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segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Egito: nova onda de protestos causa pelo menos 51 mortos

Os violentos confrontos entre islamistas, apoiantes do deposto presidente Morsi, e as forças de segurança causaram pelo menos 51 mortos, cerca de 375 feridos e mais de 423 pessoas detidas, no passado domingo, dia de celebração do 40º aniversário da guerra contra Israel.
Rayan, de 19 anos e com uma bandeira egípcia na mão, afirmou que "os egípcios estavam desconcertados com tanto sangue, mas farão ouvir a sua voz aos golpistas".
Confrontos entre apoiantes do presidente deposto Mohamed Morsi e a polícia causaram pelo menos 51 mortos, cerca de 375 feridos e mais de 423 pessoas detidas.

Segundo contou um porta-voz do Ministério de Saúde ao diário Al Ahram, a maioria das vítimas mortais são do Cairo e de Giza. Outras cidades como Beni Suef, Ao Mahalla, Alexandria, Ismailia, Aswan e Suez também foram focos de confrontos e protestos, mas, até agora, desconhece-se o número de vítimas.

O Partido da Justiça e do Desenvolvimento, vinculado aos Irmãos Muçulmanos, pediu já uma investigação internacional pelos "assassinatos" de domingo passado e atribui ao chefe do exército, Abdelfatá Al Sisi, e ao ministro do Interior, Mohamed Ibrahim, a "responsabilidade política e penal pela violência". Por sua vez, Al Sisi, avisou que as Forças Armada “continuarão o combate ao terrorismo”.
A postura dos islamistas e do exército estão cada vez mais radicalizadas. Apesar da repressão dos últimos meses, os Irmãos Muçulmanos e demais partidários do deposto presidente Mohamed Morsi aumentaram os seus protestos nesta jornada festiva — que celebra o 40º aniversário da guerra de 1973 contra Israel.
O seu desafio às estritas medidas de segurança acabou num banho de sangue, o mais grave desde a onda de violência que provocou o desalojamento das acampadas islamistas no Cairo no passado dia 14 de agosto.
Milhares de apoiantes organizaram-se em pequenas marchas a meio da tarde para demonstrar que continuam a ter peso nas ruas. O seu objetivo era chegar à praça Tahrir, no coração do Cairo e epicentro das manifestações anti-Morsi, mas os militares blindaram o acesso com tanques e carros de combate.
As forças de segurança dispersaram os islamistas com recurso a gás lacrimogéneo, balas de borracha e fogo real nos bairros de Dokki e Mohandisin, na orla oeste do Nilo, e em zonas do centro da capital como a praça Ramsés. Segundo o Ministério egípcio da Previdência, 40 pessoas morreram nesta jornada no Cairo, três na cidade de Beni Suef e uma na localidade de Delga, na província de Minia, contabilização igual à anunciada pelos Irmãos Muçulmanos.
Uma fonte das forças de segurança informou a agência de noticias Efe que na zona de Ramsés os manifestantes incendiaram pneus e cortaram a avenida principal. Em Dokki a polícia respondeu com fogo real aos disparos dos islamistas. A versão da Irmandade Muçulmana aponta, no entanto, que a polícia abriu fogo contra manifestantes pacíficos, pelo que atribui "a responsabilidade total dos crimes e das mortes" aos dirigentes do golpe militar.
Mais de 400 detenções
O ministério do Interior tinha avisado que "enfrentaria qualquer ação fora da lei e pessoas que instigam o caos". Um total de 423 pessoas foram detidas no Cairo por levar a cabo "atos de sabotagem" e usar armas de fogo, segundo o ministério. Para asfixiar os protestos, depois dos distúrbios da passada sexta-feira, o exército e a polícia posicionaram-se nas principais artérias da cidade e nas pontes sobre o Nilo. No bairro de Mohandisin, de classe média e com uma importante zona comercial, o manifestante islamista Atef Rayan disse à agência Efe que já é hora de dizer "basta" às autoridades pós-Morsi.
Rayan, de 19 anos e com uma bandeira egípcia na mão, afirmou que "os egípcios estavam desconcertados com tanto sangue, mas farão ouvir a sua voz aos golpistas". "Não temos medo a morrer se for necessário, porque acreditamos na justeza da nossa causa", sublinhou rodeado de centenas de partidários de Morsi, destituído pelos militares no passado 3 de julho depois de vários protestos que pediam eleições antecipadas.
Em contraste com estas imagens de violência, milhares de partidários do exército concentraram-se na praça Tahrir e nos arredores do palácio presidencial de Itihadiya num ambiente pacificado. Fogos artificiais e luzes inundaram estas zonas, que foram sendo sobrevoadas por helicópteros militares com a bandeira do Egito. Ao cair da noite, o estádio da Defesa Aérea no Cairo foi palco das celebrações oficiais do aniversário da guerra de 1973, onde não faltou música e teatro.
A guerra de 1973 (conhecida como Guerra do Yom Kippur ou do Ramadão) foi a quarta entre Israel e países árabes, neste caso Egito e Síria. Num discurso à nação, o primeiro-ministro egípcio, Hazem Beblaui, destacou que o povo egípcio apoia as Forças Armadas e o seu plano para "estabelecer um estado democrático". Beblaui assegurou que o país tem elegido o caminho "da democracia, da justiça e da paz" e apelou ao povo para regressar "para o seio do Egito sem divisões nem discórdias".
Todos os anos, as Forças Armadas de Egito celebram o ataque contra Israel, levado a cabo há 40 anos entre 6 e 25 de outubro e que acabou com a assinatura do histórico acordo de paz entre ambos países em 1979.

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