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sábado, 4 de julho de 2015

Estados Unidos humilha UE e também quer cortes na dívida grega

Por Marco Antonio Moreno

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A filtração do relatório do FMI sobre a Grécia que Christine Lagarde queria esconder tem chocado o mundo. Como nós informou ontem Onésimo, o documento do FMI faz uma avaliação bastante sombria da economia grega, devastada com as políticas da troika. A Grécia tem agora um nível de endividamento que é insustentável e que nem a crescer a taxas de 4 por cento ao ano durante uma década pode aliviar. A dívida pública da Grécia escapou das mão e cruzou a ponto de não retorno após medidas draconianas implementadas pela Troika e foram aplicadas sem considerar as consequências para os governos de George Papandreou, Lukas Papademos e Antonis Samaras. O relatório do FMI divulgado três dias antes do referendo grego é a nova dor de cabeça de Angela Merkel, Wolfgang Schäuble e Martin Schultz, que na semana passada expulsaram da reunião de ministros das Finanças da UE Yanis Varoufakis, o representante grego, por rejeitar categoricamente continuar com a receita de austeridade. Agora Schultz, Merkel e Schäuble devem ter noites de pesadelos. O pesadelo de ter que fazer o que tanto tempo foi negado: Aplicar cortes da dívida grega que a troika tem evitado por cinco anos. 

Durante algum tempo, os Estados Unidos está pedindo a Europa que a zona euro deve assumir cortes da dívida grega. Para Washington é crucial a importância geopolítica da Grécia, no eixo da OTAN, e problemas de dívida são procedimentos contábeis simples. Por isso os Estados Unidos pressionou para o relatório do FMI se tornar público. Com este manifesto não só a favor da remoção da dívida coloca pressão sobre a UE a encontrar uma solução rápida para o drama grego. O relatório do FMI, que foi bloqueada pelos líderes da troika indica que a Grécia precisa de 60 bilhões ao longo dos próximos três anos e que a dívida grega exige remoção substancial. Os Estados Unidos exortam a UE, dois dias antes do referendo grego, fazer tabula rasa com a dívida grega.

A estratégia geopolítica dos Estados Unidos tem sido conhecida há algum tempo. Percebemos aqui e aqui . Para os Estados Unidos seria impróprio  a Grécia sair do euro e cair sob o abrigo da Rússia ou China. O perigo que ele vê nisto é que a Rússia poderia instalar uma plataforma de lançamento de mísseis na Europa, ou a China assumir portos gregos, ligados ao resto da Europa. Pela Grécia também poderia fluir gás russo bombeado através de tubos na Ucrânia. Washington vê essas possíveis ações, ameaças reais à sua hegemonia ocidental.
Retirar 30 por cento da dívida grega
Mas agora o relatório do FMI que incentiva nova centelha da geopolítica americana e limpa a cena. A Grécia deve ser resgatada sim e a dívida ter um desconto de pelo menos 30 por cento que a Europa tem se esquivado em tediosas jornadas de burocratização da crise. A análise do FMI, que Christine Lagarde, tentou desaparecer, confirma o fracasso das políticas de austeridade implementadas pela troika e como esses planos têm arrastado a Grécia na recessão. O relatório do FMI concorda plenamente com a opinião do ministro das Finanças grego Yanis Varoufakis, expulso por Wolfgang Schäuble da reunião de ministros das Finanças da UE na reunião da semana passada. Antes da reunião Varoufakis anunciou que não aceitaria compromissos falsos, como era impossível cumprir a tônica com os compromissos dos governos anteriores.
Com o relatório do FMI, a crise da dívida tomou um rumo dramático. A análise indica que os problemas da Grécia são muito mais elevados do que aqueles que foram avisados, e que não tem capacidade para pagar a dívida. A dívida aumentou de 97 por cento do PIB antes da crise, a 175 por cento atualmente pelas más políticas concebidas pela troika que primeiro resgatou os bancos com as arcas dos cofres públicos e, em seguida, exigiu o pagamento de juros onerosa. O FMI emprestou à Grécia € 30 bilhões em maio de 2010 e então com 28 bilhões de euros em 2012. A Grécia deve, até à data, 21 bilhões € ao FMI, e o pagamento de 1.5 bilhões de euros que expirou em 30 de junho, correspondia a uma quota de interesse.
A informação causou consternação na Alemanha, demonstrando as manobras escuras feitas por líderes da troika. Mas também leva à amarga constatação que os países da UE têm uma informação tendenciosa e pouco transparente, uma vez que a crise se lhes escapou das mãos das instituições e tomou uma maneira fora de controle. A Europa tem de suportar o retumbante NÃO amanhã que dará o povo grego, e precisa saber como lidar ao cortar 360 bilhões € devidos a Grécia. Políticas de desastres e mentiras da UE, do FMI e da CE não só afundou a Grécia, mas também ameaçam envolver toda a Europa. Angela Merkel, Christine Lagarde e Wolfgang Schäuble, não podem continuar escondendo a sujeira debaixo do tapete.

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