Bolha financeira da China rebentou - Blog A CRÍTICA

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sexta-feira, 21 de março de 2014

Bolha financeira da China rebentou

Existe uma situação de alta tensão na China e o rebentamento das suas bolhas creditícia e imobiliária encontram-se em pleno desenvolvimento. A desaceleração da China pode gerar uma nova recessão global. Por Marco Antonio Moreno

As bolhas são uma crua manifestação da loucura humana e uma prova disso é que no esplendor da bolha imobiliária japonesa os jardins do Palácio Imperial de Tóquio foram cotados a um valor superior a todo o Estado da Califórnia. Agora, como na China proliferam os multimilionários e as modas exóticas, um promotor imobiliário comprou um cachorro por 2 milhões de dólares. O cão em questão é um mastim tibetano, como indica Market Watch, um dos cães mais caros do mundo. Isto dá conta de como a loucura assentou na China, e como esta loucura se traduziu na criação de uma gigantesca bolha que está a viver os seus momentos finais, ainda que os seguintes gráficos mostrem que na realidade o rebentamento da bolha Chinesa já aconteceu e encontra-se em pleno desenvolvimento.

O primeiro gráfico é do preço da habitação, que desde meados de 2012 cresceu mais de 20 por cento para começar a cair em finais do ano passado. Os anos 2012 e 2013 foram de intensas subidas nos preços das casas nas principais cidades do país. Parte deste crescimento foi impulsionado pela especulação imobiliária que nunca se detém e promete sempre que os bens imobiliários são o investimento mais seguro dado que “os preços nunca cairão”… até que começam a cair.
A especulação imobiliária foi impulsionada pela taxa de crescimento da oferta monetária (M1) e a sua forma mais ampla de dinheiro que é M2. Tanto M1 como M2 diminuíram a níveis não vistos nos últimos 15 anos e tudo indica que permanecerão por um longo tempo nesta zona. A China converteu-se num dos países mais endividados do mundo e a sua dívida pública supera os 200 por cento do PIB, mais de 15 biliões de dólares.
Isto é confirmado pela queda sistemática do índice da bolsa de Xangai, que cumpriu três anos de descidas pelo impacto que a queda na procura mundial começa a provocar no seu setor industrial, mais ainda na indústria exportadora. Se a Alemanha viu cair a criação de empresas para os níveis do ano 2003, a onda que espera a China pode superá-la dado que este país potenciou a sua indústria exportadora.
Além disso, durante o período da bolha (e em plena crise mundial), a China não soube aplicar os travões e duplicou a sua produção de aço depois da crise de 2008. Isto estimulou a procura mundial de matérias primas e ajudou a inflacionar os preços das commodities fazendo crer que a China poderia tomar o papel do comando económico mundial. Isto favoreceu os países emergentes e a bonança gerou novas bolhas que também rebentarão e provocarão uma aterragem forçada. No período já decorrido de 2014 viu-se uma forte tendência para a baixa no preço das commodities e especialmente dos minerais. O ouro, a prata e o cobre caíram mais de 30 por cento desde os seus máximos e esta tendência pode continuar. Para os países que desenvolveram os seus modelos produtivos com base nas exportações o horizonte é complexo.
Depois de produzir mais de 70 milhões de toneladas de aço por mês, as aciarias do gigante asiático entrarão numa recessão prolongada, dado que a bolha imobiliária chinesa sofrerá uma forte travagem ao estilo espanhol. Recordemos que num artigo de 2011 assinalávamos que a bolha imobiliária chinesa eclipsava todas as outras bolhas. As cidades fantasma, ao estilo dos Estados Unidos (Califórnia) e de Espanha, emergirão como verdadeiros monumentos ao esbanjamento coletivo. O vídeo abaixo mostra algumas dessas cidades fantasma que não pouparão em despesas.
Como se isto fosse pouco, o yuan chinês começou a desvalorizar-se em relação ao dólar e nos últimos 30 dias deslizou quase 3 por cento, tornando-se na maior queda trimestral desde o quarto trimestre de 1993. Voltará a guerra de divisas à primeiro frente de ataque dos países? Veremos. Mas essa artilharia já demonstrou ser potencialmente autodestrutiva,
Como conclusão transitória, podemos dizer que existe uma situação de alta tensão na China e que o rebentamento das suas bolhas creditícia e imobiliária encontram-se em pleno desenvolvimento. Daí que as palavras de Marc Faber sejam para tomar em conta: a desaceleração da China pode muito bem gerar uma nova recessão global e gerar a tão temida situação de incumprimentos financeiros que golpearia fortemente a Europa e os Estados Unidos.
Artigo de Marco Antonio Moreno, publicado a 20 de março de 2014 em El Blog Salmón, tradução de Carlos Santos para esquerda.net

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