Sem moralina: Rapariga de Morrer e A Cópula

João Ubaldo Ribeiro  chamava a atenção para a alegação de "elitismo" em toda crítica feita no Brasil: Se criticares a música dominante serás taxado de "elitista, dizia ele, se fazemos ou procuramos algo com mais qualidade tacham de "elitismo". Seria para Nietzsche os fracos sendo os senhores do Mundo.

Já Ariano Suassuna , com sua form particular de fazer críticas, dizia mais ou menos o seguinte: Dizem que cachorros gostam de osso, mas isso por que somente dão ossos, dai então um osso e um bife para ver o que ele escolhe, para o mestre da cultura popular havia era uma falta de opção.

Mas as críticas ao que conhecemos por "Forró Eletrônico" geralmente são críticas "moralinísticas", relacionadas com palavras tidas como inapropriadas por alguns ascetas da moral e dos "bons costumes". Outros levam para o campo do machismo, as "músicas" do Forró Eletrônico" tornariam as mulheres "coisas", o que não deixa de ser verdade, mas é a crítica errada, já que isso reflete o modo de ser da sociedade. Com relação ao moralismo para desclassificar fazemos a comparação do hit Rapariga de Morrer com o poema pornográfico de Manuel Bandeira chamado A Cópula, Bandeira um poeta respeitadíssimo.

Entre Rapariga de Morrer, cantada por inúmeras Bandas de Forró, e o poema A Cópula de Manuel Bandeira pode-se trazer a discussão entre o que é arte e o que não é? Muitos fazem críticas às Bandas de Forró apenas pelo que consideram "esculhambação". O poema de Manuel Bandeira é pornográfico, portanto, deixamos de lado os moralismos para dizer que A Cópula é uma produção artística e Rapariga de Morrer não o é?

Bandeira tem uma capacidade intelectual elevada, o conteúdo não serve para desclassificar seu poema como arte. Rapariga de Morrer é pobre em linguagem, quando tocada o acompanhamento instrumental é medíocre, mas leva a cara da sociedade no qual está inserido.

Na arte há uma introspecção, uma volta do sujeito sobre si mesmo e sob o seu mundo. A arte não é apenas conteúdo intelectual no sentido de ser fruto da cultura livresca, e sim a manifestação humana presente em todas as sociedades, inclusive iletradas. O hit rapariga de morrer leva a característica comercialesca do "Forró Eletrônico" um desses que passam ao sabor do vento depois de produzir algum lucro para empresários do forró eletrônico.

"O objectivo da arte não é representar a aparência exterior das coisas, mas o seu significado interior." (Aristóteles)

A Crítica do Forró eletrônico não deve e nem pode ser uma crítica direcionada diretamente a ele, a raiz está no tipo de sociedade em que ele nasce e se fortalece. Por isso que as críticas geralmente são apenas moralinísticas. A linguagem é fraca, mas se adapta perfeitamente ao cotidiano da cidade nordestina atual. É não é localismo, ela az aqui o que acontece com o que é produzido no resto do Brasil e nos outros países.

A própria arte elevada, terá hoje o papel de fazer uma transformação da arte fraca e da sociedade, não falando diretamente da arte erudita, mas da arte popular elaborada resistindo, sendo radical para que possa transparecer, é um elemento de escola.