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quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Repensando a economia do Sertão

No Coronelismo, uma espécie de servidão adaptada ao Brasil, a propriedade da terra era fonte direta de poder, valia mais a extensão do que a produtividade. Aqui no Rio Grande do Norte, com o fim do ciclo econômico do algodão, há a passagem para donos de terras aos que antes trabalhavam num sistema de "meeiagem", o agricultor trabalhava a terra do latifundiário pela metade da produção. Nos municípios do interior do Estado a maioria das propriedades são de pequenos agricultores, mas ainda impera o conceito de possuir a terra; com a transição na década de 1970 era orgulho adquirir uma propriedade.

O modelo produtivo aqui no Rio Grande do Norte, afora as grandes plantações frutíferas em regiões irrigadas ainda giram em torno do plantio de Milho e Feijão dependentes das chuvas, sempre irregulares. O Rio Grande do Norte tem, de acordo com o censo 2010 do IBGE,  22,18% de sua população vivendo no Campo, no ano de 1980 essa população chegava a 41,27% e em 1970 era maior do que a população urbana. O que se verifica é uma urbanização crescente e permanente iniciada exatamente nessa década de 1960, os grandes latifundiários abandonam o campo, daí a aquisição de terras pelos antes trabalhadores.

O agrônomo João Suassuna, pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco, tem discutido e apresentado algumas propostas para a chamada convivência com a seca em condições de se ter uma atividade econômica,  as famílias que tem terra compõem a maior parte de suas receitas com programas de transferência de renda do Governo Federal. Tem-se o meio, mas falta a atividade, essas políticas não fazem com quê o agricultor deixe de trabalhar, o que se diz é que o que ele faz acaba não sendo suficiente. Ele cita a criação de animais adaptados de outras regiões áridas e também caprinos, utilização de plantas xerófilas; além de técnicas simples de armazenamento d`água. 

O abandono do Campo e o "inchaço" das cidades sem indústria ou agricultura e vivendo na maioria de serviços pode refletir no aumento progressivo da violência, em estados como o Rio Grande do Norte os índices de homicídios cresceram mais de 200% em uma década (2001 a 2011). O Rio Grande do Norte tem mais de 70% de seu PIB composto por serviços.

O Instituto de Federal apresentou recentemente uma forma conveniente de conviver com a seca, o projeto consiste na criação de tilápias em água salobra, fácil de ser encontrada no subsolo da região. 

É preciso que se substitua essa mentalidade de posse da terra como fonte de prestígio, perceber a inviabilidade da agricultura e pecuária, principalmente gado bovino, como primeira fonte e que ao invés de desocupar o campo se pense um repovoamento sustentável.

Outro ponto a ser superado é o oligarquismo que é cego como o noticiário policial, só enxerga o alento, a demagogia e não sabe s e debater em polêmicas com capacidade modificadoras.

Assista a esta entrevista com João Suassuna:

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