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domingo, 12 de abril de 2015

A música predominante atualmente não é música

O oposto do real sentido da música, o ir para o interno é descartado, se quer o sair para fora. Quando os aedos nos poemas épicos de Homero conta suas histórias o herói geralmente se emociona. Os nossos cantadores populares, uma tradição que remete aos tempos gregos, herdada pelos trovadores ibéricos, são experts na arte  de compor com as emoções e o verdejar dos sertões.

Luiz Rodrigues

Uma das características mais marcantes de nosso tempo é uma música; a com mais expressividade nos canais midiáticos e, portanto, mais presente na vida das sociedades; é uma música sem o conteúdo emocional, poético-reflexivo, de nossas emoções.

A música se aliara da poesia, da contemplação dos vales, das feiras, dos festivais, do amor, enfim das paisagens que cercam o homem com relação ao natural e para consigo mesmo, para transmitir emoções dos poetas para  as outras pessoas, estas sentem suas vidas nos versos do inspirado compositor.

Hoje a música continua com o mesmo valor, não adianta dizer que não há mais música, há sim um "movimento" que joga a música-poesia-contemplação para escanteio; se quer ter presente uma sonorização que estimule o extravasamento, somos solitários perseguidores de drogas sonoras.

O oposto do real sentido da música, o ir para o interno é descartado, se quer o sair para fora. Quando os aedos nos poemas épicos de Homero conta suas histórias o herói geralmente se emociona. Os nossos cantadores populares, uma tradição que remete aos tempos gregos, herdada pelos trovadores ibéricos, são experts na arte  de compor com as emoções e o verdejar dos sertões. O cantador tinha uma mística, veja José Lins do Rego em Os Cangaceiros, esta figura sendo recebida com encantamento e superstições em torno de si.

O que temos hoje, os Aviões do Forró, Luan Santana et al.; são devaneios sonoros incutindo em espíritos idolatrias vazias de qualquer sentido poético. Conta mesmo as fortunas que constroem, a depravação dos dizeres, etc.

O sociólogo Bauman em A Cultura na Era do Consumo nos lembra que hoje não há elitismo cultural, ou seja, não há produção destinada a tal público  de determinada camada social, o que pode ser visto como algo esplendoroso e, de fato o é. No entanto, Bauman conceitua o que chama de cultura líquida, o que não seria cultura, cultura, conforme Câmara Cascudo remete a agricultura, algo fixo, uma cultura líquida seria mais adequadamente moda, no sentido weberiano.

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