O cristianismo é de direita ou de esquerda? - Blog A CRÍTICA

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quinta-feira, 4 de setembro de 2014

O cristianismo é de direita ou de esquerda?

Norberto Bobbio escreveu um livro para tentar demonstrar a permanência da dicotomia Direita x Esquerda no Ocidente e também para tentar fazer uma diferenciação, nesta obra ele chama a atenção para o fato de que uma pauta que em dado momento pode ser considerada de Direita em outro pode vir a ser de esquerda, e vice-versa.

Nietzsche tratou anarquismo, socialismo e cristianismo como "consciência de rebanho", umas decadências, aquilo que impede  a vontade de potência, dizia que não pode existir direitos onde todos são iguais. Isso poderia fazê-lo facilmente um escritor de direita, no entanto não o é, pelo menos na direita mais presente atualmente, tanto na América quanto na Europa. 

E o motivo é o relacionamento da Direita com um tipo de cristianismo, um cristianismo associado  no Brasil, por exemplo, Estado mínimo, com privatizações inclusive dos chamados setores estratégicos e redução da maioridade penal. É diferente do cristianismo primitivo, do cristianismo da teologia da libertação, um Deus mais ranzinza, uma interpretação da Bíblia feita com orientação absoluta.

A complexidade, difundida pelo pensador francês Edgar Morin, nos ajuda a fundamentar essas variações, na complexidade um dos temas-chave é "ecologia da ação", quando uma ideia toma rumos diversos do esperado quando chega ao mundo real, isso significa que qualquer teoria que tenha uma concepção absoluta de Mundo tende a se transformar, formar cegueiras e se controverter. Essa é a história do cristianismo, de uma seita marginal passa a religião oficial do Império Romano, em seguida passa a ter um poder terreno poderosíssimo, persegue milhares na inquisição depois de passar por uma reforma e hoje busca encontrar uma identificação com os pobres.

O cristianismo no Brasil mais influente politicamente neste momento é o da chamada "teologia da prosperidade", conduzido por influentes pastores midiáticos e que tem se tornado cada vez mais forte opositores das chamadas "causas progressistas".

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