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sexta-feira, 13 de março de 2015

Da hiperinflação ao apagão fiscal

por Wagner Torres

O debate que deveria pautar hoje as discussões econômicas é que antes do Plano Real a inflação beirava 5.000% ao ano, entretanto o crescimento do PIB potencial era de 4,5% a.a em razão de uma carga tributária de 24% do PIB, Passivo Externo de US$ 200 bilhões, volume de importação de US$ 10 bilhões, dívida externa de US$ 148,3 bilhões, dívida pública bruta de R$ 200 bilhões (30% do PIB) em 1994.
Assim, em 2014 a carga tributária deve ter alcançado 38% do PIB, Passivo Externo de US$ 1,575 trilhão, volume de importação de US$ 229 bilhões, dívida externa de US$ 348,7 bilhões, dívida pública bruta interna e externa de R$ 3,392 bilhões (66,23% do PIB). Ressalta-se que estes dados são baseados na própria estimativa do Banco Central, ou seja, antes da turbinada dada ao PIB pelo IBGE.
Ou seja, evidencia-se uma convulsão social via revolta das classes médias e pobres, pois a carga tributaria recai quase exclusivamente sobre elas quando se compara que os milionários e bilionários ampliaram sua riqueza financeira via financiamento da dívida pública; greve de caminhoneiros que tiveram impactos significativos na produção da riqueza real; jovens que sonharam em se tornarem universitários, mas diante da crise da arrecadação o sonho se torna cada vez mais um pesadelo; Universidades Federais centro de desenvolvimento de conhecimento fechadas, pois não tem recursos, colapso dos sistemas públicos de educação e de saúde; médicos explorados pelo sistema privado de saúde dado o alto gasto com despesas hospitalares e etc.
Assim, evidencia-se ausência total de recursos para financiar as áreas de Educação, Saúde, Segurança e Infra-Estrutura em razão de uma política macroeconômica estruturalista do subdesenvolvimento econômico via uma gigantesca insustentabilidade da política fiscal combinada a necessidade constante do Banco Central se utilizar de instrumentos via alta taxa de juro real e câmbio e o reflexo foi um transferência para o exterior no volume de serviços e rendas e volume de importações no montante de US$ 3,149 trilhões de 1994 a 2014.
Entretanto com a crise mundial o efeito foi devastador, pois de 2006 a 2014 o montante foi de US$ 2,210 trilhões reflexo da combinação da explosão do crédito em % do PIB, irresponsabilidade fiscal (somente do Tesouro Nacional a despesa total exceto despesa de juros teve um crescimento de 43,5% ante um incremento da receita de 23,5% de 2014 a 2011) e o efeito do populismo cambial para segurar a farsa da meta de inflação no teto de 6,5% com a gestão temerária via as operações de swaps cambiais.
Assim, na década de 80 o brasileiro sofria o impacto da hiperinflação e em 2015 vivemos a era do apagão fiscal (reduzido crescimento das receitas dos governos federal e estaduais) e o reflexo é o abismo fiscal (ausência de recursos para financiamento das áreas de Educação, Saúde, Segurança e Infraestrutura) e 3.450 municípios altamente dependentes dos recursos dos governos federal e estaduais a beira de um colapso social. E uma redução real no padrão de vida do brasileiro com a realidade de um dólar a R$ 3,20 dada a fragilidade das contas externas e fiscais.
E o pior com o atual cenário de baixo crescimento da receita combinada a ausência de mecanismo de redução do gasto público dificilmente o país voltará a crescer no médio prazo e sem nada for feito para acabar com essa insustentabilidade da política fiscal será mais uma década perdida e milhões de brasileiros terão que perder o emprego, pois os rentistas nacionais e internacionais em nome da farsa do superávit primário querem abocanhar sua parte da riqueza.
Ou seja, o reflexo do Congresso Nacional, símbolo da corrupção como dizia o saudoso Cazuza, resulta no pensamento da nossa elite financeira no sentido de construir um país que ano a ano se reflete em 57 mil assassinatos, entretanto ela continua cada vez mais desfrutando da realidade de um Brasil Rico para Poucos, pois neste momento de crise econômica ganha com a especulação com o dólar e com o financiamento da dívida pública que é e sempre foi a maior geração dinâmica de crescimento de riqueza da elite no Brasil.

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