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sexta-feira, 20 de março de 2015

Isil pode ter cometido genocídio e crimes de guerra, segundo relatório da ONU

Escritório de Direitos Humanos divulgou documento esta quinta-feira e cita série de violações contra grupos étnicos e religiosos; investigadores ouviram testemunhas e relataram estupros a meninas yazidi de seis anos de idade.
Foto: Ocha/Iason Athanasiadis (arquivo)
Leda Letra, da Rádio ONU em Nova York.
O Estado Islâmico do Iraque e do Levante, Isil, pode ter cometido os três crimes internacionais mais sérios que existem: crimes de guerra, contra a humanidade e genocídio, segundo um relatório divulgado pela ONU esta quinta-feira.
O Escritório de Direitos Humanos compilou o documento após investigadores terem sido enviados à região. O grupo ouviu mais de 100 pessoas que testemunharam ou sobreviveram a ataques do Isil entre junho do ano passado e fevereiro.
Yazidis
O relatório cita diversas violações cometidas pelo Isil contra grupos étnicos e religiosos no Iraque, além de assassinatos, tortura, estupros, escravidão sexual, conversas religiosas forçadas e recrutamento de crianças.
Segundo o Escritório de Direitos Humanos, os ataques a yazidis "mostram a intenção do Isil de destruí-los como grupo, sugerindo que o Estado Islâmico possa ter cometido genocídio".
Há relatos de homens e meninos de até 14 anos que levaram tiros do Isil, enquanto as mulheres foram raptadas. O relatório diz que alguns vilarejos foram totalmente esvaziados.
Estupros
Algumas meninas e mulheres yazidi que conseguiram escapar do cativeiro descreveram terem sido vendidas ou oferecidas como "presentes" a integrantes do Isil. Testemunhas ouviram meninas de seis e nove anos de idade gritar por socorro enquanto eram estupradas por combatentes do Estado Islâmico.
Uma grávida que foi estuprada diversas vezes por um suposto "médico" do Isil durante um período de dois meses e meio, contou que o homem sentou em sua barriga e declarou que o bebê deveria morrer por que era "infiel", mas sugeriu que a criança poderia se tornar islâmica.
Religião
Garotos entre oito e 15 anos de idade contaram que foram separados de suas famílias e levados a alguns locais no Iraque e na Síria. Eles foram forçados a se converter ao islamismo e sujeitos a treinamento militar.
O relatório destaca ainda que o Isil também realizou ações "cruéis" contra cristãos, curdistãos, xiitas e turcomenistãos. Em junho, milhares de cristãos abandonaram suas casas após o grupo os obrigar a se converterem ao islamismo, pagar uma multa ou sair de casa.
Também em junho, 600 homens que estavam na prisão de Badoush, a maioria xiita, foram levados de caminhão a um desfiladeiro e depois, baleados pelo Isil. Sobreviventes contaram aos investigadores da ONU que foram salvos porque outros corpos caíram por cima deles.
Forças de Segurança
Pessoas ligadas ao governo iraquiano também foram alvo da violência. Até 1,7 mil cadetes de uma base militar teriam sido massacrados pelo Isil no dia 12 de junho. As investigações do governo sobre o incidente ainda precisam se tornar públicas.
A equipe responsável pelo relatório também recebeu informações "de várias fontes sobre alegações de que as Forças de Segurança Iraquianas e milícias afiliadas teriam também cometido sérias violações de direitos humanos durante operações contra o Isil".
Justiça
Foram relatados casos de incêndio num local onde havia prisioneiros sunitas, pessoas torturadas, sunitas baleados e forçados a deixar suas casas. Segundo o documento, membros da Força de Segurança foram responsáveis por assassinatos, tortura, raptos e desaparecimentos forçados, muitas vezes sem punição e por isso, também podem ter cometido crimes de guerra.
O documento do Escritório de Direitos Humanos da ONU pede ao governo iraquiano para investigar todos os crimes descritos no relatório e levar os responsáveis à justiça.
É feito também um pedido ao Conselho de Direitos Humanos, para que lide com as informações que apontam para genocídio, crimes contra a humanidade e crimes de guerra e apele ao Conselho de Segurança para que considere enviar o caso do Iraque ao Tribunal Penal Internacional.

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