"Na Alemanha Oriental, (os) cidadãos decidiram (de forma) desorganizada, espontânea, embora decisivamente facilitada pela decisão da Hungria de abrir suas fronteiras – de votar com seus pés e seus carros contra o regime, migrando para a Alemanha Ocidental. Em dois meses, 130 mil alemães orientais tinham feito isso (…), antes da queda do Muro de Berlim. (…) Foi uma demonstração didática da máxima de Lenin de que a votação com os pés dos cidadãos podia ser mais eficaz do que a votação em eleições" (Hobsbawn).
Mergulhada
no descrédito da ineficiência e sem qualquer confiança a “classe política” que
usufrui do paraíso dos cargos eletivos não reúne condições de fazer qualquer
tipo de reforma que contradigam seus privilégios.
O Sistema Eleitoral brasileiro
não é mais viável, nunca o fora, mas agora torna-se insuportável, clientelista
e corrupto, é totalmente vazio. É assistir a “programas eleitorais” restritos a
fazer publicidades com nomes e números; Programas partidários fazendo marketing
com obras da Administração Pública, há nisso tudo uma defesa inexorável à posse
do poder. Por isso o ódio a “políticos” e a “partidos”, daqueles que nem são políticos e nem partidos, se Políticos e Partidos fosse o povo o povo não sentiria ódio dele mesmo.
Esse sistema alimenta e é
alimentado por quem o criou, ele é apartado do povo. Que contradição! Partido
que tem que ser o povo se põe contra o povo, acabou, não há mais viabilidade.
A reforma política brasileira há
que ser feita com os pés, com a resistência popular integralizando política e
povo, nas ruas; essa tal “classe política” apartada e cheia de super
privilégios é a simulação política desprovida de política.
“Todos os políticos são ladrões e
corruptos”, quem nunca ouviu esta frase? Ela deixa claro que a política
encontra-se deslocada do seu sentido, ela estar entregue a esta “classe
política”, é ao mesmo tempo uma crítica vulgar e também uma reação natural.
Há que se prezar pela
fraternidade das ruas, não se pode deixar que as reações contra a “classe
política” se torne em moralina e se queira encontrar “heróis”, caçadores de
marajás, donos da moral, não é de um líder que precisamos pois líderes querem
seguidores e seguidores são tornados em fanáticos, somente a crítica consciente
e organizada nas ruas pode fazer as mudanças necessitadas.
“A indignação sem reflexão nem
racionalidade conduz à desqualificação do outro. Impregnada de moral, a
indignação não passa, com frequência, de uma máscara de cólera imoral” (Morin. P.
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A
política não pode ser de uma “classe política”, tampouco pode “passar”com as
eleições, ela precisa da crítica, precisa da sociedade toda.
Referência:
MORIN, Edgar. O Método 6: Ética. 3ªed. Porto Alegre. Sulina:
2007.
HOBSBAWM, Eric. Era dos extremos: o breve século XX. Trad. Marcos Santarrita. São Paulo, Companhia das Letras, 1996
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