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sexta-feira, 19 de julho de 2013

Novos estudos alertam para os impactos do degelo no avanço dos oceanos

O primeiro sugere que o nível do mar pode subir até 63 metros com o degelo total de glaciares, enquanto o segundo indica que, para cada grau de aquecimento global, o nível do mar subirá 2,3 metros. Por Jéssica Lipinski, Instituto CarbonoBrasil
Derretimento das geleiras: o nível dos oceanos pode subir cerca de 2,3 metros para cada grau Celsius de aquecimento global
Duas novas investigações publicadas nesta semana chegam para aumentar e muito as preocupações a respeito da elevação do nível do mar provocada pelas alterações climáticas e as suas possíveis implicações para ecossistemas e cidades costeiras. A primeira sugere que o nível do mar pode subir até 63 metros com o degelo total de glaciares, enquanto a segunda indica que, para cada grau de aquecimento global, o nível do mar subirá 2,3 metros.
O satélite do projeto Experimento de Clima e Recuperação de Gravidade (Gravity Recovery and Climate Experiment – GRACE) detetou que 300 mil milhões de toneladas de gelo estão a ser perdidas a cada ano das geleiras da Antártida e da Gronelândia, o que está a contribuir para a elevação do nível do mar a cada ano.
Os cientistas chegaram a essa conclusão através da monitorização de pequenas variações no campo gravitacional da Terra entre 2002 e 2010 que resultam de mudanças na distribuição de massa, incluindo o movimento do gelo para os oceanos. Usando essas mudanças na gravidade, o estado do gelo pôde ser monitorizado a intervalos mensais.
O que preocupa não é apenas que o derretimento das geleiras esteja causando um aumento no nível do mar, mas que o ritmo dessa elevação esteja a acelerar. “Comparada com os primeiros anos da missão Grace, a contribuição das geleiras para o aumento do nível do mar quase dobrou nos últimos anos”, informou Bert Wouters, principal autor do estudo, publicado no periódicoNature Geoscience.
Juntas, as geleiras da Gronelândia e da Antártida contêm cerca de 99,5% do gelo glacial da Terra, o que poderia elevar o nível do mar em cerca de 63 metros se o gelo derretesse completamente. Os estudiosos, entretanto, asseguram que esse processo deve levar muitos séculos.
Apesar da nova descoberta, ainda não há consenso entre os pesquisadores sobre a causa desse recente aumento na perda de massa das geleiras, e alertam que as medições ainda compreendem um período muito curto de tempo para previsões precisas sobre quanto gelo será perdido nas próximas décadas, e, portanto, o quão rapidamente os níveis oceânicos vão aumentar.
Tentar prever quanto as geleiras contribuirão para a elevação do nível do mar no próximo século é muito difícil, pois há uma falta de observações terrestres confiáveis e generalizadas de locais mais remotos e inacessíveis, dizem os cientistas.
“Felizmente, podemos apelar para dados de outras missões de satélite para ter uma perspetiva de longo prazo, e a nossa própria análise confirma que a taxa de perda das geleiras de facto se acelerou nos últimos 20 anos”, colocou Andrew Shepherd, da Universidade de Leeds.
Ainda assim, a descoberta ressalta a necessidade de uma monitorização contínua por satélite das geleiras, a fim de melhor identificar e prever o derretimento e o aumento do nível do mar correspondente.
Além desse primeiro estudo, um segundo também defende a tese de que as mudanças climáticas estão a contribuir para a elevação do nível do mar: de acordo com a pesquisa, o nível dos oceanos pode subir cerca de 2,3 metros para cada grau Celsius de aquecimento global dentro dos próximos dois mil anos, disse um grupo de estudiosos nesta segunda-feira (15).
O estudo aponta que, embora a expansão térmica do oceano e o derretimento das geleiras sejam os fatores mais importantes que causam as mudanças no nível do mar atualmente, as geleiras da Gronelândia e da Antártida serão os principais contribuintes dentro dos próximos dois milénios para o aumento, de acordo com as descobertas da equipe, publicadas no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences.
Metade dessa elevação no nível do mar deve vir da perda de gelo proveniente da Antártida, que atualmente contribui com menos de 10% do aumento do nível do mar, afirmaram os cientistas.
“Estamos confiantes de que a nossa estimativa é robusta por causa da combinação da física e dos dados que usamos”, observou Anders Levermann, principal autor da pesquisa e copresidente do Instituto Potsdam para Pesquisa do Impacto Climático, numa declaração.
De acordo com os estudiosos, a pesquisa é a primeira a combinar evidências do início da história climática da Terra com simulações de computador abrangentes que usam modelos físicos de todos os maiores contribuintes para a elevação do nível do mar em longo prazo.
Se a temperatura média da Terra aumentar em quatro graus Celsius comparada aos tempos pré-industriais, o que, num cenário business-as-usual, deve acontecer em menos de um século, a geleira antártica contribuirá com cerca de 50% da elevação do nível do mar nos próximos dois milénios, declarou o grupo.
A Gronelândia contribuirá com 25% do total do aumento do nível do mar, e a expansão térmica das águas oceânicas, atualmente a maior contribuinte para a elevação do nível do mar, contribuirá com cerca de 20%. A contribuição de geleiras de montanhas será reduzida para menos de 5%, principalmente porque muitas delas diminuirão, acrescentaram os pesquisadores.
“O aumento contínuo do nível do mar é algo que não podemos evitar a menos que as temperaturas globais desçam novamente. Assim, podemos estar absolutamente certos que a necessidade de nos adaptarmos é inevitável e, portanto, altamente relevante para quase tudo o que construímos nos nossos litorais, para as muitas gerações vindouras”, comentou Levermann.

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