Acordo internacional sobre programa nuclear do Irã - Blog A CRÍTICA

"Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados." (Millôr Fernandes)

Últimas

Post Top Ad

sexta-feira, 3 de abril de 2015

Acordo internacional sobre programa nuclear do Irã

Em Lausanne, representantes do Irão e do chamado grupo P5+1 (EUA, China, Rússia, Reino Unido, França e Alemanha) chegam a um entendimento para limitar o programa nuclear iraniano em troca do fim das sanções. Barack Obama diz que o acordo é bom, mas Benjamin Netanyahu considera-o “uma ameaça à existência de Israel”. Iranianos comemoram nas ruas.

Esquerda.net
O Irã, os Estados Unidos e outras cinco potências anunciaram nesta quinta-feira os primeiros passos para um acordo sobre o programa nuclear iraniano, cujos pormenores serão ainda discutidos nos próximos três meses.
A chefe de política externa da União Europeia, Federica Mogherini, leu um comunicado conjunto assinado pelo Irã e pelo chamado grupo P5+1 (EUA, China, Rússia, Reino Unido, França e Alemanha) onde se afirma que foi dado "um passo decisivo" depois de mais de uma década de debates sobre o programa nuclear de Teerã. O anúncio oficial do acordo está previsto para 30 de junho deste ano.
Obama: acordo é bom
Em pronunciamento pouco depois do anúncio, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse que o acordo é bom e “cumpre os nossos objetivos principais”.
“A estrutura (do acordo) deve extinguir qualquer caminho que possa ser tomado pelo Irã para desenvolver armas nucleares”, disse Obama. “O Irã enfrentará limitações no seu programa e concordou com as inspeções (internacionais) mais robustas e intrusivas já negociadas em qualquer programa nuclear da história. Desta forma, o acordo não será baseado na confiança, mas em verificações sem precedentes.”
Por seu lado, o Presidente do Irã, Hassan Rouhani, escreveu numa mensagem publicada no Twitter que “Foram encontradas soluções para [resolver] todos os parâmetros chave do dossier nuclear. A redação de um acordo final vai começar imediatamente, e ficará concluída até 30 de Junho”.
Os Estados Unidos e a União Europeia vão suspender todas as sanções diretamente ligadas à questão nuclear depois de os observadores da Agência Internacional para a Energia Atômica (AIEA) verificarem o cumprimento dos passos aceites pelo Irã para reduzir a sua atividade nuclear. O levantamento será gradual e as sanções serão restabelecidas se os inspetores constatarem que os critérios não estão a ser observados.
Principais pontos do acordo
O Irã comprometeu-se a não construir qualquer nova unidade para o enriquecimento de urânio nos próximos 15 anos, e aceitou limitar o número de centrifugadoras ativas das atuais 19 mil para seis mil nos próximos dez anos, operando apenas 5000.
Além disso, o Irã reduzirá o seu stock de urânio de baixo enriquecimento e não haverá enriquecimento na instalação subterrânea de Fordow por cerca de 15 anos. Teerã será obrigado a conceder acesso aos inspetores da AIEA para investigar locais suspeitos ou atividades clandestinas suspeitas em qualquer lugar do país.
Por outro lado, o reator de água pesada em Arak, que muitos temiam poder fornecer ao Irão condições para converter urânio em plutônio – para uma potencial bomba – será reconstruído de forma a não poder produzir plutônio.
Algumas destas restrições ficarão em vigor por 10 anos e, algumas, por 15.
Em contrapartida, as sanções dos EUA e da União Europeia relacionadas ao programa nuclear serão suspensas; o Irã não terá de fechar completamente nenhuma de suas instalações nucleares; e após o fim das sanções, o país sairá com a base de uma significativa indústria nuclear.
Entendimento sólido
“Este é um grande dia”, congratulou-se John Kerry, que segundo fontes próximas recusava absolutamente sair de Lausanne sem chegar a um acordo. “O entendimento que alcançamos é uma sólida fundação para o acordo que procuramos”, defendeu, reconhecendo que ainda persistem “muitos detalhes técnicos e várias outras questões a ser trabalhadas”.
O ministro francês dos Negócios Estrangeiros, Laurent Fabius, também lembrou que ainda permanecem aspectos para resolver na negociação técnica. Mas considerou o entendimento como “um primeiro passo muito importante e positivo”.
Irã comemora, Israel denuncia
Centenas de iranianos comemoraram o acordo esta sexta-feira nas ruas de Teerã. Os festejos concentraram-se na Avenida Vali Asr, que atravessa a capital iraniana de sul a norte. As pessoas cantavam, dançavam, clamavam vitória e acenavam com lenços brancos, segundo a agência France Presse.
“Agora vamos poder viver normalmente como o resto do mundo”, disse um manifestante à AFP.
Já o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, transmitiu as suas preocupações a Barack Obama por telefone, afirmando que o acordo “é uma ameaça à existência de Israel”.
Fontes governamentais israelitas, citadas pelo jornal Haaretz, qualificaram o acordo como um “erro histórico que transforma o mundo num lugar muito mais perigoso”. Segundo essas fontes, o acordo “dá legitimidade internacional ao programa nuclear iraniano”, que “não tem a paz como objetivo, mas a guerra”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Post Bottom Ad

Pages