As conversas telefónicas de pelo menos 35 líderes mundiais foram intercetadas por agentes da NSA (Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos), indicam documentos divulgados nesta quinta-feira (24/10) pelo jornal britânico “Guardian”. Não foram revelados, no entanto, quais teriam sido monitorizados.
A revelação deve agravar as tensões entre as autoridades dos EUA e os países aliados, depois de uma série de denúncias de espionagem contra Washington. Nesta quarta-feira (23), o governo alemão recebeu informações de que o telemóvel da chanceler alemã Angela Merkel estaria a ser espiado pelos norte-americanos, o que irritou Berlim e fez com que a governante ligasse para Barack Obama exigindo explicações.
Além de fundamentar ainda mais as desconfianças quanto ao serviço de segurança dos EUA, os mais recentes arquivos secretos entregues pelo ex-técnico da NSA, Edward Snowden, indicam que outros órgãos governamentais colaboraram com as espionagens sistemáticas a outros governos e países.
Oficiais da Casa Branca, do Departamento de Estado e do Pentágono, de acordo com os documentos, teriam sido incentivados a entregar números de telefones de políticos estrangeiros ao sistema de vigilância da NSA, segundo os papéis. A agência, então, conferia se os contactos já estavam disponíveis no seu banco de dados e iniciava a monitorização dos novos que eram considerados importantes.
“Num caso recente, um oficial norte-americano providenciou 200 números telefónicos de 35 líderes mundiais à NSA ... Apesar de a maioria destes estar disponível como código aberto, os computadores identificaram 43 contactos previamente desconhecidos. Esses números, mais uma série de outros, foram monitorizados”.
É assim que se inicia o documento datado de 2006 e pertencente a uma das diretorias da agência. Segundo o Guardian, o texto continua afirmando que os novos contactos telefónicos ajudam a NSA a descobrir outros números, incrementando o seu sistema de vigilância – uma questão de segurança nacional.
“A NSA agradece essas informações”, afirma o arquivo que ainda revela receber contactos de funcionários “espontaneamente”. “De tempo a tempo, ganhamos acesso a bancos de dados de contactos pessoais de oficiais norte-americanos”, diz.
Sem divulgar o nome dos líderes e políticos mundiais espiados, o memorando afirma que pouco material de informação foi produzido a partir das escutas.
Espionagem indiscriminada
A reportagem do Guardian vem na esteira de uma série de outros documentos divulgados por Snowden para jornais e revistas internacionais sobre as espionagens conduzidas por Washington. Nesta semana, foi divulgado que os EUA investigaram autoridades mexicanas, francesas e alemãs, além dos cidadãos residentes nestes países.
Os principais alvos do sistema de segurança norte-americano foram telefones, telemóveis e e-mails de importantes políticos.
Em resposta às acusações de Merkel, a Casa Branca disse que não quer deteriorar as suas relações com os países aliados. “Essas são relações muito importantes tanto para a nossa economia quanto para a nossa segurança e vamos trabalhar (diplomaticamente) para mantê-las”, afirmou nesta quinta (24/10) Jay Carney, secretário de imprensa da Casa Branca.
Enquanto isso, a porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, Caitlin Hayden, negou que houve monitorização das comunicações da chanceler alemã. Em relação ao caso francês, Hayden limitou-se a dizer que “todos os países” espiam. “Nós já deixámos claro que os EUA reúnem informações de espionagem sobre outros países”, acrescentou ela.
Artigo publicado em Opera Mundi
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