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sábado, 18 de outubro de 2014

Dramática mudança do PIB global: China supera EUA e BRICS aproximam-se do G-7

O FMI publicou significativos dados que acentuam as tendências nos primeiros 10 lugares do PIB global medido pelo poder de compra: A China afasta os Estados Unidos (EUA) do primeiro lugar e os BRICS aproximam-se do G-7. 

Por Alfredo Jalife-Rahme

Hong-Kong manifestação pela democracia – Occupy Central, 1 de setembro de 2014 – Foto de Calvin YC/flickr










Na sua dramática Perspectiva econômica mundial, o FMI publicou significativos dados mas nada surpreendentes que acentuam as tendências nos primeiros 10 lugares do PIB global medido pelo poder de compra (Purchasing Power Parity: PPP): A China (17,6 trilhões de dólares) afasta os Estados Unidos (EUA) – 17.4 trilhões de dólares – do primeiro lugar (http://www.imf.org/external/pubs/ft/weo/2014/02/weodata/index.aspx) e os BRICS, dos mercados emergentes da incipiente ordem multipolar, aproximam-se do G-7, das oxidadas economias avançadas hoje paralisadas pelas suas dívidas impagáveis, como desenterra o demolidor ReporteGenebra (http://www.jornada.unam.mx/2014/10/01/opinion/022o1pol).
O FMI prevê que nos próximos cinco anos a China superará em 20 por cento o PIB dos EUA e aborda a diferença entre o poder de compra (PPP) e o menos usado PIB nominal que expressa a sua cotação em dólares (http://www.imf.org/external/pubs/ft/fandd/2007/03/basics.htm).
Digamos com a humildade do rigor, que eu já tinha previsto a ascensão irresistível tanto da China como dos BRICS em contraponto aos EUA e ao G-7 no meu livro “Rumo à desglobalização”(http://www.alfredojalife.com/hacia-la-desglobalizacion/)” de 2007, que foi premonitório e no meu outro livro “O híbrido mundo multipolar” (http://www.alfredojalife.com/el-hibrido-mundo-multipolarun-enfoque-multidimensional-2010/)” de 2010.
O ex-diretor do FMI, o franco-israelita Dominique Strauss-Kahn, tinha previsto que em 2015 a China afastaria os EUA do primeiro lugar, o que, provavelmente, lhe valeu a sua defenestração pela via erótica.
O dado mais espetacular é a irrupção da Indonésia no nono lugar, com 2,55 trilhões de dólares – o maior país islâmico do mundo com 254 milhões de habitantes– que afasta para um humilhante décimo lugar a Grã-Bretanha (GB: 2,43 trilhões de dólares), a outrora potência imperial de três séculos, hoje em aguda decadência.
Outro dado relevante – pouco publicitado, mas que repete o lugar do ano passado – é ostentado pela Índia, que ocupa um portentoso terceiro lugar (7,27 trilhões de dólares): antes do quarto e quinto lugares do Japão (4,78 trilhões) e da Alemanha (3,6 trilhões)!
A subestimada Índia acaba de brilhar com a colocação do seu satélite em Marte: façanha tecnológica que partilha com os EUA, a Rússia e a União Europeia.
Não há nada de novo sobre Rússia e Brasil, que ocupam respectivamente o sexto (3,55 trilhões de dólares) e sétimo lugar (3,07 trilhões), afastando a França para um penoso oitavo lugar (2,58 trilhões).
Quando a desinformadora mídia israelo-anglo-saxônica o consideravam derrotado, destaca-se, pelo contrário, que o quinteto BRICS (32,17 trilhões de dólares) se aproxima do G-7 (34,42 trilhões). Fenomenal!
A propósito, o relatório do FMI coloca negativamente o enfatuado “México neoliberal itamita1” no oitavo lugar... mas dos países mais endividados do mundo!
Os realistas britânicos do desinformador The Economist já se deram conta de que não é simples tentarem o insensato isolamento da Rússia, sexta potência geoeconómica com as quintas reservas de divisas globais, e exortam a “habituar-se à liderança da Rússia” (http://actualidad.rt.com/actualidad/view/142386-europa-rusia-ucrania-politica) que, na minha opinião, fornece o seu dissuasivo guarda-chuva nuclear aos BRICS.
Aos analistas oficiosos da China desagradou “o primeiro lugar no mundo” pois “estimar a verdadeira força da economia de um país é um assunto muito complicado” (http://english.peopledaily.com.cn/business/n/2014/1010/c90778-8792783.html).
Consideram que “o primeiro lugar no mundo” baseado unicamente no poder de compra não é persuasivo “quando o seu cálculo continua em aberto face à sua ampla má interpretação”.
Acontece o contrário quando se mede o PIB per capita da China pelo poder de compra: um patético 121º lugar, com 6 mil 629 dólares, ainda que 30 vezes maior do que o de 1980: 34 anos espantosos!
A China ainda fica longe do per capita dos EUA (51 mil 200 dólares), 15º lugar do mundo e primeiro do G-7, se descontarmos os quatro paraísos extra-territoriais fiscais/bélicos da Grã-Bretanha: Bermudas (quarto lugar: 86 mil dólares); Jersey (oitavo: 57 mil); as ocupadas ilhas Malvinas (décimo: 55 mil 400), e a Ilha de Man (décimo terceiro: 53 mil 800), deixando de lado os enclaves piratas britânicos de Guernsey (16º lugar), as ilhas Caimão (17) e Gibraltar (20) (https://www.cia.gov/library/publications/the-world-factbook/rankorder/2004rank.html?countryname=Qatar&countrycode=qa&regionCode=mde&rank=1#qa).
O desempenho dos BRICS medido pelo PIB per capita é ainda medíocre: Rússia (77º lugar: 18 mil e 100 dólares), Índia (169: 4 mil, pior que a China!), Brasil (105: 12 mil e 100) e África do Sul (108: 11 mil e 500).
O primeiro per capita do mundo é o Qatar (102 mil 100 dólares!), verdadeiro artefacto do gás, enquanto o “México neoliberal itamita” se afunda no 88º lugar com uns banais 15 mil e 600, atrás do minúsculo e pressionado Líbano (15 mil e 800).
Destaque-se que Macau (88 mil e 700 dólares) e Hong Kong (52 mil e 700) – ambos pertencentes à China dentro do esquema de “um país, dois sistemas” –, ostentam respetivamente os terceiro e décimo quinto lugares do ranking do PIB per capita.
Chama a atenção que os paraísos fiscais britânicos se encontrem entre os primeiros lugares mundiais do PIB per capita, o que denota a pirataria consubstancial do abutre modelo neoliberal global e dos seus espoliadores “derivados financeiros”.
Argumentam os analistas oficiosos chineses que ainda que a sua economia continue a crescer à taxa atual, “serão precisos pelo menos 35 anos (sic) para a China atingir o per capita dos EUA”, pelo que “é ridículo asseverar que o PIB da China supera o dos EUA”. Tudo é tão relativo…
Acrescentam que a China “se encontra desfasada a respeito de outros países no softpower económico”, já que “não é tão sofisticada como EUA, Japão, Alemanha, Grã-Bretanha, Israel e Coreia do Sul em inovação”. Terão descontado os seus enclaves paradisíacos de Macau e Hong Kong?
Argumentam persuasivamente que “o investimento em I&D em ciência e tecnologia é somente 60 por cento em relação ao dos EUA”, quando “existe uma imensa brecha entre a China e os EUA em termos de softpower” (nota: a cibertecnologia aplicada às finanças e os seus especulativos “derivados” cotados por “supercomputadores”).
As alegações dos oficiosos analistas da China estão parcialmente certas, já que no Índice de Desenvolvimento Financeiro do Fórum Económico Global de Davos (https://pt.scribd.com/doc/242576985/WEF-FinancialDevelopmentReport-2012-pdf), descontando o primeiro lugar de Hong Kong – que pertence soberana e cadastralmente à China –, as praças financeiras de Wall Street e a City de Londres ocupam o segundo e terceiro lugar no ranking global face ao 23º lugar da China e superam o resto dos BRICS: Rússia (39), Índia (40), Brasil (32) e África do Sul (28).
O 45º lugar do “México neoliberal itamita”, castrado “sem bancos de investimentos nacionais”, é atroz, apesar da sua alucinante miragem financeira de traço itamita.
Ainda que esperados, os dados dramáticos do FMI expõem o intervalo/intermezzo do declínio de um poder hegemónico (EUA) face à ascensão irresistível de uma nova potência (China) que avançará mais, conforme avançar o tempo, sem guerras pelo meio e medo (http://www.jornada.unam.mx/2014/10/08/opinion/022o1pol).
Artigo de Alfredo Jalife-Rahme (alfredojalife.com) publicado no jornal mexicano La Jornada a 12 de outubro de 2014. Tradução de Carlos Santos para esquerda.net

1 Referente ao ITAM – Instituto Tecnológico Autónomo do México, universidade privada do México. Os seus licenciados (popularmente conhecidos como itamitas) têm ocupado “os mais altos cargos de governo: secretários federais, senadores, embaixadores e até mesmo um presidente” (veres.wikipedia.org)- Nota do tradutor

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