Desmilitarização da polícia - Blog A CRÍTICA

"Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados." (Millôr Fernandes)

Últimas

Post Top Ad

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Desmilitarização da polícia


Recentes acontecimentos no campo da segurança pública acirraram as críticas à atuação policial e reacenderam o debate no país



As denúncias de violência policial durante as manifestações do mês de junho. A operação do Bope (Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar do Rio de Janeiro), no complexo de favelas da Maré, que deixou nove mortos. O desaparecimento do ajudante de pedreiro Amarildo, após ser levado por policiais para averiguação em um posto da Unidade de Polícia Pacificadora da favela da Rocinha. Esses recentes acontecimentos no campo da segurança pública reacenderam o debate sobre a militarização da polícia brasileira, apontada por alguns especialistas como responsável por altos índices de mortes e desrespeito à Constituição.

É o caso do antropólogo e cientista político Luiz Eduardo Soares. Em entrevista para o Dossiê Violência e Segurança Pública, ele critica as "incursões bélicas" em favelas, tática praticada pelas polícias militares de alguns estados brasileiros, especialmente do Rio de Janeiro. "Nós sempre lutamos pela supressão dessa forma de agir, porque nessas incursões morrem os inocentes, suspeitos e até os policiais, sem que haja nenhum benefício, porque no dia seguinte o processo anterior volta a se reproduzir", explica o antropólogo.

Essas mortes entram na estatística das Nações Unidas que fazem do Brasil o país com o maior número absoluto de mortes violentas no mundo, cerca de 50 mil por ano. A truculência de algumas instituições brasileiras de segurança pública, como o Bope, também é de conhecimento mundial, especialmente após o filme "Tropa de Elite", dirigido pelo cineasta José Padilha. Diante deste cenário, em maio de 2012, durante o Conselho de Direitos Humanos da ONU, a Dinamarca recomendou que o Brasil extinguisse a Polícia Militar. No Congresso Nacional, ainda tramitam duas PECs (Proposta de Emenda Constitucional) de 2009 e 2011 que abordam o tema.

Para o geógrafo Jaílson de Souza e Silva, diretor da ONG Observatório de Favelas, o problema da militarização é que ela traz para o cotidiano a lógica de guerra das forças armadas. "Com isso, os policiais tendem a agir como se estivessem em um campo de guerra; os 'suspeitos', especialmente os jovens pobres, são vistos como inimigos a serem eliminados. As forças especiais, tais como o Bope, tornam-se verdadeiras máquinas de guerra e extermínio", destacou.

Já para o sociólogo Luís Flávio Sapori, a militarização não é a responsável pelos excessos cometidos por alguns setores das forças de segurança. "A violência policial não se restringe à polícia militar. A civil também é muito violenta. O problema está no histórico da repressão e do confronto", acrescentou.



(Paloma Barreto, Jornal da Ciência)

Esta matéria está na página 5 do Jornal da Ciência impresso que pode ser acessado emhttp://www.jornaldaciencia.org.br/impresso/JC744.pdf

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Post Bottom Ad

Pages