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quinta-feira, 3 de julho de 2014

Snowden provocou uma reviravolta no mundo americano

Um tanto ou quanto esquecida devido aos acontecimentos no Iraque e na Ucrânia, à Copa do Mundo de Futebol, a história das denúncias de Snowden volta às primeiras páginas.

Por Roman Mamonov

Snowden, espionagem
Foto: AP/Richard Drew

The Washington Post publicou mais um lote de denúncias. Constatou-se que, em 2010, o Tribunal Secreto para os assuntos da espionagem estrangeira sancionou que a ANS podia fazer escutas em relação a 193 países (quase todo o mundo!) e a duas dezenas de organizações internacionais: ONU, UE, Banco Mundial, FMI, etc. A decisão do tribunal não significava que a ANS iria escutá-los a todos, mas que podia fazer isso a qualquer momento.

As novas denúncias voltaram a atiçar o fogo. O "amigo americano" mostrou ser inimigo da Europa, Ásia e América do Sul. No centro do escândalo viu-se também a China: há muito que Washington e China se acusam mutuamente de espionagem informática.

Nas suas denúncias, Snowden falou dos ataques de hackers dos serviços secretos dos EUA contra computadores de instituições chinesas. E isso, considera o politólogo Yuri Tavrovsky, deu a Pequim numerosos trunfos no confronto com Washington:

“Claro que para a China não era segredo que a América realiza atividade de espionagem contra ela. Mas as denúncias de Snowden foram para ela como maná do céu. Nesse período, há um ano atrás, foi desencadeada uma campanha muito ativa na imprensa americana e mundial sobre a espionagem eletrônica dos chineses. Possivelmente, para os chineses, essas denúncias revelaram os pontos fracos no sistema americano de espionagem global”.

Um dos golpes mais sérios foi desferido na cooperação entre Washington e Berlim. Nos documentos revelados por Snowden fala-se diretamente da espionagem realizada por serviços secretos americanos contra as grandes empresas e políticos alemães, incluindo Merkel. Por isso, agora, são precisamente os deputados alemães que querem ouvir declarações de Snowden. A atividade das unidades dos serviços secretos americanos no território da Alemanha corre perigo e a oposição do país exige de Angela Merkel rigidez no diálogo com Washington. Eis o que declarou, numa entrevista à Voz da Rússia, Gregor Gysi, dirigente do grupo parlamentar da esquerda no parlamento alemão:

“Trata-se de espionagem econômica. E isso é um crime. Senhora chanceler federal, você esteve em Washington, você falou com Obama e outros. Regressou sem acordo sobre a proibição de espionagem mútua. Eu digo-lhe: você é hipócrita perante a administração dos EUA. Você baseia isso na amizade. Eu digo-lhe que a hipocrisia é conseguida com o desprezo, mas não com a amizade”.

Por enquanto, as tentativas dos políticos alemães de chamarem os EUA à pedra não tiveram êxito. É verdade que a Alemanha e o Brasil conseguiram que fosse aprovada, na Assembleia Geral da ONU, uma resolução sobre a defesa da vida privada na época das tecnologias informáticas. Mas esse documento não é de cumprimento obrigatório. O único resultado foi a promessa de Obama pôr fim à espionagem dos chefes de estado aliados.

A propósito do Brasil. Aí o desenvolvimento do escândalo com Snowden é seguido com redobrada atenção. Primeiro, o jornalista Glenn Greenwald, que publicou documento sensacionais, vive nesse país. Segundo, o informático fugitivo declarou que os americanos infiltraram-se ativamente nas redes informáticas de empresas brasileiras (nomeadamente, da petrolífera Petrobras), do governo. E espionaram pessoalmente a presidente Dilma Rousseff. Por causa disso, a última passou um raspanete a Obama antes da sua intervenção na abertura da Assembleia Geral da ONU em Outubro de 2013. E depois disso, as autoridades do Brasil recusaram-se a comprar caças Boeing.

Mas as denúncias não terminaram aí. E embora Snowden tenha afirmado que não tem consigo quaisquer documentos secretos, a publicação de materiais sensacionais continua. O amigo de Snowden, Glenn Greenwald, promete um novo lote de denúncias já para julho.

Os documentos ficarão acessíveis, tais como no sítio WikiLeaks. Por isso, os serviços secretos da América devem preparar-se para o pior. A data provável da publicação é 18-20 de julho, quando em Nova York tiver lugar uma conferência de hackers.

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