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quarta-feira, 26 de março de 2014

Por maior participação política, jovens fazem mobilização de duas semanas

Marchas, atos políticos, seminários e um intenso diálogo com a sociedade devem marcar a Jornada Nacional de Lutas da Juventude Brasileira. A pauta da constituinte para uma Reforma Política é um dos temas centrais das atividades organizadas em todo país, entre os dias 26 de março e 9 de abril.
Para Raul Amorim, do coletivo de juventude do MST, as lutas de junho demonstraram a frustração que a juventude tem com o sistema político brasileiro e representam um novo ponto de partida para a busca de mudanças estruturais.
"Em junho do ano passado as juventudes foram às ruas e uma das bandeiras mais destacas foi a falta de participação política da juventude. E mais que isso, o fosso que há entre o povo e as instituições do Estado.”
Para Amorim, as mobilizações apresentaram uma possibilidade de mudança do ânimo de luta da população, sendo porta de passagem para outras grandes transformações.
"Isso tem a ver com a reforma agrária, isso tem muito a ver com a democratização dos meios de comunicação. Enfim, esse debate com a população sobre o que ela acha da política no país. E a constituinte vem nesse processo de politização do povo para entender a política no país e em conjunto transformar."
A jornada Nacional de Lutas da Juventude Brasileira teve início em Brasília, nesta quarta-feira (26), quando milhares de jovens pressionaram o Congresso pela imediata aprovação do Plano Nacional de Educação (PNE) e pediram a reserva de 10% do PIB para o setor.
Em São Paulo, os jovens debatem a greve das escolas técnicas do Estado (Fatecs e Etecs) e realizam ato político cobrando a instalação da CPI do Transporte Público para investigar irregularidades no Metrô.
De São Paulo, da Radioagência BdF, Leonardo Ferreira.
Foto: Reprodução

“MANIFESTO DA JORNADA DE LUTAS DA JUVENTUDE BRASILEIRA
26 de Março a 9 de Abril
 Unir a Juventude Brasileira: “Se o presente é de luta, o futuro nos pertence”!
Che Guevara
As entidades estudantis, as juventudes do movimento social, dos trabalhadores/as, da cidade, do campo, as feministas, os negros e negras, as juventudes partidárias, religiosas, lgbt, dos coletivos de cultura e das periferias se unem por um ideal: avançar nas mudanças e conquistar mais direitos para juventude.
É preciso denunciar o extermínio da juventude negra e das periferias a quem o Estado só se apresenta através da violência. O mesmo abandono se dá no campo, que alimenta a cidade e segue órfão da reforma agrária e dos investimentos necessários à permanência da juventude no campo, de onde é expulsa devido à concentração de terras, à ausência de políticas de convívio com o semiárido. Já na cidade, a juventude encontra a poluição, a precarização no trabalho, a ausência do direito de organização sindical, os mais baixos salários e alta rotatividade – agravando-se com a terceirização – que se tornam fatores ainda mais graves no que diz respeito às jovens trabalhadoras.
Essa é a dura realidade da maioria da População Economicamente Ativa no país, que querem conquistar mais direitos e mais participação, e não as mentiras da imprensa oligopolizada, que foi parceira da ideologia do milagre brasileiro e cúmplice da ditadura, ao encobrir torturas e assassinatos e sendo beneficiária da monopolização ainda vigente. É coerente que ela se oponha à verdade e à justiça, que se cale ante as torturas e ao extermínio dos pobres e negros dos dias de hoje, que busque confundir e dopar a juventude, envenenando a política, vendendo-nos inutilidades, reproduzindo os valores da violência, da homofobia, do racismo, do machismo e da intolerância religiosa, mas eles não falam mais sozinhos: estamos aqui pra fazer barulho.
Queremos cidades mais humanas em vez de racismo, violência e intolerância. Queremos as garantias de um estado laico, democrático, inclusivo, que respeite os direitos humanos fundamentais, inclusive aos nossos corpos, à liberdade de orientação sexual e à identidade de gênero, num ambiente que assegure a liberdade religiosa. Queremos que a juventude tenha o direito de dar seu rolezinho, e usufruir das cidades e do campo, com garantias de melhoria na mobilidade urbana e rural, com transporte público de qualidade.
Queremos reformas estruturais que garantam um projeto de desenvolvimento social e que abram caminhos ao socialismo.  Lutamos por um desenvolvimento sustentável, solidário, que rompa com os valores do patriarcado, que assegure o direito universal à educação, ao trabalho decente, à liberdade de organização sindical, à terra para quem nela trabalha e o direito à verdade e à justiça para nossos heróis mortos e desaparecidos.
Para continuar avançando é preciso incorporar a juventude ao desenvolvimento do país. Incluir o bônus demográfico atual exige uma política econômica soberana que valorize o trabalho, baseado na produção, no investimento e as políticas sociais, e não a especulação. Esse é o melhor cenário para tornar realidade os direitos que aprovamos no estatuto da juventude.
As manifestações protagonizadas pela juventude em junho de 2013 questionaram as atuais instituições políticas e explicitaram a necessidade de mudanças profundas no sistema político brasileiro. Nesse sentido, o Plebiscito Popular pela Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político apresenta-se para nós como uma oportunidade histórica para dar voz e poder ao povo brasileiro, e avançar nas reformas estruturantes de nosso país. Estaremos construindo o Plebiscito, entendendo-o como um processo de unidade dos movimentos sociais e um momento de amplos debates e mobilizações.
Seguimos em uma caminhada de unidade e luta por reformas estruturais que enterrem o neoliberalismo e resguardem a nossa democracia e nosso direito de manifestação contra leis nas quais o Estado classifica os movimentos sociais nas ruas como terroristas e contra os retrocessos que pretendem impor os monopólios da mídia, ou golpes institucionais dos quais a América Latina frequentemente é alvo.
Unidos e cheios de esperança, convocamos a juventude a tomar em suas mãos o futuro dos avanços no Brasil, na luta pelas seguintes bandeiras consensualmente construídas:
  1. 1.    Educação: financiamento público da educação
1.1  10% PIB para educação pública
1.2  Aprovação imediata do PNE, conforme relatório da Camara.
1.3  2% do pib para ciência, tecnologia e inovação
1.4  Por uma política permanente de valorização das bolsas de pesquisa
1.5  Democratização do acesso e da permanência na universidade
1.6  Pela expansão e a qualidade da educação do campo
1.7  Cotas raciais e sociais nas universidades estaduais
1.8  Curricularização da extensão universitária
1.9  Regulação e ampliação da qualidade, em especial, do setor privado
1.10              Contra o capital estrangeiro nas universidades e escolas
1.11              Estatização das universidades privadas em crise, com garantia dos direitos dos estudantes e trabalhadores e com responsabilização dos empresários pelas dividas e irregularidades;
1.12              2% do orçamento do MEC para Assistência Estudantil
1.13              Criação de mais creches municipais e creches universitária
1.14              Efetivação da Lei 10639 e 11645 do ensino história e cultura Afrobrasileira e Indígena
1.15              Maior articulação das políticas de educação com as políticas de cultura, comunicação, meio ambiente e direitos humanos
2. Trabalho – trabalho decente
2.1  Redução da jornada de trabalho sem redução de salário! 40 horas já!
2.2  Condições dignas de trabalho decente
2.3  Políticas que visem a conciliação entre trabalho, estudos e trabalho doméstico
2.4  Direito de organização sindical no local de trabalho
2.5  Contra a precarização promovida pela terceirização
2.6  Pela igualdade entre homens e mulheres no trabalho e entre negros/as e não negros/as
2.7  Aprovação da PEC do Trabalho Escravo
  1. 3.    Por avanços na democracia brasileira - reforma política  
3.1 Plebiscito Popular pela Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político
3.2 Pelo fim do financiamento de empresas privadas nas eleições
3.3 Combate ás desigualdades sociais e regionais
3.4 Paridade entre mulheres e homens em todos os espaços de representação política
3.5 Contra a judicialização da política e a criminalização dos movimentos sociais
3.6 Pela auditoria da divida publica
3.7 Contra o avanço do capital estrangeiro na aquisição de terras e na educação
3.8 Reforma agrária popular
3.9 Garantia do Estado Laico
3.10             Aprovação do PL 4471/2012
4. Diretos sociais e humanos: violência contra juventude
4.1  Contra o extermínio da juventude negra
4.2  Contra a redução da maioridade penal 
4.3  Garantia do direito à memória, à verdade e à justiça e a punição dos crimes da ditadura
4.4  Garantia dos direitos sexuais e reprodutivos, como à autonomia sobre o próprio corpo e o combate à sua mercantilização em especial das jovens mulheres
4.5  Pelo fim da violência contra as mulheres
4.6  Pela mobilidade urbana e o direito à cidade
4.7  Pelo direito da juventude à moradia
4.8  Desmilitarização da policia
4.9  Respeito à diversidade sexual, aos nomes sociais e criminalização da homofobia
4.10              Apoio à luta indígena e quilombola e das comunidades tradicionais
4.11              Contra a internação compulsória e pelo tratamento do uso abusivo de substâncias químicas através de uma política de redução de danos
4.12              Pelo direito ao lazer à cultura e ao esporte, inclusive com a promoção de esportes radicais
4.13              Valorização e respeito à diversidade cultural brasileira
4.14              Contra o PL 499/2013 que trata de crimes de “tipificação terrorista”
5. Democratização dos meios de comunicação
5.1. Universalização da internet de banda larga no campo e na cidade
5.2 Políticas públicas para grupos e redes de cultura, comunicação livres e comunitárias
5.3 Políticas públicas para os meios de comunicação da imprensa alternativa
5.4.        Apoio ao movimento de software livre
5.5.        Redistribuição das verbas de publicidade do Governo Federal para mídias e veículos alternativos.  
Assinam este documento: ABGLT, ABEEF; ANPG; Associação Cultural B; Centro de Estudos Barão de Itararé; Circuito Universitário de Cultura e Arte – CUCA; CNAB; CMB;  Coletivo Estopim; Coletivo Quilombo; CONAM, CONEN, Consulta Popular; CONTAG; Ecosurfi; Enegrecer; FEAB; Federação Paulista de Skate; Fora do Eixo; Juventude da CTB; Juventude da CUT; Juventude do PSB; Juventude do PT; Juventude Pátria Livre; JUNTOS; Levante Popular da Juventude; MAB: Marcha Mundial das Mulheres; Movimento de Mulheres Camponesas; MST; Nação Hip Hop Brasil; Pastoral da Juventude, PJMP, PJR; PCR; REJU; Rejuma; UBES; UBM, UJS; UNE; Via Campesina.
Juventude do Brasil é fogo no pavio!” 

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