O maior desafio para o Brasil são as cidades, principalmente as pequenas, e que são inúmeras, nos interiores de um território gigante. Isso já tinha visto muito bem o Ministro da Casa Civil de Juscelino, Ministro do STF, Doutor em Ciências Sociais e Jornalista Vítor Nunes Leal, em seu clássico Coronelismo: Enxada e Voto Leal inicia, justamente, discutindo uma lei do Império que havia instituído uma tentativa de organizar as municípios e ao longo da obra vai falar em amesquinhamento das municipalidades.
Os prefeitos são colocados numa hierarquia de trocas de favores e como são do "sistema" o aceitam tacitamente; os vereadores geralmente são utilizadores da fraqueza político-cultural dos "cidadãos", bem ao estilo de Joseph de Maistre quando dizia que "nas eleições vencem os políticos que dizem o que o povo quer e não o que (povo) precisa ouvir".
Portanto, a ponta mais fraca da estrutura federativa brasileira, por incrível que possa parecer, é a que mais emperra a evolução político-social do país. Faça uma pesquisa a respeito da vida dos vereadores brasileiros, como funcionam as câmaras municipais, que debates realizam as cidades, são raras as exceções.
Vivo em uma cidade onde da Câmara se espere tudo inclusive nada, um Centro Acadêmico têm mais possibilidades de realizar debates do que aquilo lá, pagando salários vultuosos e empregando um rebanho de puxa-sacos para distribuir exames burlando a fila do SUS, às vezes até trapaceando quem acredita no favor.
Quem governa os municípios são os piores, que querem as cidades depravadas nos quesitos da cidadania; claro que pintam praças, fazem obras bonitinhas, principalmente agora na Modernidade digital. Mas o conteúdo continua péssimo, o conteúdo são os cidadãos.
Vivemos nas cidades, elas são os espaços públicos por essência, nelas que as pessoas organizam suas vidas, nelas sentem os problemas; é um espaço de debate por natureza, não é espaço para favores e sim para construção coletiva.
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