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sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Civilização e Homem

Desde a Antiguidade os Filósofos discutem a questão de "melhorar" a sociedade, tema direcionado, geralmente, sobre como melhor exercer Governo, proporcionar bem estar aos cidadãos e a temas  como o crime, relacionando o ser com o social.

No livro UTOPIA (Do Grego - Lugar que não existe) Thomas Morus descreveu através de personagem um país sem propriedade privada, sem trabalho forçado nem ociosidade, sem ostentação de riquezas etc; o livro é do século XVI e para descrever tal estado social o autor traz conceitos moralísticos para explicar a situação, cito, construção de estátuas para cidadãos que praticaram grandes feitos, castigos exemplares para criminosos, e através de um desenvolvimento social fazer com que os homens desconsiderem os "luxos, usar todos uma mesma roupa; depois Morus trata da questão de não haverem advogados em Utopia e serem os juízes virtuosos a ponto de sempre saberem encontrarem-se com a justiça, poucas leis existentes e sem chicana, nos colocando diante do Direito, outra marca das civilizações, uma canalização das pulsões agressivas ou a justiça particular, enfim, nos remetendo à outra discussão: Se seria a sociedade uma contradição ao indivíduo, contrastando com o Animal Político de Aristóteles ou, se sendo social por natureza é possível encontrar-se em virtude individual-coletiva na sociedade. Não há como responder por um ou outro lado, socializável por natureza e carregando pulsões individualistas agressivas, nem sem sociedade e nem sem individualidade natural.

"Se a civilização impõe sacrifícios tão grandes não apenas à sexualidade do homem, mas também à sua agressividade, podemos compreender melhor porque lhe é difícil ser feliz nessa civilização. Na realidade o homem primitivo se achava em situação melhor, sem conhecer restrições de instinto.Em contrapartida suas perspectivas de desfrutar dessa felicidade, por qualquer período de tempo,eram muito tênues. O homem civilizado trocou uma parcela de suas possibilidades de felicidade por uma parcela de segurança. Não devemos esquecer, contudo, que na família primeva apenas o chefe desfrutava da liberdade instintiva; o resto vivia em opressão servil. (Freud, 1974: 75)".

Os sacrifícios da civilização  (religião, moral) seriam, assim, formas de viabilizar a própria civilização ainda incapaz de fazer o homem, além dessas imposições, conhecer a si próprio. Para a religião  o sexo precisa ser controlado, para os homens sem civilização seria a satisfação de uma pulsão instintual, por exemplo. Quando a sociedade impõe o controle restringe a naturalidade; seria, dessa forma, antihumana. Agora, se as sociedades chegaram a esse ponto certamente o foi pelo fato de não poderem conciliar-se com a liberação instintual. O próprio Freud trouxe à discussão se com a ciência abriria-se a via do autoconhecimento e equilíbrio entre as duas visões, sendo possível a civilização sem uma moral do tipo antihumana, como nos referimos. Ainda hoje esclarecemos, sem, no entanto, emanciparmos em termos filosóficos, isso explica o sexo produto de mercado, ainda uma contradição mesmo na época da ciência.

Referencias:
FREUD, Sigmund: Mal Estar na Civilização
MORUS, Thomas: Utopia

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