enfrenta os grandes desafios da humanidade neste século, toda ela pela primeira vez.

“Na era da globalização, a causa e a política da humanidade compartilhada enfrentam a mais decisiva de todas as fases que já atravessamos em sua longa história” (Zygmunt Bauman – Amor Líquido)

Voltando ao início na citação de Freud sobre beleza ouço aqui e acolá nos muitos autofalantes a consumirem a mercadoria  a seguinte classificação de beleza: "Eu era feio agora tenho um carro". Nada mais simples e ao mesmo tempo grandioso para explicar esse fenômeno de alienação por parte da Indústria Cultural super consumista, Há nessa frase o direcionamento à conquista de parceiros sexuais, que dentro deste ciclo é também um consumo, "peguei 5 ontem"; e também à supervalorização de produtos como superposições sobre relações humanas, se tiver um carro terei mulheres (ou homens), se tem um carro para mim basta, a mercadoria meste último caso vale mais do que as pessoas.

Referências:
BAUMAN, Zygmunt. Amor Líquido: Sobre a fragilidade dos laços humanos. Rio de Janeiro: Zahar, 204.
Freud, Sigmund. Mal-estar na civilização.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Post Bottom Ad

Pages