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quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

50 anos da experiência de Paulo Freire em Angicos

Todos sabem a importância de Paulo Freire para educação, mas ainda poucos conhecem sua experiência na cidade de Angicos.

Angicos é uma cidade pequena do Rio Grande do Norte, na qual Paulo Freire implementou um projeto de alfabetização para 380 trabalhadores, que ficou conhecido como “Quarenta horas de Angicos”.

Paulo Freire foi convidado para este trabalho em 1962 e em 24 de janeiro de 1963, houve a primeira aula regular do projeto sobre o tema: “Conceito antropológico de cultura”, iniciando a primeira das “Quarenta horas de Angicos”.

Em 2 de Abril, houve a quadragésima hora de aula dada, com a presença do presidente da República João Goulart.

Para Freire, primeiro vem a leitura do mundo e depois a formação das palavras. O diálogo é parte essencial do processo educativo, e não a aula discursiva. A educação é vista como uma forma de desocultar a ideologia dominante.

Em maio de 1963, houve a primeira greve em Angicos. Os fazendeiros chamavam a experiência de Paulo Freire de “praga comunista.”

A experiência de Angicos foi levada para outras cidades como “projeto-piloto” do Programa Nacional de Alfabetização que seria iniciado em 1964.

Este exitoso projeto foi interrompido pelos carrascos do Golpe Militar de 1964. Freire partiu para o exílio no Chile no mesmo ano. Em Angicos, com medo, muitos educandos e educadores queimaram e enterraram seus cadernos. A experiência foi encerrada. Algumas pessoas que participaram dela também foram presas durante a Ditadura Militar.

Antes de partir para o exílio Paulo Freire foi preso e passou 70 dias na cadeia, acusado de “comunista e subversivo”. Na prisão, um dos oficiais responsáveis pelo quartel solicitou a Paulo Freire para alfabetizar alguns recrutas e ele explicou que estava preso por alfabetizar.

Angicos nos lembra que ainda em 2013 o analfabetismo não foi erradicado em nossa nação. Angicos nos lembra que os algozes da Ditadura que tanto mal fizeram ao país ainda conseguiram acabar com o projeto de alfabetização que Paulo Freire tinha para o país. Aos que defendiam a ditadura e aos que a defendem até hoje, o importante é que a os trabalhadores permaneçam de olhos vendados.

Carolina de Mendonça, São Paulo - Jornal A Verdade

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