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segunda-feira, 17 de março de 2014

Crimeia aprova integração na Federação Russa

Sim redondo, a Crimeia quer regressar à Rússia. 96,77 % dos moradores da Crimeia que tinham participado do referendo votaram a favor da reunificação com a Rússia.
O Parlamento da região aprovará esta segunda-feira, numa sessão extraordinária, os resultados da consulta popular e irá dirigir ao Presidente russo, Vladimir Putin, um pedido de integração da república autónoma na Federação Russa.
Sim redondo, a Crimeia quer regressar à Rússia. Os resultados oficiais do referendo sobre a secessão da Ucrânia deste domingo só serão conhecidos esta segunda-feira, mas os resultados anunciados pela comissão eleitoral dão conta que Como foi anunciado mais cedo, 96,77 % dos eleitores votaram a favor da integração da Crimeia na Federação Russa. Apenas 3,2% terão votado a favor da segunda opção considerada, a de permanecer ligada à Ucrânia com uma ampla autonomia.
Na praça Lenin em Simferopol, capital da Crimeia, vários milhares de pessoas de todas as idades celebram a vitória da anexação com bandeiras tricolores russas e da Crimeia. “Obrigado Putin, glória à Rússia”, gritam os que concentram em frente ao edifício governamental, onde se situa uma imponente estátua de Lenin, fundador da União Soviética. “Esperamos tantos anos. Vai-me arrebentar o coração de tanta alegria. Finalmente voltamos à Rússia”, diz Galina, uma professora do ensino secundário.  
O Parlamento da região aprovou esta segunda-feira, numa sessão extraordinária, os resultados da consulta popular e dirigiu ao Presidente russo, Vladimir Putin, um pedido de integração da república autônoma na Federação Russa. "O Conselho Supremo da República Autônoma da Crimeia, na base da vontade direta dos povos da Crimeia expressa no referendo de 16 de março de 2014 [...] decide: proclamar Crimeia um Estado independente e soberano – República da Crimeia", diz o documento.
Até à formalização da anexação, a Crimeia terá o estatuto provisório de república autoproclamada, igual ao da Transnístria ou da República do Nagorno-Karabakh, em virtude da Declaração de Independência aprovada na passada semana pelo Conselho Supremo (Parlamento) da região. Desde já, os cimerianos podem solicitar o passaporte russo e a carta de condução da Federação Russa, o rublo passa a ser a moeda oficial e o fuso horário vigente no vizinho do norte será adotado.
Dia de festa
Enquanto os Estados Unidos, a União Europeia e a grande maioria da comunidade internacional tem assegurado que não reconhecerá os resultados do referendo, mantendo a sua defesa da integridade territorial da Ucrânia, os habitantes da península transformaram a jornada eleitoral num dia de festa. "Festas felizes", foi a frase mais repetida pelos eleitores, que chegavam às urnas bem abrigados e providos de guarda-chuvas. Depois do encerramento das urnas, a comissão eleitoral informou que a participação foi superior a 80% das 1,5 milhões de pessoas com direito ao voto. Na cidade de Sebastopol, que tem um estatuto especial e acolhe a base da Frota russa do Mar Negro, a participação na consulta atingiu o 85%.
Os russos da Crimeia, representam 60% da população, afirmam que com o plebiscito querem pôr fim à injustiça histórica que supôs a entrega da península à Ucrânia em 1954 por parte de Nikita Kruktschev. Não obstante, a maioria reconhece que a sua motivação para apoiar a reunificação com Rússia é bem mais prosaica: na Rússia os salários e as pensões são muito maiores que na Ucrânia, que está à beira da bancarrota, e a gasolina custa metade do preço.
O Parlamento da Crimeia fez circular um folheto junto dos cidadãos que expunha as dez razões para integrar a Federação Russa. Entre outros motivos, além de salários e pensões, expõem que a união com a Rússia atrairá milhões de turistas, eliminará as taxas de exportação dos produtos cimerianos e baixará os impostos. "Votei pela reunificação. Somos russos e acabamos na Ucrânia por obra do destino, quando nos presentearam em 1954. Estou segura de que em poucos meses seremos parte da Federação Russa", assegurou à agência Efe Nina, uma pensionista oriunda dos Montes Urais (Rússia), depois de depositar o voto. Nas urnas transparentes podia-se ver que uma ampla maioria dos eleitores marcou com uma cruz a primeira pergunta, isto é, a reunificação com a Rússia, deixando de lado a opção de uma ampla autonomia dentro da Ucrânia.
Não só os nostálgicos da grandeza soviética se pronunciaram a favor da Rússia, como as novas gerações estão desejosas de romper laços com a Ucrânia, cujas novas autoridades qualificam abertamente de "fascistas". "A Rússia é o futuro e Ucrânia o passado. Não há dúvida alguma de que na Federação Russa viveremos muito melhor. Se não fossem os cimerianos, teria arrebentado uma guerra civil", assinalou Yuri, um advogado de 25 anos.
Enquanto os representantes da comunidade ucraniana acusam as autoridades da Crimeia de fraude, a minoria tártara boicotou a consulta, ainda que isto não influencie os resultados, uma vez que os russos são maioria. "É um embuste. Axionov desenhará os resultados a seu desejo. Tudo se decide nos corredores do Kremlin. Moscovo é que lhe dita os rumos da Crimeia”, assegurou Jamzín Umarovich, chefe das Relações Exteriores do Medzhlis (Assembleia Popular dos tártaros da Crimeia).
Ameaças dos Estados Unidos
A Crimeia avançou com o referendo, pese embora no sábado a Rada Suprema da Ucrânia tenha dado ordem de dissolução do Parlamento da Crimeia por considerar o plebiscito inconstitucional.
A partir de Moscou, Putin tem defendido a legitimidade da votação. Numa conversa com o seu homólogo norte-americano, recordou a Barack Obama o precedente do Kosovo, cujo Parlamento proclamou unilateralmente a sua independência da Sérvia, em fevereiro de 2008.
"Discutiram-se diferentes aspetos da crise ucraniana. Putin chamou à atenção sobre a incapacidade das atuais autoridades de Kiev para acabar com os abusos dos grupos ultranacionalistas e radicais que estão a destabilizar a situação e a aterrorizar os cidadãos pacíficos, entre eles a população russófila e os nossos compatriotas", assinala um comunicado da presidência russa.
Segundo Putin, os habitantes de Crimeia tiveram a oportunidade de expressar livremente a sua vontade. Os dois presidentes, apesar das diferenças de enfoque, convergiram na necessidade de “procurar conjuntamente formas de colaborar para estabilizar a situação”, segundo o Kremlin. Ambos falaram sobre a possibilidade de enviar para a Ucrânia uma missão de supervisão da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) e "na opinião do Presidente russo, a atividade dessa missão deve-se estender a todas as regiões da Ucrânia e não só à Crimeia”, lê-se no comunicado.
A Casa Branca também emitiu um comunicado em que adverte Moscovo de que não permanecerá "de braços cruzados" perante, o que considera, uma "apropriação pela força de um território" por parte das autoridades russas. "Recusamos o referendo e a comunidade internacional não reconhecerá um plebiscito desenvolvido debaixo da ameaça da violência e da intimidação de uma intervenção militar russa que viola o direito internacional", indica a nota.
No texto, o Governo de Obama adverte a Rússia de que seus atos são "perigosos e desestabilizadores para a região" e avisa o executivo de Moscovo de que esta atitude "implicará um incremento dos custos" para as autoridades russas. "No século em que estamos faz muito tempo que passaram esses dias em que a comunidade internacional ficava de braços cruzados quando um país se apropriava pela força dos territórios de outro", advertiu a administração norte-americana, que pede à comunidade internacional que continue a condenar os atos de Moscovo e tome medidas concretas para impor sanções à Rússia".

Matéria de Esquerda.net com Voz da Rússia

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