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quarta-feira, 15 de outubro de 2014

México: Massacre de 43 estudantes provoca comoção nacional

Sucedem-se os protestos contra o massacre dos estudantes, praticado pela polícia e por um grupo mafioso na localidade de Ayotzinapa, estado de Guerrero.

Tomi Mori

No dia 8 foi realizado um grande protesto nacional com milhares de manifestantes saindo às ruas de praticamente todos os estados mexicanos para denunciar esse hediondo acontecimento.
No dia 8 foi realizado um grande protesto nacional com milhares de manifestantes saindo às ruas de praticamente todos os estados mexicanos para denunciar esse hediondo acontecimento.









O México vive uma grande comoção social desde que 43 estudantes da escola Normal Rural Isidro Burgos foram “desaparecidos” no dia 26 de setembro. Segundo relatou um dos sobreviventes do massacre, a polícia do município de Iguala, junto com membros do grupo criminoso Guerreros Unidos, disparou sobre os estudantes, que se encontram desaparecidos.
A escola Normal Rural Isidros Burgos está situada em Ayotzinapa, um vilarejo com menos de cem pessoas segundo o último censo, no Estado de Guerrero.
O “desaparecimento” dos estudantes é um eufemismo, já que a maioria crê que, após serem baleados, a polícia e os criminosos fizeram desaparecer os cadáveres.
Protesto nacional por Ayotzinapa
No dia 8 foi realizado um grande protesto nacional com milhares de manifestantes saindo às ruas de praticamente todos os estados mexicanos para denunciar esse hediondo acontecimento. Milhares de pessoas manifestaram-se na Cidade do México, bem como em outros estados como Oaxaca, Michoacan, San Luis Potosi, Veracruz e muitos outros.
Além das manifestações da capital, foram realizadas grandes protestos em Chipalcingo, capital de Guerrero, onde ocorreu o massacre. Em Chipalcingo, a população exige a demissão do governador Angel Aguirre Rivero e do prefeito da cidade de Iguala, José Luis Abarca. Segundo a imprensa de Guerrero, a esposa do presidente da câmara de Iguala é irmã de um dos dirigentes do grupo mafioso Guerreros Unidos que, junto com a policia, assassinou os estudantes.
No dia anterior, 7 de outubro, a policia comunitária de Guerrero, CRAC-PC (Coordenação Regional de Autoridades Comunitárias da Montaña e Costa Chica (Costa Pequena) – Polícia Comunitária, organizou um protesto com milhares de pessoas, polícias comunitários e populares, exigindo a renúncia do governador Aguirre e do presidente Abarca, e denunciando o narco-estado governado pelo presidente Enrique Peña Nieto. Também exigem que sejam processados politicamente pela responsabilidade no massacre.
A comoção também se fez presente no sul do México, onde o EZLN (Exército Zapatista de Libertação Nacional) organizou uma massiva procissão silenciosa que percorreu as ruas da cidade de San Bartolomeu de las Casas, bastião zapatista no estado de Chiapas.
Os zapatistas estavam vestidos a rigor, com seus gorros negros, lenços vermelhos amarrados ao pescoço. Na imponente procissão participaram os indígenas de Chiapas, camponeses, mulheres e estudantes. Os manifestantes levavam dezenas de cartazes onde se lia: “Não estão sós. A sua raiva também é a nossa”, “Mais nenhum massacre contra os normalistas”, “Para que a cor do sangue nunca seja esquecida.”, “Chiapas levanta-se” e “Todos somos Ayotzinapa”.
Foram realizadas manifestações noutros países, como a de Nova York e Madrid em solidariedade ao povo mexicano.
Impunidade e violência
O ataque aos estudantes junta-se à impunidade e à violência que se tem intensificado desde que o atual presidente Peña Nieto subiu ao poder. Ainda que o México seja considerado uma democracia, o presidente atuou com as mesmas armas utilizadas pelas ditaduras.
Já há mais de um ano, Nestora Salgado, dirigente da Polícia Comunitária de Guerrero, encontra-se presa na prisão de alta segurança em Nayarit, mantida em prisão solitária. São centenas de ativistas que estão nas prisões de Peña Nieto, como o líder das autodefesas, Doutor Mireles, que se levantou em armas para se defender dos narcotraficantes. Prisões e assassinatos têm sido os métodos utilizados pelo atual governo. O governo de Peña Nieto é acusado de estar envolvido com os narcotraficantes que penetraram em todas as esferas do tecido social mexicano nos últimos anos.
Moções de solidariedade ou cartas aos presos políticos, como Nestora Salgado ou Doutor Mireles, podem ser enviadas ao e-mail: freenestora@gmail.com, e são de fundamental importância para demonstrar a solidariedade aos prisioneiros.

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