O Seridó e as cercas: de pedra e de arame - Blog A CRÍTICA

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sábado, 22 de março de 2014

O Seridó e as cercas: de pedra e de arame

O  Seridó é uma região do Rio Grande do Norte e da Paraíba, de clima semiárido e predominância da caatinga como vegetação, sua colonização efetiva é muito recente datando do século XVIII principalmente em virtude da criação de gado adentrando para o interior em virtude de proibição de criação do gado no litoral: “Há divergências quanto à origem do topônimo Seridó, segundo o folclorista e historiador Luís da Câmara Cascudo, vem do linguajar dos tapuias transcrito como "ceri-toh" e que quer dizer "pouca folhagem e pouca sombra", em referência as características da região. No entanto, existe o fato de que os colonizadores eram cristãos-novos, descendentes de judeus, os termos "sarid" e "serid", seriam oriundos do hebraico, que significaria "sobrevivente" ou "o que escapou". Ou ainda "she'erit" no sentido de "refúgio Dele" ou "refúgio de Deus".” (Wikipédia)

Já tinha visto assim? Caatinga verde no período de Chuvas. Zona Rural de Caicó-RN

No Seridó há a divisão da propriedade feita de uma maneira tão extremada, é esta uma pergunta que virá à cabeça de um observador atento que vir nesta Região. Existem cercas de pedras datadas do início da colonização e que se constituem em verdadeiras miniaturas da muralha da China, estão por toda parte, com altura de pouco mais de 1 metro, para gado bovino, e feitas com as pedras calcárias comuns na região.

Cerca de Pedra em Caicó

Hoje predominam as cercas de arame, evidente, em virtude da facilidade de fabricação, também em virtude da introdução de ovinos e caprinos, animais que transpassam facilmente as cercas de pedra. Como a propriedade é em sua maioria minifundiária, as cercas cortam toda a região.

A economia rural da região desde o início, portanto, se baseia na pecuária e na agricultura, as condições de distribuição e da prática econômica fomentaram uma divisão de propriedade, quando o colonizador chegava neste território ocupado por indígenas simplesmente demarcava sua posse. As cercas mostram, apesar da intensa solidariedade do povo da região, um instinto de privatizar áreas.

Andando por algumas propriedades no município de Caicó chega-se a ter que ultrapassar diversas cercas em áreas reduzidas, até dentro de propriedade de mesmo dono. Na região houve uma “reforma agrária natural”, a partir da década de 1960 agricultores se tornam proprietários e com a divisão entre famílias numerosas reduzira-se ainda mais o tamanho das terras.

Existem conflitos em decorrência da intrusão de animais em terra alheia, o homem a partir das relações econômicas idealiza a divisão da terra como algo absoluto. Interessante, que o soridoense é um povo altamente solidário, mas se alguém adentra propriedade alheia para colher frutas será considerado infame.

Hoje a região mantém a maior parcela de sua população vivendo em áreas urbanas de suas cidades e passou a enfrentar no início deste século problemas graves de criminalidade urbana, a migração do campo foi intensa, mesmo assim a região é uma das mais prósperas e alegres do Nordeste.

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