Não existe "nova política" - Blog A CRÍTICA

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sábado, 30 de agosto de 2014

Não existe "nova política"

Inflacionado no Brasil está o emprego da palavra "nova política", da candidata à presidência da república Marina Silva a tantos outros país afora, nova política é a maneira de se demonstrar que se tem uma outra via. Mas existe mesmo nova política?

Antes de mais nada é preciso que se diga de imediato que não existe nem nunca existirá uma "nova política", política  é uma só e ponto. O que querem dizer quando se referem a isso é uma nova forma de ocupar o poder no Estado moderno. No Brasil é comum relacionar política em absoluto com campanhas eleitorais, política é o que nós fazemos a cada minuto em contato com a cidade. E é claro que a forma pela qual se vence eleições no Brasil, os personalismos, os clientelismos e toda a imundície abre espaço para uma nova forma de abordagem eleitoral, é até necessária, a isso se pode ter como "nova política".

Política é o conceito grego antigo: as pessoas vivem em uma cidade e são ao mesmo tempo crias e criadores deste espaço. O que é política para Hannah Arendt, é um atuar, justamente pelo fato de não poder jamias ser algo que se tenha, passível de ser detido pelas mãos. Quando eu vou à praça buscar que se preservem os rios que cortam meu município estou fazendo política.

Por que a cidade brasileira é tão violenta? Porque a cidade é morta. No catolicismo cultural não há um atuar clássico de transformação da polis, há muito mais uma manutenção ou resgate de tradições. Nós somos antipolíticos, nós odiamos a polis, jogamos lixo em toda parte, sujamos nossos rios, esculhambamos nossas praças e entregamos o controle da polis a quem paga mais.

A polis americana é muito mais moralística e privada, o que não quer dizer que naquele país não haja política no sentido grego, assim como até mesmo no catolicismo cultural há naquela sociedade não é diferente, nós somos ocidentais e a busca pela liberdade é uma característica fundamental.

Nova política meramente eleitoral, que aliás nem nisso inova: continuam carros de som contaminando as cidades, papéis nas ruas, é mero palavreado dos festivais eleitorais brasileiros. O que se tem que entender é que os cidadãos precisam legislar nas suas casas, nas suas cidades. As cidades brasileiras são amadas num sentido propagandístico, mas nunca no sentido político.

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