Luiz Rodrigues - editor Blog A CRÍTICA
Para o historiador econômico David Landes, na história da humanidade não há povo ou etnia inocente, o que se sente superior não hesita em dominar. Mas há discursos vitimistas e carregados de ressentimento, como o que marca a América perante a colonização europeia durante o século XX, europeus maus povos originários vítimas e não genes egoístas da mesma natureza com forças técnicas diferentes. Landes comparou as comemorações da chegada de Colombo às América em 1892 e em 1992, na primeira comemorações, na segunda uma mudança total para o ressentimento e julgamento da história.
No mundo dos atentados terroristas existe o discurso de culpa do Ocidente pela ascensão do terrorismo e do fundamentalismo islâmico, a culpa é um elemento tradicional-religioso e subverte a própria lógica racional do mundo moderno ocidental, certamente, deve haver responsabilidade, já que existe ação; mas a própria história do Ocidente mudou justamente com a expulsão dos árabes da Península Ibéria e a ascensão dos Reinos de Portugal e Espanha.
Se a Europa não fosse superior tecnicamente ao mundo Árabe este não hesitaria em dominá-la, assim como os Maias ou os astecas. O que resta claro, no entanto, é que o Ocidente nunca poderá resolver os problemas políticos dos países do Mundo Árabe ou como os Estados Unidos nunca resolveram nem resolverão os da América Latina.
O Estado Islâmico, coincidentemente, também tem um fundamento de juiz da história, aliás, pelo barbarismo, vingador: pretende restabelecer os domínios árabes prevalecentes até o Século XIV quando chegava a Portugal (ver mapa abaixo) e restabelecer o Império Otomano findo após o final da Primeira Guerra Mundial.
Neste "conflito" o Islã não se compara com o cristianismo, mas sim com a Democracia Ocidental (veja os pronunciamentos dos líderes árabes no documentário Charges Sangrentas abaixo) e aí reside o fundamento da questão divisora de mundos: o Islã quando se compara com a Democracia assume a postura de contrariar a noção Ocidental de política dissociada da religião, considerando a laicidade uma blasfêmia.
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