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terça-feira, 17 de dezembro de 2013

EUA atacam África com drones a partir da Alemanha

Os pormenores do modo como os Estados Unidos desenvolveram secretamente a “guerra contra o terrorismo” a partir da Alemanha, incluindo a utilização de drones (aviões sem piloto) em África, foram revelados em Novembro no seguimento da investigação “Guerras secretas”. Artigo publicado por The Global Muckraker.
Soldados norte-americanos das bases de Ramstein e Estugarda comandam uma sangrenta guerra de drones em África. Foto Shutterstock.com
O projecto iniciou-se em 14 de Novembro e foi uma colaboração entre o mais importante diário alemão, o Suddeutsche Zeitung, e a televisão pública alemã NFR.
Políticos e agências públicas da Alemanha criaram há muito na espionagem norte-americana e na direita militar o hábito de tratar este país como um dos seus quintais das traseiras: recurso a toupeiras, quebra de códigos, recrutamento de informadores, observação de suspeitos, rapto e sequestro de inimigos estrangeiros. Os alemães souberam disso durante todos estes anos. Mas o que não sabiam é que os Estados Unidos têm executado ataques com drones em África a partir de bases alemãs, muitas vezes com a colaboração dos serviços alemães de informações.
 Cerca de 43 mil soldados norte-americanos estão destacados na Alemanha, operando num total aproximado de 40 bases militares e armazenando armas nucleares na base alemã de Buchel, no sudoeste do país. Os Estados Unidos gastaram três mil milhões de dólares na Alemanha em 2012 e apenas gastam mais dinheiro anualmente no Afeganistão, onde existe um conflito activo. Na Alemanha não existe guerra. Mas no país onde o exército e as agências de espionagem norte-americanas em tempos protegeram o Ocidente durante a Guerra Fria conduzem agora uma guerra secreta através do mundo.
Desvendámos como os Serviços Secretos dos Estados Unidos, Departamento de Segurança Interna, CIA e Agência de Segurança Nacional (NSA) – bem como um imenso exército de espiões privados – actuaram sem controlo em solo alemão. Algumas das sociedades contratadas nem sequer trabalham para a NSA ou a CIA, mas sim para os ministérios federais alemães. Estas empresas privadas – algumas das quais têm estado envolvidas em violações de direitos humanos – têm acesso a dados das mais altas autoridades alemãs. Revelámos também quais os projectos dos cientistas alemães apoiados pelo Pentágono e demonstrámos como a cidade de Frankfurt se transformou numa metrópole militar e dos serviços de inteligência dos Estados Unidos.
Mas primeiro que tudo, e mais importante, revelámos como a guerra dos Estados Unidos em África desenvolvida com drones é controlada a partir de bases norte-americanas na Alemanha. Soldados norte-americanos das bases de Ramstein e Estugarda comandam uma sangrenta guerra de drones em África a partir do interior da Alemanha. Quando recebem informações relacionadas com potenciais alvos ou suspeitos de terrorismo transmitem esses dados aos membros dos serviços de inteligência dos Estados Unidos, igualmente estacionados na Alemanha. Os soldados norte-americanos são regularmente apoiados pelo Serviço de Defesa da Constituição, os serviços alemães de informações. Estes serviços interrogam cidadãos africanos que procuram asilo e cujas informações são usadas, sem o seu conhecimento, para bombardear os seus próprios países.
A nossa investigação baseia-se em dezenas de contactos com fontes nos Estados Unidos, Europa, África e Médio Oriente. Entre outros, o nosso colega John Goetz – que também escreveu um livro e fez um filme sobre investigações das “Guerras Secretas" – viajou até Moscovo para se encontrar com o ex-técnico da NSA Edward Snowden. Além destes contactos, as fontes mais importantes têm sido as bases de dados públicas, entre outras o Sistema Federal de Dados sobre Aquisições. Especialistas esgaravataram nessas bases a nosso pedido e criaram uma base de dados de fácil acesso, disponível na homepage (página de abertura) especial do nosso projecto de investigação.
Além da base de dados, que permite aos leitores procurarem contratos do Pentágono na sua cidade, a página de abertura publica pequenas notícias actualizadas em alemão e inglês.
As revelações sobre “as guerras secretas” fizeram luz sobre actividades clandestinas na Alemanha. E provocaram uma reação rápida: poucos dias depois da publicação o governo alemão mandou encerrar o departamento dos serviços secretos que interrogava regularmente os candidatos a asilo. O Parlamento alemão, Bundestag, encara a possibilidade de formar uma comissão de inquérito para averiguar as actividades dos Estados Unidos em solo alemão.

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