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domingo, 4 de agosto de 2013

A iminente explosão de uma nova crise financeira

Quis-se dar a impressão de que a crise está sob controlo, com quedas nos prémios de risco, leves melhorias no emprego (efeito Verão) e aumentos de confiança. Mas tudo isto é até certo ponto enganador. Os dados relevantes como o investimento, o consumo e a produção industrial continuam a cair e ainda não tocaram no fundo. Por Marco Antonio Moreno, El Blog Salmón

O iminente aumento das taxas de juros em longo prazo e a reestruturação da dívida pública de vários países da zona euro podem desencadear uma nova crise financeira na Europa, que desta vez teria efeitos muito mais devastadores que os vividos até agora. Quis-se dar a impressão de que a crise está sob controlo, com um entusiasmo contagiante nas bolsas, quedas nos prémios de risco, leves melhorias no emprego (efeito Verão) e aumentos de confiança. Mas tudo isto é tímido e até certo ponto enganador. Os dados relevantes como o investimento, o consumo e a produção industrial continuam a cair e ainda não tocaram no fundo. Até mesmo a Alemanha passou por uma forte contradição nesta semana quando se deram a conhecer os dados do consumo. As pesquisas tinham vaticinado um forte aumento do consumo e o resultado foi que os dados reais mostraram uma estrepitosa e surpreendente queda. Uma vez mais a ficção foi asfixiada pelos factos reais. O investimento, o consumo e a produção continuam em declive.
O tema é preocupante porque a seis anos da explosão da crise não existe nenhuma opção clara de saída. Confirma-se que as milionárias injeções de dinheiro na banca não deram os resultados esperados e que os audazes planos de liquidez foram uma arma de dois gumes. Podem justamente desencadear a próxima crise (uma nova crise dentro da atual crise em curso), mal os bancos centrais começarem a retroceder, com toda a sua artilharia financeira convertida em verdadeiro ferro velho. E a própria velocidade deste movimento pode desencadear o novo tsunami. A contenção da crise por parte dos bancos centrais não injetou força à economia real, e a desconexão entre ambas esferas tornou-se manifesta. Sem um apoio eficaz da política fiscal, a política monetária é como uma carga de cavalaria sem o apoio da infantaria, isto é, um suicídio. As políticas monetárias têm tido um desdobramento de impacto, mas sem o apoio de outras políticas chegam a um ponto morto. Isto acontece porque se pretende curar o paciente com mais dose do mesmo veneno que provocou a crise. Outra metáfora que temos usado para isto é a de “apagar o incêndio com gasolina”.
No momento atual vive-se o curioso fenómeno de que tanto o Banco Central Europeu como a Reserva Federal dos Estados Unidos disputam a taxa de juros mais baixa. Isto tem provocado uma nova bolha de crédito a nível global (com empréstimos a bancos de todo mundo) que correrão sérios riscos quando a Fed começar a elevar as taxas de juros. A atual situação não é de modo algum sustentável e recorda as baixas taxas do período 2002/2003, que facilitaram a bolha subprime e a sua explosão quatro anos mais tarde. O aumento das taxas será o momento em que vários países da periferia europeia não poderão pagar e deverão ocorrer saques em massa da sua dívida. Nalguns casos a dívida será reprogramada, mas ambas situações abalarão fortemente os bancos, e desta vez não haverá governo algum em condições de praticar um resgate. As bolhas de crédito sempre entram em colapso e dão origem as grandes crises financeiras. Nunca se aprendem as lições da história. Tropeçamos uma e outra vez na mesma pedra. Deixo-vos com este interessante documentário sobre a crise de 1929, que tem muitas semelhanças à crise atual.

Tradução de Luis Leiria para o Esquerda.net

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