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quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

O seu telefone móvel pode atrair um ataque de drone

Reportagem do jornalista Glen Greenwald no novo site The Intercept mostra como os ataques desfechados pelos EUA com aeronaves não tripuladas baseiam-se cada vez mais em vigilância eletrônica, e não em informação recolhida por pessoas no terreno, e por isso erram tanto os alvos.
Novo site de jornalismo investigativo não tem publicidade.
Os jornalistas Glenn Greenwald e Jeremy Scahill publicaram sob o título “O papel secreto da NSA no Programa de Assassinatos dos EUA” uma extensa reportagem acerca do uso de vigilância em massa dos sistemas de telecomunicações e Internet para guiar os ataques de drones contra alvos que os Estados Unidos consideram “terroristas”. Esta estratégia é considerada pouco fiável por antigos operadores de drones ouvidos na reportagem e tem como resultado a morte de muitos inocentes e pessoas que nunca foram identificadas.
Esta estratégia é particularmente usada em países onde as agências de segurança americanas pouca gente têm no terreno, como o Iêmem, a Somália ou o Paquistão, e baseia-se na detecção dos chips dos telefones móveis dos alvos. A vigilância em massa serve para localizar os aparelhos e para identificar o seu dono. Feito isto, o ataque com um drone é desencadeado, sem que haja a certeza de que o telemóvel é efetivamente da pessoa em causa, e se está realmente na posse dessa pessoa.
Um antigo operador de drone ouvido pela reportagem diz que quando a bomba atinge o alvo num ataque noturno, o operador sabe que o telefone está lá, mas não quem está atrás dele. Assume-se que o celular pertence a uma pessoa que é nefasta e considerada um “combatente inimigo desleal”.
A questão é que os alvos, assim que perceberam que os chips são usados para a sua localização, podem usar dezenas de cartões, e permutá-los entre várias pessoas para causarem confusão. Numa reunião despejavam os cartões SIM num saco e, no final, recolhiam-nos aleatoriamente.
O Bureau de Jornalismo Investigativo estima que pelo menos 273 civis inocentes foram mortos em ataques com drones no Paquistão, Iémene e Somália.
Novo site não tem publicidade
A extensa reportagem é baseada em documentos revelados pelo ex-analista da CIA Edward Snowden e fontes ouvidas pelos jornalistas. É o artigo de estreia do novo site de jornalismo investigativo The Intercept, que entrou na rede pela primeira vez na última segunda-feira 10 de fevereiro.
The Intercept é a primeira publicação da First Look Media, empresa que resultou do investimento de Pierre Omidyar, fundador do site de compras e leilões Ebay. The Intercept foi criado por Glenn Greenwald, Laura Poitras e Jeremy Scahill, e tem um total de 12 jornalistas na redação. Não conta com publicidade nem patrocínios. A intenção é que uma empresa na área tecnológica do mesmo grupo dê lucro suficiente para financiar o trabalho dos jornalistas. Omidyar pretende investir 250 milhões de dólares no projeto, o mesmo valor que o dono da Amazon, Jeff Bezos, gastou para comprar o Washington Post.

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