Fazer a reforma política com os pés - Blog A CRÍTICA

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terça-feira, 9 de julho de 2013

Fazer a reforma política com os pés

"Na Alemanha Oriental, (os) cidadãos decidiram (de forma) desorganizada, espontânea, embora decisivamente facilitada pela decisão da Hungria de abrir suas fronteiras – de votar com seus pés e seus carros con­tra o regime, migrando para a Alemanha Ocidental. Em dois meses, 130 mil alemães orientais tinham feito isso (…), antes da que­da do Muro de Berlim. (…) Foi uma demonstração didática da máxima de Lenin de que a votação com os pés dos cidadãos podia ser mais eficaz do que a votação em eleições" (Hobsbawn).

Mergulhada no descrédito da ineficiência e sem qualquer confiança a “classe política” que usufrui do paraíso dos cargos eletivos não reúne condições de fazer qualquer tipo de reforma que contradigam seus privilégios.
              
O Sistema Eleitoral brasileiro não é mais viável, nunca o fora, mas agora torna-se insuportável, clientelista e corrupto, é totalmente vazio. É assistir a “programas eleitorais” restritos a fazer publicidades com nomes e números; Programas partidários fazendo marketing com obras da Administração Pública, há nisso tudo uma defesa inexorável à posse do poder. Por isso o ódio a “políticos” e a “partidos”, daqueles que nem são políticos e nem partidos, se Políticos e Partidos fosse o povo o povo não sentiria ódio dele mesmo.
            
Esse sistema alimenta e é alimentado por quem o criou, ele é apartado do povo. Que contradição! Partido que tem que ser o povo se põe contra o povo, acabou, não há mais viabilidade.
            
A reforma política brasileira há que ser feita com os pés, com a resistência popular integralizando política e povo, nas ruas; essa tal “classe política” apartada e cheia de super privilégios é a simulação política desprovida de política.
          
“Todos os políticos são ladrões e corruptos”, quem nunca ouviu esta frase? Ela deixa claro que a política encontra-se deslocada do seu sentido, ela estar entregue a esta “classe política”, é ao mesmo tempo uma crítica vulgar e também uma reação natural.
              
Há que se prezar pela fraternidade das ruas, não se pode deixar que as reações contra a “classe política” se torne em moralina e se queira encontrar “heróis”, caçadores de marajás, donos da moral, não é de um líder que precisamos pois líderes querem seguidores e seguidores são tornados em fanáticos, somente a crítica consciente e organizada nas ruas pode fazer as mudanças necessitadas.

“A indignação sem reflexão nem racionalidade conduz à desqualificação do outro. Impregnada de moral, a indignação não passa, com frequência, de uma máscara de cólera imoral” (Morin. P. 56)

              
A política não pode ser de uma “classe política”, tampouco pode “passar”com as eleições, ela precisa da crítica, precisa da sociedade toda.

Referência:
MORIN, Edgar. O Método 6: Ética. 3ªed. Porto Alegre. Sulina: 2007.
HOBSBAWM, Eric. Era dos extremos: o breve século XX. Trad. Marcos Santarrita. São Paulo, Companhia das Letras, 1996

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