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terça-feira, 9 de dezembro de 2014

OCDE: Desigualdade nunca foi tão grande nos países ricos

Relatório mostra que o aumento da desigualdade afeta negativamente as economias dos países membros, tendo custado mais de 10 pontos percentuais do crescimento econômico no México e na Nova Zelândia. Políticas redistributivas não prejudicam o crescimento econômico, afirma a entidade.

A desigualdade entre ricos e pobres alcançou o seu maior nível em 30 anos, nos países da OCDE, uma tendência que tem prejudicado o crescimento econômico, aponta o novo relatório que abrange os seus 34 países-membros.

"Hoje, os 10% da população mais rica da OCDE ganha 9,5 vezes o rendimento dos 10% mais pobres; em 1980 esta relação era de 7 para 1 e tem aumentado continuamente desde então", afirma a entidade.

A OCDE integra países desenvolvidos e em desenvolvimento, incluindo membros da União Europeia, os Estados Unidos, Turquia, México e Japão. A China, o Brasil e a Índia não integram a organização.

Nas décadas anteriores à crise econômica mundial, o rendimento médio das famílias cresceu em todos os países da OCDE cerca de 1,6% ao ano. "No entanto, em três quartos das famílias que estão entre as 10% mais ricas dos países da OCDE os rendimentos cresceram mais rapidamente do que os das 10% mais pobres, resultando num aumento da desigualdade de rendimento", diz o relatório.

A relação do rendimento médio entre os 10% mais ricos e os 10% mais pobres “chega a cerca de 10 para 1 na Itália, Japão, Coreia do Sul, Portugal e Reino Unido; 13 a 16 para 1 na Grécia, Israel, Turquia e Estados Unidos, e 27 a 30 para 1 no México e no Chile".

Na Alemanha, a distância entre ricos e pobres também vem aumentando desde meados dos anos 1980. Os 10% mais ricos do país ganhavam, então, cinco vezes mais do que os 10% mais pobres. Agora, os 10% mais ricos ganham sete vezes mais.

Desigualdade e distribuição de rendimento

O relatório argumenta que o aumento da desigualdade afeta negativamente as economias dos países membros, tendo custado mais de 10 pontos percentuais do crescimento econômico no México e na Nova Zelândia. "Nos Estados Unidos, Reino Unido, Suécia, Finlândia e Noruega, a taxa de crescimento teria sido mais de um quinto maior, se as disparidades de renda não tivessem sido ampliadas", diz o estudo.

Ao mesmo tempo, de acordo com estimativas da OCDE, uma maior igualdade ajudou a aumentar o PIB per capita de Espanha, França e Irlanda, antes da crise econômica. O relatório pede que sejam adotados programas de combate à pobreza, assim como uma melhoria no acesso à educação de alta qualidade, formação profissional e saúde.

"O estudo também não encontrou evidências de que as políticas redistributivas, como impostos e benefícios sociais, prejudiquem o crescimento econômico, desde que essas políticas sejam bem planeadas, direcionadas e implementadas", afirmou a OCDE, no comunicado que acompanhou a divulgação do relatório.

"A nossa análise mostra que só podemos esperar crescimento forte e duradouro se fizemos algo para combater a grande e crescente desigualdade", argumentou o secretário-geral da OCDE, Anjo Gurria.

Resultados escolares

Segundo a OCDE, o impacto negativo das desigualdades sobre o crescimento decorre do hiato que separa os 40% com rendimento mais modesto do restante da população. Os salários baixos limitam o investimento das famílias em educação, comprometendo a mobilidade social e o desenvolvimento das competências individuais. Para a OCDE, os resultados escolares dos filhos de pais pouco instruídos deteriora-se à medida em que as desigualdades de rendimento são mais pronunciadas. O relatório considera válido utilizar os impostos e mecanismos de distribuição de rendimento para combater as desigualdades, sem prejuízo ao crescimento.

Esquerda.net

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